Longas filas, tempos de espera de várias horas para passar no controlo de passaportes e muita insatisfação. Este é um cenário que não é novo, no Aeroporto de Faro e noutros do país, mas que, nas últimas semanas, foi norma, na infraestrutura aeroportuária algarvia, a determinadas horas do dia.
Esta situação já levou a APAL – Agência de Promoção de Albufeira a vir a público «manifestar a sua profunda preocupação face à situação que se tem verificado nos últimos dias no Aeroporto Internacional de Faro, com filas extensas e tempos de espera prolongados no controlo de passaportes, que, em alguns casos, ultrapassam as três horas».
«Esta realidade afeta negativamente a experiência dos milhares de visitantes que escolhem o Algarve como destino de férias, sendo Albufeira o principal destino turístico da região. A nossa cidade acolhe anualmente um volume significativo de turistas que chegam através deste aeroporto, e episódios como os que têm sido reportados comprometem o esforço contínuo de promoção e qualificação da oferta turística local e regional», acrescentou.
Um grupo de empresários associados da APAL viajou, de resto, no voo inaugural da nova ligação direta entre Nova Iorque e Faro, no sábado.
Muitos dos passageiros que agora começaram a chegar por esta via terão de passar pelo controlo de passaportes, à semelhança do que acontece com os cidadãos do Reino Unido, o principal mercado emissor de turistas do Algarve, mas também do Canadá e de outros países fora do Espaço Schengen.
A explicar esta demora, explicou aos jornalistas Francisco Pita, da administração da Ana Aeroportos/Vinci, está uma atualização do sistema de segurança das autoridades aduaneiras portuguesas, que levou a que o tempo de processamento dos passageiros aumentasse consideravelmente.
«Como é do conhecimento público, as entidades responsáveis estão a fazer uma atualização do sistema de controlo de fronteiras. Essa atualização do sistema leva, de facto, aqui a tempos de espera, por vezes, mais demorados», admitiu.
«A ANA, no fundo, o que tem feito é trabalhar com as entidades para garantir que minimizamos o impacto desse tempo de espera na experiência dos nossos passageiros. (…) É uma situação pontual. A nossa expetativa é que, durante a próxima semana, os trabalhos que estão neste momento em curso estejam concluídos», afirmou Francisco Pita, no sábado, à margem da cerimónia do voo inaugural da United Airlines entre Newark/NY e Faro.
Apesar das garantias de Francisco Pita, a APAL considera «fundamental sublinhar que este tipo de constrangimento não decorre de uma situação pontual, mas de um problema recorrente, sobretudo em períodos de maior afluência. A repetição destas falhas compromete não só a imagem da região, como também a perceção de qualidade e eficiência dos serviços de acolhimento».
Desta forma, a associação de empresários apela «às entidades competentes, nomeadamente ao Governo, ANA – Aeroportos de Portugal e demais autoridades envolvidas, para que sejam tomadas medidas urgentes e estruturais que garantam o bom funcionamento do Aeroporto de Faro, condizente com a importância estratégica do turismo para a economia regional e nacional».
Pedro Moura, coordenador geral da Unidade de Fronteira e Estrangeiros, confirmou à RTP3 que esteve a ser instalado um novo sistema de segurança, mas que «este não está a ser o único motivo pelo qual há problemas. Isso já acontecia no passado».
«Historicamente, o período de Maio e Junho sempre foi aquele onde houve mais tempos de espera e até superiores àqueles que estamos a constatar agora. E não havia sistema», disse, em linha com o que os empresários de Albufeira haviam denunciado.
A questão é que estas demoras são causadas igualmente pelo reduzido número de postos de controlo de passaportes no Aeroporto de Faro. E isso não depende da ANA, que gere a infraestrutura.
Francisco Pita assegurou mesmo que «há capacidade física do aeroporto» para acomodar um aumento do número de postos de controlo de passaportes, em Faro, caso as entidades responsáveis pelo controlo de fronteiras queiram reforçar a sua operação.
