Saúde Mental do Baixo Alentejo está a ser discutida em Beja

Tema é debatido no VIII Encontro da Saúde Mental do Baixo Alentejo

Após um ano de interregno, o Encontro da Saúde Mental do Baixo Alentejo acontece, nesta quarta-feira, dia 13 de outubro, no Centro UNESCO, em Beja, para a sua 8ª edição.

Em 2021, o encontro organizado pela ARIS da Planície vai abordar a “Saúde Mental num mundo desigual”, seguindo o mote para o Dia Mundial da Saúde Mental que se assinalou a 10 de outubro.

Num encontro aberto a toda a comunidade, as mesas redondas e as conferências serão ponto de partida para o debate sobre a saúde mental da região.

Tal como em edições anteriores, este ano, a iniciativa foca atenções na saúde mental na região, dando visibilidade aos problemas das pessoas que vivem no Baixo Alentejo e, por outro lado, demonstra, publicamente, os projetos em execução que pretendem contribuir para uma melhoria da saúde mental no território.

Da programação da iniciativa, faz também parte uma mesa-redonda dedicada às vulnerabilidades que colocam as pessoas em maior risco de saúde mental, como a violência doméstica e a apresentação de um projeto de apoio a migrantes, pela Cáritas Diocesana de Beja, em conjunto com a Câmara de Beja.

Além disso, realizam-se duas conferências, a primeira sobre “Da Arte e Saúde Mental” e a segunda “Da Saúde Mental num Mundo Desigual”, com a presença de Ana Matos Pires, do Grupo de Apoio Técnico para a Implementação das Políticas de Saúde (GAPS) do Ministério da Saúde.

Isto mesmo é revelado por Paulo Barbosa, presidente da direção da ARIS da Planície, que, em declarações ao Sul Informação, explica, em detalhe, aquilo que vai acontecer ao longo do Encontro.

O médico psiquiatra realça a importância deste tipo de iniciativas que promovem o diálogo sobre a saúde mental, numa altura em que, considera, ainda há “muitos preconceitos sobre o que é ter uma doença mental, uma depressão, uma doença bipolar, uma esquizofrenia”. Situação que, para o responsável, “dificulta o debate” e, por outro lado, “o pedido de ajuda das pessoas”.

Paulo Barbosa afirma que “a pandemia da Covid-19”, em particular, nos tempos de confinamento, “veio mostrar que toda a gente pode ter um problema de saúde mental” e teve, por outro lado, “um efeito colateral” ao dar “uma maior atenção” a esta temática.

Nesse sentido, para o médico psiquiatra da ULSBA é importante “aproveitar o momento para se falar” sobre o tema, “unindo esforços para falar com as pessoas, porque a saúde mental não se previne, apenas, nas consultas de psiquiatria e psicologia”.

Apesar de os problemas relacionados com a saúde mental serem transversais a todos os territórios, é no Alentejo que se verifica um desses problemas com mais frequência: o suicídio.

Paulo Barbosa refere que, na região do “Alentejo, a taxa de suicídio é o dobro da média nacional”.

Situação que “poderá estar relacionada com vários fatores, que não sabemos exatamente quais são. É preciso mais investigação, conhecermos cada vez melhor as pessoas do território, falar com as instituições locais, para sabermos o que é estas pessoas precisam para as podermos ajudar”, realça.

Estar próximo das pessoas é “um esforço” que o Serviço de Psiquiatria da ULSBA tem feito, nos últimos anos, salienta Paulo Barbosa.

“O Baixo Alentejo tem um historial de fraca acessibilidade aos cuidados de saúde”, mas, “felizmente, tem vindo a mudar, nos últimos anos, na área da saúde mental”.

O médico admite que “isto não chega”, uma vez que o trabalho de proximidade “não consegue ser feito, apenas, pelo Serviço de Psiquiatria, tem que ser feito em rede”.

A ARIS da Planície – Associação para a Promoção da Saúde Mental é uma Instituição Privada de Solidariedade Social, que tem como missão a sensibilização e a capacitação da população para a promoção da saúde mental e prevenção da doença, bem como a sensibilização dos elementos ativos da comunidade para apoiar pessoas com doenças mentais.

Todos os anos, a ARIS da Planície organiza o Encontro de Saúde Mental do Baixo Alentejo, uma mostra dos projetos em curso e dos desafios da promoção da saúde mental na região onde a associação promove a maior parte das suas iniciativas.

Atualmente é responsável pelo projeto Mês da Prevenção do Suicídio, apoiado pela Ciência Viva através do concurso Comunicar Saúde, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Suicidologia, a Associação Portuguesa de Internos de Psiquiatria e o Fumaça e tem a decorrer projetos de investigação sobre o efeito do isolamento da população mais velha na saúde mental.

 

 

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