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Interpretar para fazer ficar: a interpretação na valorização dos recursos de um território

Em muitos lugares do interior de Portugal, a presença de visitantes é ainda reduzida e efémera. Os territórios são vistos como breves paragens no caminho para um outro ponto.

Multiplicam-se investimentos em aplicações móveis, em promoção, na nova sinalética ou até em equipamentos, mas falta um elemento essencial para transformar uma passagem numa efetiva estadia: a interpretação patrimonial.

Tal como num qualquer espetáculo não chega mostrar. É preciso contar. Precisamos de estórias.

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Mais do que apresentar monumentos, paisagens ou museus, é fundamental criar narrativas que envolvam, expliquem e toquem quem nos visita.

A interpretação patrimonial é uma ferramenta estratégica que liga o visitante ao território de forma emocional e duradoura.

Quando bem aplicada, não só enriquece a experiência individual, como contribui para prolongar a permanência, aumentar o retorno e estabelecer uma relação com a comunidade, para fortalecer a identidade local.

O lugar é mais do que uma coleção e as suas paredes.

O exemplo paradigmático que apresentamos é o Museu de Arte Digital, ou Museu Zero, em desenvolvimento em Santa Catarina da Fonte do Bispo, instalado num antigo silo de cereais.

A sua entrada, desenhada pelo arquiteto modernista Gomes da Costa, antecipa um diálogo entre o passado rural e a criação contemporânea. O edifício, posse da Cooperativa Agrícola de Santa Catarina da Fonte do Bispo, representa um ponto de convergência entre o património material e imaterial, a inovação artística e o tecido económico local — uma cooperativa que integra produtores de azeite.

Um olhar visionário e ousado de Paulo Teixeira Pinto fez sonhar com a inovação de erguer, em pleno barrocal, no interior do concelho de Tavira, no Algarve (Freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo), um museu e centro artístico dedicado à arte digital.

O potencial deste espaço transcende a importância do objeto museológico – que é por si diferenciador do conceito convencional de museu – e reside na capacidade de contar a história de uma comunidade, de uma paisagem e de uma forma de vida que, reinterpretada, se torna atrativa para o visitante de hoje. É esta a força da interpretação — dar sentido ao lugar.

A criação contemporânea que aí irá acontecer, que abre portas no decurso do próximo ano, trará movimento, mas sobretudo novos significados. E por isso novo valor. Precisamos desta reinterpretação do Sul.

É tempo de reconhecer que a interpretação não é um luxo, nem uma “camada opcional” na gestão do património. É um instrumento de valorização e gestão sustentável, essencial para territórios que pretendem afirmar-se para lá da sazonalidade e do turismo de catálogo.

O “vitrinismo de passagem” está a dar lugar à imersão, que tem espaço naqueles lugares onde os significados interiores ainda permanecem cheios de magia, mas necessitam não só de líderes que acreditam, mas também de investimento na sua personalidade territorial.

O facto de integrar nestas apostas estratégicas uma lógica disruptiva e diferenciadora não afasta a necessidade de ter por perto a sua comunidade de proximidade e de procurar a sua participação, para que exista um orgulho partilhado neste novo ícone do interior algarvio.

Será interessante analisar formas de integração na criação artística destes olhares locais. De outra forma, a estruturação de uma programação  atrativa e sedutora de visitantes para estes lugares terá sempre que trabalhar para além das fronteiras locais e nacionais, estando em rede e criando novas parcerias que contribuam para a sua afirmação de destino cutural.

O Algarve, a sua serra e o barrocal têm histórias para contar. Que não fiquem por contar e que também outros ousem ser visionários neste território a Sul.

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