Empresa do balão de ar quente diz que não houve acidente aeronáutico no Alqueva

Ministério Público abriu inquérito para apurar as circunstâncias da morte

A empresa proprietária do balão de ar quente em que seguia o homem que acabou por morrer nas margens da albufeira de Alqueva, no concelho de Mourão (Évora), considerou hoje que “não foi um acidente” aeronáutico.

«Legalmente, não foi um acidente de balão», argumentou à agência Lusa Guido Santos, diretor de operações e um dos pilotos da empresa Passageiros do Vento, proprietária do balão e da marca Windpassenger.

Um dos passageiros de um balão de ar quente que realizava um passeio turístico na zona de Alqueva foi encontrado morto, no domingo de manhã, nas margens da albufeira, depois de ter saído do veículo aéreo.

Contactado hoje pela Lusa, o diretor de operações da empresa argumentou que uma pessoa «deixa de ser passageiro quando sai voluntariamente do balão», defendendo que foi o que aconteceu neste caso.

«Isto não quer dizer que a empresa não possa ter responsabilidade civil, mas, a nível aeronáutico, não houve acidente», sublinhou.

Segundo Guido Santos, a empresa dispõe de quatro seguros diferentes para a realização de passeios turísticos de balão de ar quente.

«Se houver responsabilidades, estes seguros serão acionados, mas, em todo o caso, vamos fazer a participação à seguradora, por mera cautela», realçou.

O responsável escusou-se a prestar mais declarações sobre o que aconteceu, remetendo eventuais esclarecimentos adicionais da empresa para depois de serem conhecidos os resultados da autópsia.

«Não podemos chegar a conclusões antes de sabermos os resultados da autópsia. Tem que se perceber qual foi a causa da morte», realçou.

O diretor de operações da Passageiros do Vento acrescentou que a empresa lamenta o sucedido e apresenta condolências à família.

As circunstâncias da morte do homem, de 55 anos, estão a ser investigadas pela Polícia Judiciária.

No domingo, em declarações à Lusa, a namorada do homem que acabou por morrer, Alexandra Santos, que o acompanhava no passeio turístico, disse que este passageiro terá saído do cesto do balão de ar quente para a água após uma amaragem.

«O balão começou a inclinar-se para a água, por causa dos ventos, e, à velocidade a que íamos, o piloto também não teve hipótese e batemos na água, mas muito perto da margem. Ficámos todos com os pés molhados», relatou.

No entanto, prosseguiu Alexandra Santos, o veículo aéreo «continuou a andar» para a zona interior da albufeira, tendo então o piloto sugerido que alguns passageiros “fossem para o lado de fora para puxarem o cesto para terra”.

O homem, que acabaria por morrer, entrou, então, na água, «o balão subiu» e «voltou a bater na água», pela segunda vez, agora «já mais distante da margem», salientou esta testemunha.

«Ninguém o viu de pé, mas estava perto da margem quando o vimos pela última vez», referiu, indicando que o balão de ar quente foi depois aterrar num olival.

Esta viagem turística tinha começado na zona de Monsaraz, no concelho vizinho de Reguengos de Monsaraz, igualmente no distrito de Évora.

O Ministério Público abriu inquérito para apurar as circunstâncias da morte do homem.

Numa resposta a questões colocadas pela agência Lusa através de correio eletrónico, a Procuradoria-Geral da República (PGR) limitou-se a revelar a instauração do inquérito, que corre termos no Ministério Público de Reguengos de Monsaraz.

Também contactada pela Lusa, uma fonte da Unidade Local de Investigação Criminal (ULIC) de Évora da Polícia Judiciária (PJ) indicou que esta polícia continua a investigar o caso, enquanto aguarda pela realização da autópsia à vítima mortal.

“O resultado da autópsia será importante para esclarecer o que sucedeu”, sublinhou a fonte.

Enquanto aguardam os resultados da autópsia, adiantou, os inspetores da PJ de Évora continuam a fazer diligências de investigação e a ouvir as testemunhas.

 



Comentários

pub