Ovibeja ultrapassa «largamente o número de visitantes» e aumenta as receitas de bilheteira

Auditório interior foi aposta ganha, considera Rui Garrido

A 38ª edição da Ovibeja, que ontem terminou em Beja, ultrapassou «largamente o número de visitantes e a bilheteira», revelou Rui Garrido, presidente da direção da ACOS – Associação de Agricultores do Sul, entidade promotora, numa entrevista de balanço final da feira.

Segundo este responsável, que falava quando ainda não estavam apurados os números do último dia, esse aumento de visitantes e de receitas de bilheteira é bom, «primeiro, porque podemos ajudar mais o povo desfavorecido da Ucrânia [1% da receita de bilheteira vai ser doado a favor do povo ucraniano, a entregar a uma instituição por indicação da embaixada da Ucrânia], depois, porque nos ajuda a nossa tesouraria, porque esta Ovibeja teve custos muito superiores aos de há três anos».

«Voltar a fazer a Ovibeja presencial, depois do interregno da pandemia, trouxe uma gratificação para todos os que nela participaram. Esta edição superou de forma expressiva o número de visitantes das últimas edições, tendo recebido a visita de pessoas de todo o país e também do estrangeiro. As pessoas estavam cheias de saudades da Ovibeja», garantiu o presidente da Comissão Organizadora da Ovibeja. «A Ovibeja é de todos nós. A grandiosidade da feira deve-se ao empenho e ao contributo de todos».

Fazendo um primeiro balanço, Rui Garrido acrescentou que «algumas alterações que fizemos resultaram», nomeadamente o «auditório novo dentro da feira», no Pavilhão Terra Fértil: «as coisas passam-se todas aqui dentro, não temos de sair e depois voltar a entrar na feira. O auditório ficou muito bem e resultou, é uma aposta para continuar em futuras edições».

Também a exposição interativa sobre o tema genérico da feira – “Como Alimentar o Planeta” – ficou, na opinião do principal responsável da organização, «muito bem, muito digna».

Rui Garrido manifestou ainda a sua satisfação pelo facto de o pavilhão Sabores da Terra Fértil, onde estão os queijos, os vinhos, os enchidos, ter estado cheio, assim como o chamado campo da feira, que teve «mais espaço de exposição e mais empresas». «É uma batalha que finalmente está ganha, porque nem sempre tivemos uma exposição de tratores e máquinas agríciolas como a deste ano», sublinhou.

 

Rui Garrido com o Presidente da República, na visita à Ovibeja 2022

O presidente da comissão organizadora fez igualmente questão de sublinhar o «conjunto de conferências e colóquios com muita qualidade, mas também com muita assistência». Houve mesmo «muita gente de fora que veio de propósito à Ovibeja para assistir aos colóquios», garantiu.

Depois, houve o desafio feito aos vários centros de competências representativos dos diferentes setores de atividade agrícola e pecuária do Alentejo: «tivemos aqui o regadio, as novas tecnologias, o porco alentejano, o pastoreio extensivo, alterações climáticas, dos frutos secos, pecuária e a sua sustentabilidade», enumerou.

«Debatemos aqui, nesta Ovibeja, um conjunto de temas muito importantes, refletindo sobre os vários tipos de agricultura, todos eles necessários. Se queremos alimentar o planeta, temos de ter agricultiura mais extensiva e agricultura mais intensiva. Não temos de ter medo de falar de regadio e de agricultura intensiva. Naturalmente, quanto mais intensificarmos, maiores serão as nossas preocupações em termos de sustentabilidade», defendeu Rui Garrido.

Para aquele responsável, além da qualidade do debate e da diversificação das áreas, «a questão dos centros de competências também é muito importante por outra razão: é que, nos centros de competências, juntamos as universidades, os centros de investigação, os politécnicos, ou seja, a investigação em geral, com a produção. Só com este casamento é que isto resultará».

«À medida em que vamos ter de produzir mais alimentos com os mesmos meios ou com menos meios, à medida que vamos ter de aproveitar melhor os recursos que temos, precisamos da investigação e da ciência para nos ajudar», acrescentou Rui Garrido.

 

Rui Garrido com a ministra da Agricultura, na abertura da Ovibeja

Na hora do balanço, o presidente da ACOS deixou duas críticas: a primeira, à ausência do primeiro-ministro. Ao longo dos cinco dias da feira, passaram pelo certame diversos líderes políticos, deputados e governantes, bem como o Presidente da República, mas António Costa voltou a não estar presente.

«Agora que tem um mandato para quatro anos, porque é que não veio à Ovibeja? Não sei se não gosta da Ovibeja, se não gosta da zona de Beja, o que é um facto é que ele, mais um ano, não veio!», criticou.

A segunda crítica foi dirigida ao Ministério da Agricultura que, «desde há dezenas de anos vinha à Ovibeja, desta vez não está cá. Estão apenas o IFAP e o PDR».

Quanto à visita da ministra da Agricultura, no primeiro dia do certame, Rui Garrido disse que Maria do Céu Antunes «foi simpática connosco, veio fechar o colóquio do regadio e teve a preocupação de dizer que algumas das medidas anunciadas eram paliativos. E de facto são! Nomeadamente aquelas medidas relativa ao IVA e à antecipação das ajudas, naturalmente que vão ajudar a tesouraria dos agricultores, mas são paliativos». Como novidade, a ministra anunciou que vai haver uma ajuda direta ao setor da pecuária, em função da espécie. Ou seja, «Faltam as medidas de fundo».

Terminada esta que foi a 38ª edição da Ovibeja, que regressou em força após dois anos de paragem, é tempo de arregaçar as mangas e começar a pensar na feira do próximo ano.

 

Fotos: Ovibeja

 

 



Comentários

pub