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O inspetor-chefe da Polícia Judiciária Luís Afonso aconselha a que se tenha muito cuidado com a informação partilhada nos sistemas de inteligência artificial (IA), adiantando que a polícia está a fazer um forte investimento nesta área.

«Eu daria como conselho muito cuidado com as informações» que se colocam nos sistemas de IA, «principalmente as informações pessoais», disse em entrevista à Lusa o inspetor-chefe da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e Criminalidade Tecnológica (UNC3T).

Segundo Luís Afonso, «pessoas põem lá os seus extratos de conta bancária para fazer médias, para fazer análises» ou até os seus registos médicos «para ver se a inteligência artificial tem lá uma outra opinião diferente da do médico».

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«Tenham cuidado com isso, pelo menos saibam e tenham consciência que uma vez colocado lá, para todo o sempre, estará lá», adverte Luís Afonso, referindo que se desconhece o que vai ser feito com essa informação.

Existe o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), «mas é para os dados normais, para aquilo que até hoje estávamos habituados», prossegue.

«Depois de pormos um dado num assistente de inteligência artificial, não sabemos o que é que fazem com eles, e a verdade é mesmo essa», refere.

E no caso de modelos de IA onde as regras não são as mesmas da Europa ou dos Estados Unidos? «Se estivermos a pôr num país que talvez possa no futuro ser potencialmente hostil a nós, acho que ainda é mais arriscado, enquanto aqui na Europa, especialmente com os assistentes dos EUA, temos alguma confiança», embora «claro que vão ser utilizados os dados», diz.

«Agora quando estamos a dar exatamente a assistentes sediados na China, nós não fazemos a mínima ideia» de como é que esses dados vão ser utilizados, «mas vão ser utilizados, certamente».

Até porque «é um manancial de informação enorme. Aliás, os próprios assistentes, a própria IA aprende com tudo o que nós colocamos lá, estão sempre a aprender», reforça.

Contudo, estas ferramentas de IA estão «disponíveis para os dois lados».

Por isso, Luís Afonso considera que se vai assistir a uma «corrida pela originalidade dos criminosos em arranjar novos ‘modus operandi» e a PJ a «tentar seguir e descobrir».

Com a IA, «uma das coisas que nós podemos tentar fazer é tentar prever o comportamento dos criminosos da mesma maneira que os criminosos poderão tentar prever a nossa reação», sublinha.

«Vamos ter aqui uma corrida no futuro, isto parece que é daqui a muitos anos e quase ficção científica, mas não, o desenvolvimento da inteligência artificial está a uma velocidade enormíssima», acrescenta o inspetor-chefe da UNC3T.

A velocidade é «brutal» e «vai estar nas nossas vidas muito rapidamente e nas vidas do mundo do crime de certeza absoluta».

Quando à capacidade da PJ, garante que estão a ser formadas equipas, sem adiantar números, uma responsabilidade da Direção Nacional.

«Posso dizer que há um fortíssimo investimento», salienta, afirmando-se surpreendido pela positiva e apontando que a hierarquia está sempre aberta a ouvir aqueles que estão no terreno e as suas sugestões, tal como o próprio ministério.

«Estamos a preparar, mas já está mesmo decidido, um fortíssimo investimento, já foram feitos alguns passos e um fortíssimo investimento nesta área. Vamos ter que formar mais pessoas, claro, como toda a sociedade, vai ter que haver um maior investimento pessoal e material», salienta Luís Afonso.

«Temos expectativas que corra tudo bem […], acho que desta vez não vamos ficar atrás dos criminosos», sublinha, referindo ter “a firme convicção» que esta «será uma das áreas de ponta dentro da polícia».

Quanto às ‘deepfakes’, o inspetor-chefe salienta que hoje em dia é possível fazer filmes com IA com «qualidade extraordinária» e existem «ferramentas para detetar se aquela imagem é verdadeira ou não».

Nesse sentido, vai haver «uma corrida de sistemas adversativos, enquanto um tenta fazer uma imagem mais perfeita, um filme mais perfeito e o outro tenta detetar o que é que está mal ali».

Segundo o responsável, a IA «traz desafios grandes na investigação da pornografia infantil porque existem métodos que, utilizados, poderão tornar muito mais difícil o rastreamento da pornografia infantil».

Ao longo do tempo, «as autoridades a nível mundial desenvolveram métodos» que resultam em mais de 90% [dos casos] e a IA, «com ferramentas simples de utilizar, livremente disponíveis, consegue vir dar-nos muito mais trabalho e desfazer» alguma desta metodologia que já está desenvolvida há algum tempo e que tem dado «bons resultados», remata.

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