Depois de ter assumido a liderança do Olhanense há dois anos, Manuel Cajuda vai ser reeleito presidente esta terça-feira, encabeçando a única lista a votos. Neste período, a sua direção conseguiu «recuperar o bom nome» do emblema, que «está melhor, mas não está bom», alerta. Voltar ao futebol profissional é um objetivo a longo prazo e, para isso, já está a ser projetada uma cidade desportiva, com um novo estádio, em parceria com privados.
Manuel Cajuda, de 74 anos, antigo jogador e treinador – com mais de 500 jogos na I Liga –, estreou-se como dirigente em Olhão, tendo sido eleito presidente a 31 de Maio de 2023. Uma nova etapa numa carreira de mais de 50 anos no futebol.
Apesar de estar «cansado» de falar «das coisas negativas» que encontrou, porque não quer «castigar ou julgar alguém», o líder dos “rubronegros” tem «a ligeira sensação» de que as pessoas em Olhão pensaram «que isto tinha sido tudo muito fácil e que toda a gente resolveria melhor do que esta direção».
É contra esse «total desconhecimento da realidade» que se confronta. «O Olhanense há 12 anos estava na I Liga, quando eu vim para cá nem se podia inscrever. Só isto basta para traduzir toda a anarquia, toda a desorganização, todas as coisas menos bem feitas que o levaram a esta situação», resume ao Sul Informação.
«Foi muito difícil. Há quem ache que foi fácil, mas quem passou por isso fui eu e os meus heróis colegas de direção», afirma.
Manuel Cajuda reforça que a sua direção «recuperou o bom nome» do Olhanense. «Foi necessário ter a coragem de pedir a insolvência da SAD, porque nem eu próprio tinha a noção do que é que poderia acontecer se as coisas corressem mal. Com a insolvência da SAD, o Olhanense livrou-se de possíveis responsabilidades em que podia estar colocado», sublinha.
Em 2023, o clube «já não podia receber subsídios, tinha os seus bens penhorados – e ainda tem, algo que queremos resolver o mais rapidamente possível –, não tinha um jogador, não tinha um roupeiro, não tinha balneários», enumera, lembrando que só este ano conseguiu efetuar um contrato-programa, de cerca de 30 mil euros, com a Câmara de Olhão.
«Quando eu entrei, tínhamos 1,9 milhões de euros, mais ou menos, de PER [Processo Especial de Revitalização] para pagar. Isso está reduzido a cerca de 1,2 milhões», especifica o recandidato ao cargo. O Olhanense tem de pagar forçosamente 20 mil euros por mês no âmbito desse plano, caso contrário, «perde tudo».

Neste período, foi colocado um relvado sintético no Estádio José Arcanjo, pago pela autarquia de Olhão, e foram criadas a equipa feminina sénior de futebol e a equipa de futebol de praia, que já se sagrou campeã distrital.
E, para que «não deixasse de haver» futebol sénior masculino em Olhão, foi necessário recorrer a «um filho adotivo», o Olhanense 1912, que se sagrou campeão da II Divisão Distrital em 2024 e, na temporada em curso, já assegurou a manutenção no principal escalão distrital.
«Nós recuperámos isso tudo. Todas essas lutas que tivemos foram vencidas. Agora temos de olhar o futuro do clube com outros olhos, com outra perspetiva, sabendo de antemão que o Olhanense está melhor, mas não está bom», sublinha o líder do emblema, assumindo da mesma forma a responsabilidade «por todos os erros» que entretanto também foram cometidos.
Na próxima época, revelou Cajuda, o Sporting Clube Olhanense voltará ao futebol sénior com a sua denominação original, estando já em curso o processo de fusão dos dois emblemas, aprovado pelos respetivos sócios e com escritura marcada para os próximos dias.
«Queremos voltar o mais rapidamente possível às competições profissionais. Mas sabemos perfeitamente que isso leva tempo. Este ano, nós não apostámos para ganhar o campeonato porque não sabíamos o que nos ia acontecer. Agora, sou a primeira pessoa a dizer que vamos tentar construir uma equipa para subir» ao Campeonato de Portugal, prometeu.
Ao mesmo tempo, avisa, é preciso começar a pensar no futuro, porque o regresso aos campeonatos profissionais terá de implicar uma nova SAD, ou uma sociedade por quotas. «Temos tempo mais do que suficiente para começar a projetar um modelo de SAD em que o Olhanense não seja prejudicado», argumenta.

Em paralelo, o Olhanense está a projetar a construção de uma cidade desportiva com um estádio novo, entre 6 a 8 mil lugares. «Não queremos confusões, não é um terreno da autarquia. Há promotores privados que estão a negociar e ofereceram ao Olhanense um terreno para a construção de um complexo que deverá permitir a sustentabilidade do clube por meios próprios», frisa Cajuda, sobre um projeto ainda em fase embrionária e que espera ter a avançar no terreno durante o próximo mandato.
O clube quer também construir uma nova sede social, onde será instalado um museu. «Queremos uma sede onde os sócios possam falar mal do presidente», brinca, lembrando que havia 430 associados em Maio de 2023, número que subiu para cerca de 1400.
Com mais dois anos pela frente na presidência do clube, o dirigente lamenta não ter tido oposição nas eleições desta terça-feira. «Apresentei a lista nos últimos minutos. Se tivesse aparecido outra lista, retirava a minha, porque não quero ficar agarrado a isto. A conclusão a que cheguei é que criticar é fácil, mas dar a cara é difícil. Há dois anos, eu fui irresponsável quando tomei conta do Olhanense, não sabia onde me vim meter e no primeiro dia tive vontade de me ir embora. Não tinha noção de nada. Agora, a exigência será maior», conclui.
Candidatos aos órgãos sociais do Olhanense para o mandato 2025/2027
Assembleia Geral
António Cabrita (presidente)
Artur Viegas (vice-presidente)
Direção
Manuel Cajuda (presidente)
Carlos Martins (vice-presidente)
Jorge Moreno (vice-presidente)
José Carvalho (vice-presidente)
Mário Proença (vice-presidente)
Daniel Ferreira (vice-presidente)
Rui Santos (tesoureiro)
Conselho Fiscal
João Calabreta Martins (presidente)
Foto: Edgar Pires | Sul Informação
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