Odemira exige «distribuição justa e transparente» da água aos agricultores

Hélder Guerreiro quer que a água chegue a todos os agricultores, pequenos ou grandes

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Hélder Guerreiro, presidente da Câmara de Odemira, quer que haja, «de facto, uma distribuição justa e transparente» da água, no perímetro de rega do Mira,  e avisa que a decisão do Governo de substituir a direção da Associação de Beneficiários do Mira (ABM) por uma comissão administrativa causou «uma revolta forte contra o ministério» no território.

A posição foi assumida pelo autarca durante a conferência de imprensa de encerramento da 31ª Feira das Atividades Culturais e Económicas do Concelho de Odemira (FACECO), que decorreu entre os dias 21 e 23 de Julho, em S. Teotónio.

Na ocasião, Hélder Guerreiro assegurou que tanto a Câmara de Odemira como a de Aljezur, têm «estado sempre juntas na luta» por uma distribuição justa da água a todos os agricultores, pequenos ou grandes.

Para o edil odemirense, a decisão da ministra da Agricultura de exonerar a direção da Associação de Beneficiários do Mira (ABM) e de nomear uma comissão administrativa para «gerir aquilo que durante décadas foi gerido pelos agricultores» não foi positiva, uma vez que veio «acrescentar risco e incerteza às pessoas».

Desta forma, «criou-se no território e no concelho uma espécie de revolta forte contra o Ministério da Agricultura, porque a sensação com que toda a gente ficou foi de que haveria interesses para além do interesse público, a que o ministério tinha de atender».

Foi precisamente essa ideia que os  movimentos Juntos Pelo Sudoeste e SOS Rio Mira transmitiram numa tomada de posição conjunta, em Abril, altura em que a direção da ABM foi suspensa, onde defendiam que a decisão só ajudava «meia dúzia de poderosos empresários agrícolas».

Mais tarde, no início de Julho, e já depois de ter sido nomeada a comissão administrativa, Hélder Guerreiro  e José Gonçalves, presidente da Câmara de Aljezur, instaram a ministra a prestar esclarecimentos aos agricultores sobre qual será o modelo de distribuição da água do perímetro de rega do Mira para campanhas agrícolas, de modo a esclarecer as dúvidas levantadas pelos agricultores.

O presidente da Câmara de Odemira disse ainda que estas duas autarquias têm tentado «servir de balanço», porque a sua missão é «garantir que existe justiça no território» e que «as pessoas tenham a sensação de que as entidades públicas estão a  tomar decisões pelo interesse público, pelo interesse de todos e para todos».

Entretanto, e na sequência desta situação, «foi criada uma nova associação que reúne perto de 100 agricultores, pequenos e grandes»,  que partilham o facto de estarem «preocupados com a situação que foi criada».

A ministra da Agricultura, a pedido dos municípios de Odemira e Aljezur, até já aceitou reunir-se com esta nova coletividade, «para que também eles possam ser ouvidos, de modo a expressar os seus interesses e preocupações, para que não sejam só alguns».

 

Hélder Guerreiro – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

E se do lado do abastecimento das atividades agrícolas há questões bicudas para resolver, «do ponto de vista do abastecimento público de água, não temos para já problemas – nem queremos ter».

Para garantir que assim é, estão previstos diversos investimentos para evitar desperdícios, entre os quais «uma estação elevatória mais resiliente na barragem [de Santa Clara], a impermeabilização dos canais de Odeceixe e de Milfontes, a reconstrução do sifão da Baiona, que é um importante mecanismo que faz a passagem de água do concelho de Odemira para o concelho de Aljezur, e a construção de três reservatórios a jusante da barragem».

Este último investimento é «absolutamente central para que o processo de rega possa ser feito a partir de jusante e não de montante» e dará um forte contributo para «diminuir as perdas em 90%», que é o grande objetivo.

«A água sai da barragem e vai para esses reservatórios, e a partir dali é que é feita a rega, diminuindo as perdas, e muito. Em vez da água ir para o mar, vai para ali. Ainda assim as empresas tem estado a fazer, com algumas exceções, algum investimento no uso circular da água e isso é bastante importante», disse Hélder Guerreiro.

Também do lado do sistema de abastecimento público, para consumo humano, há investimento previsto, que permitirá criar uma captação só para este fim na barragem de Santa Clara.

«Será instalada uma conduta fechada de Santa Clara até uma grande Estação de Tratamento de Água, a construir na Boavista dos Pinheiros ou em S. Teotónio, a partir da qual será distribuída toda a água para consumo», libertando os canais de rega do consumo de água humano», anunciou.

«Isso permite muito mais resiliência e segurança, no futuro, em termos de abastecimento público e esse é o investimento central para nós, que já está acordado com as águas do Alentejo que possa ser desenvolvido nos próximos tempos», concluiu o presidente da Câmara de Odemira.

 

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