O ciclista português João Almeida, a correr na equipa UAE Team Emirates – XRG, considera que a Volta ao Algarve é uma «corrida dura», mas assume-se como «um dos candidatos» à vitória final.

João Almeida falava ontem na Conferência de Imprensa de antevisão da 51.ª Volta ao Algarve, que decorreu no auditório do Museu de Portimão, não muito longe do local, na zona ribeirinha desta cidade, de onde amanhã partirá a 1ª etapa.

Ladeado por Filippo Ganna (Ineos Grenadiers) e Julien Alaphilippe (Tudor Pro Cycling Team), dois outros fortes candidatos, o ciclista português, que se estreia este ano na Algarvia, admitiu serem todos «candidatos para discutir a corrida», mas acrescentou que «claramente há corredores que são mais fortes», referindo-se, por exemplo, a Primoz Roglic, da equipa alemã Red Bull-Bora-Hansgrohe, ou Jonas Vingegaard, da formação neerlandesa Team Visma-Lease a Bike.

«A parte mais difícil do trabalho está feita, que é o treino. Agora é focar na corrida e controlar o que devemos controlar».

Antes de os três ciclistas presentes na apresentação terem a palavra, já tinha falado Cândido Barbosa, que saltou da bicicleta para as funções recentes de presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, que organiza esta prova algarvia, a mais importante em termos internacionais do calendário velocipédico português.

E Cândido tinha precisamente apontado João Almeida como «um dos sérios candidatos» à vitória. Mas logo acrescentando: «não estou a meter pressão».

O ciclista, na resposta, afirmou: «não sinto pressão extra, nem nada disso», apenas «a responsabilidade normal para a corrida, que é dar o meu melhor e fazermos um bom trabalho de equipa».

João Almeida, que vai envergar o dorsal 1 no Algarve e liderar a UAE Team Emirates – XRG nos cinco dias de competição, ao lado dos compatriotas Rui Oliveira, Ivo Oliveira e António Morgado, recordou que esta já não é a sua primeira corrida da temporada, tendo sido 2º classificado da Volta à Comunidade Valenciana, prova com a qual começou a época. «Sendo a corrida em casa, do meu país, claramente venho com grandes ambições», admitiu.

Quanto à inédita presença de Jonas Vingegaard, o dinamarquês da Visma-Lease a Bike que venceu a Volta a França em 2022 e 2023, Almeida salientou que isso vai tornar a Volta ao Algarve «um bocadinho mais dura».

Primoz Roglic (Red Bull-BORA-Hansgrohe), tetracampeão da Vuelta com quem Almeida partilhou pódio no Giro2023 – o esloveno ganhou e o português foi terceiro –, estava previsto na conferência de imprensa de ontem, mas não compareceu.

«Apesar de ser a primeira corrida deles, são corredores que já todos conhecem, não é nenhuma novidade. Onde vão, discutem as corridas. É para eles que também vamos estar um bocadinho a olhar nessas etapas [difíceis] e estar mais atentos», disse o português.

O corredor de 26 anos enalteceu a qualidade da startlist da Volta ao Algarve, considerando que «é sempre uma das mais fortes» do calendário.

«É uma corrida bastante dura, que dá para ver como está a forma. Não só eu, mas todos os corredores [sentem o mesmo]. Até acho que os corredores de clássicas gostam de vir ao Algarve, para ver como se sentem, e serve como preparação para essas corridas», destacou, lembrando que a ‘Algarvia’ acontece «numa altura muito boa para treinar, para preparar o resto da época».

Esta edição apresenta algumas inovações no traçado, nomeadamente uma cronoescalada na última etapa, com chegada ao alto do Malhão, apreciada pelo ciclista nacional, que estima que este novo percurso o pode favorecer, mas também a outros voltistas.

«No final, vai ganhar o mais forte de qualquer das maneiras. É uma boa forma de fazer as coisas um bocadinho diferentes e de mudar o percurso de uma forma positiva. Acho que dá aqui uma lufada de ar fresco à corrida e é um desafio diferente. É muito bom. Pessoalmente, gosto», admitiu.

Filippo Ganna, que volta a correr no Algarve depois de ter alcançado o segundo lugar do pódio em 2023, lamentou o facto de se sentir um pouco doente, «com problemas de estômago», o que poderá prejudicar a sua prestação na Algarvia. Ainda assim, Filippo antecipor que «vai ser uma boa corrida, espero que consigamos dar um bom espetáculo aos fãs».

Há dois anos, o italiano da Ineos Grenadiers lutou até ao último quilómetro com o então companheiro de equipa Daniel Martinez pelo triunfo na prova. Ganna chega à Algarvia com dois títulos de campeão do mundo de contrarrelógio no palmarés (2020 e 2021) e ainda com a memória fresca pela conquista da medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

Julien Alaphilippe vai também correr a Volta ao Algarve pela primeira vez, tal como o português João Almeida. Esta é também a estreia do francês com a nova camisola da Tudor Pro Cycling Team em provas por etapas.

O bicampeão do mundo (2020 e 2021) salientou estar «muito feliz por estar aqui, a minha primeira Volta ao Algarve. Já vi a corrida na televisão, sei que é uma muito bonita e que Portugal é um grande país. Estou ansioso para correr e para ganhar ritmo».

Alaphilippe é uma aposta da equipa liderada pelo português Ricardo Schdeicker para a nova temporada que agora começa.

Na conferência de imprensa que contou com alguns dos representantes das entidades parceiras da prova, Álvaro Bila, presidente da Câmara Municipal de Portimão, manifestou o «enorme orgulho por Portimão poder receber a 51.ª edição da Volta ao Algarve. É com muito gosto que daremos o tiro de partida daqui a dois dias e que fazemos hoje a apresentação da corrida aqui».

«Esperamos que seja mais uma grande edição», antecipou.

Também presente esteve André Gomes, presidente do Turismo do Algarve, para quem a Algarvia é uma montra da região que «tem muito mais do que sol e praia para oferecer».

Em contagem decrescente

A partir da próxima quarta-feira, 175 corredores em representação de 25 equipas vão percorrer as estradas algarvias.

A lista de pré-inscritos apresenta um pelotão de luxo para os cinco dias de competição. De Portimão ao Alto do Malhão (Loulé) vão percorrer-se quase 750 quilómetros.

João Almeida é a aposta da UAE Team Emirates – XRG e um dos favoritos à vitória. O português chega ao Algarve depois de ter alcançado o 2.º lugar na Volta à Comunidade Valenciana e vai contar com o apoio dos compatriotas Rui Oliveira, Ivo Oliveira e António Morgado.

Jonas Vingegaard escolheu a Algarvia para começar a nova temporada.  O bicampeão do Tour (2022 e 2023) vai correr a prova pela primeira vez na carreira. Ao lado do dinamarquês vai estar Wout van Aert, um dos ciclistas mais versáteis da atualidade, numa ambiciosa Team Visma | Lease a Bike que vem a Portugal para ganhar.

Outro dos candidatos à vitória na 51.ª Volta ao Algarve é Primož Roglič. O esloveno, a cumprir a segunda época na Red Bull – BORA – hansgrohe, regressa ao mesmo palco onde venceu em 2017. Essa foi a primeira grande conquista internacional antes de ganhar a Vuelta por quatro vezes (2019, 2020, 2021 e 2024) e o Giro (2023).

À partida em Portimão vai estar também Julian Alaphilippe. O bicampeão do mundo (2020 e 2021) está em Portugal pela primeira vez e estreia-se em provas por etapas com a camisola da Tudor Pro Cycling Team.

Inédita é também a presença de Biniam Girmay na Volta ao Algarve. O eritreu, que venceu três etapas no Tour 2024 e conquistou a classificação por pontos, vem a Portugal à procura de ganhar etapas. As chegadas a Lagos, Tavira e Faro estão na lista de objetivos para o corredor da Intermarché – Wanty.

Habituado às estradas algarvias está Geraint Thomas que avança para a sétima e última participação. O britânico da INEOS Grenadiers, que venceu a Volta ao Algarve por duas vezes (2015 e 2016), vai terminar a carreira no final de 2025.

Nota ainda para a inclusão de mais três portugueses do pelotão internacional na lista de pré-inscritos: Iuri Leitão (Caja Rural) vai correr a 51.ª Volta ao Algarve ainda com o sabor das medalhas de ouro conquistadas nos Europeus de Pista.

Afonso Eulálio (Bahrain – Victorious) mostra-se pela primeira vez em solo nacional com as cores da nova equipa.

E Rui Costa (EF Education – EasyPost) que é sempre um dos ciclistas mais acarinhados pelo público, que não esquece o título mundial alcançado em 2013.

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Traçado renovado

A 51.ª edição da Volta ao Algarve apresenta um traçado renovado.

A prova, que arranca em Portimão, promete emoções fortes até às últimas pedaladas, que voltam a terminar no alto do Malhão, concelho de Loulé, só que, pela primeira vez, em contrarrelógio.

Foi ainda criada uma etapa totalmente nova com final em Faro e a chegada à Fóia, Monchique, será mais exigente do que nos últimos anos.

Horários
19/02 | Portimão – Lagos | 192,2 km | 11h50-16h30
20/02 | Lagoa – Fóia | 177,6 km | 12h00-16h20
21/02 | Vila Real de Santo António – Tavira | 183,5 km | 12h00-16h20
22/02 | Albufeira – Faro | 175,2 km | 12h15-16h30
23/02 | Salir – Malhão (CRI) | 19,6 km | 13h15 (provisório)