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Os médicos Stephen Hauser e Alberto Ascherio receberam o Prémio Breakthrough (‘Revelação’), uma espécie de “Óscares da ciência”, por terem revolucionado a investigação sobre a esclerose múltipla, doença autoimune, há muito considerada um completo enigma.

O prémio foi entregue no sábado ao neurologista norte-americano e ao epidemiologista italiano, em reconhecimento das respetivas décadas de trabalho dedicadas a uma doença neurodegenerativa que afeta quase três milhões de pessoas em todo o mundo.

Enquanto Hauser lançou luz sobre a resposta imunitária na sua origem e abriu caminho para tratamentos, Ascherio confirmou o envolvimento de um vírus.

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Os cientistas costumavam acreditar que os linfócitos T, um tipo de glóbulos brancos, eram os únicos “culpados”, uma teoria contestada por Hauser, de 74 anos e diretor do Instituto de Neurociências da Universidade da Califórnia.

Ao realizar investigação com os colegas sobre os saguis, conseguiu reproduzir lesões neurológicas idênticas às observadas nos humanos, graças à ideia de um dos seus pares de estudar o papel dos linfócitos B, outros tipos de glóbulos brancos.

Uma implicação “biologicamente improvável”, disse a agência norte-americana responsável pela investigação médica, que rejeitou o pedido de financiamento para um ensaio clínico.

Convencidos da ideia, Hauser e os colegas conseguiram concretizá-la graças ao apoio do laboratório farmacêutico Genentech.

No verão de 2006, os resultados chegaram: os tratamentos administrados aos doentes e dirigidos aos linfócitos B produziram uma “redução espetacular, de mais de 90%, da inflamação cerebral”.

Uma revolução que abre caminho à comercialização de tratamentos que atrasam a progressão da doença em muitos doentes. Mas também levanta muitas outras questões, incluindo o mecanismo pelo qual os glóbulos brancos se voltam contra o corpo.

Uma questão que levou Alberto Ascherio, professor na Universidade de Harvard, a investigar a prevalência de casos de esclerose múltipla no hemisfério norte.

Depois de acompanhar milhões de jovens que integraram as forças armadas dos EUA durante mais de 20 anos, a equipa que lidera confirmou em 2022 a ligação entre a esclerose múltipla e o vírus Epstein-Barr, muito comum e responsável por outra doença bem conhecida, a mononucleose infecciosa.

Embora “a maioria das pessoas infetadas com o vírus Epstein-Barr nunca desenvolva esclerose múltipla (…) a doença só ocorre em indivíduos que foram infetados primeiro com o vírus”, resume o professor de 72 anos.

Esta descoberta reacende as esperanças para o desenvolvimento de novos tratamentos e prevenção. Até à data, a esclerose múltipla não tem cura e os tratamentos que atrasam a sua progressão não são eficazes em todos os doentes.

Um avanço que pode também beneficiar outras patologias. “Estamos agora a tentar alargar a nossa investigação para estudar o papel da infeção viral noutras doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer ou a doença de Lou Gehrig”, explica Ascherio. Uma ligação ainda teórica, mas que tem “certos elementos” a seu favor, garante o epidemiologista.

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