Uma infestação de ratos na Escola Básica Professor Sebastião José Pires Teixeira, em Salir, no concelho de Loulé, está a preocupar os encarregados de educação, que se queixam da falta de condições da escola, mas a Câmara de Loulé garante que «não há motivo para preocupação».
O alerta chegou na terça-feira de manhã, dia 28 de Janeiro, quando alguns pais e mães dos alunos desta escola (que inclui pré-escola, 1º, 2º e 3º ciclos) foram informados pelos professores de que tinham de ir buscar as crianças até às 12h00, porque estava a haver uma desratização na cozinha e, por isso, não ia haver almoços.
«Ao longo da manhã, verificámos que não se tratava de uma simples desratização, mas sim de uma visita da delegada de saúde, que acabou por encerrar a cozinha do estabelecimento devido à presença de ratos», conta ao Sul Informação Cláudia Tomás, mãe de uma criança que frequenta o pré-escolar neste estabelecimento de ensino.
Contudo, de acordo com esta encarregada de educação, até «a informação imprescindível da não realização dos almoços não foi uniforme e não chegou a todos».
«Os pais do pré-escolar e primária foram devidamente avisados pelos professores, mas no 2º e 3º ciclos foram muitos os encarregados de educação que afirmaram ter sido informados pelos filhos», conta ao nosso jornal, queixando-se da falta de comunicação eficaz e clara por parte da escola.
Mais tarde, surgiu um primeiro comunicado oficial na página online do Agrupamento de Escolas Padre João Coelho Cabanita, do qual a escola de Salir faz parte, onde se pode ler que o refeitório «será alvo de uma intervenção urgente e inesperada, com duração previsível de cinco dias». O agrupamento esclareceu ainda que «as refeições estão asseguradas, não se prevendo qualquer constrangimento no funcionamento do serviço para os alunos».
Cláudia Tomás explica que esta informação não tranquilizou os pais e que só depois de terem contactado os órgãos de comunicação social receberam um novo e-mail, desta vez assinado por Silvia Barrocal, coordenadora da escola de Salir, onde são referidos os cuidados recomendados pela delegada de saúde que visitou o estabelecimento de ensino.
No comunicado – que foi reencaminhado para os pais pelo professores responsáveis por cada turma -, e ao qual o nosso jornal teve acesso, pode-se ler que as refeições passam, neste período, a ser confecionadas no Centro Comunitário de Salir e são depois transportadas para escola.
Aí, as refeições serão «servidas aos alunos em pratos de plástico e talheres descartáveis» no bufete, para onde foram movidas as mesas e cadeiras do refeitório.
Apesar de a escola garantir que «a cozinha fica isolada, pois as portas ficam encerradas e as fendas tapadas com toalhas, inclusivamente no refeitório», há pais que não concordam que os filhos continuem a frequentar o estabelecimento e muito menos a comer no bufete, «que fica a apenas quatro metros do sítio onde os ratos andaram», diz Cláudia Tomás.
«Não percebemos que esteja a ser feita uma desratização num sítio onde as crianças continuam a estar. Estamos a falar de produtos químicos muito fortes, ou então os produtos que estão a ser usados são fracos e podem vir a não resultar», diz ainda Cláudia Tomás.
Contactada pelo Sul Informação, Ana Machado, vereadora com o pelouro da Educação na Câmara de Loulé, explicou que, «apesar das desinfestações regulares e programadas, às vezes, acontece aparecerem ratos e baratas».
A vereadora assume que «apareceram vestígios de cocós de ratos na cozinha» e que, de imediato, a empresa de desratização foi ao local, bem como a delegada de saúde, «que é quem determina ou não o encerramento da escola» – e esta decidiu encerrar apenas a cozinha.
«Não há motivo para preocupação dos pais, porque tudo está a ser feito de acordo com as normas máximas de higiene e segurança», acrescentou o presidente da Câmara Vitor Aleixo, que, tal como Ana Machado, foi almoçar à escola de Salir esta quinta-feira, 30 de Janeiro.
A vereadora da Educação recorda ainda que «há muitas crianças que precisam desta refeição da escola» e, por isso, a melhor opção encontrada foi a de se confecionar as refeições no Centro Comunitário de Salir e depois transportá-las para o estabelecimento de ensino.
«Temporariamente, a cozinha vai ser objeto de uma limpeza profunda e, dentro de pouco tempo, esperamos que tudo volte ao normal», acrescentou Vitor Aleixo.
Contudo, de acordo com a encarregada de educação, a infestação de ratos foi «a gota de água», mas há muito que os pais se queixam da falta de condições na escola (nomeadamente «a falta de um parque infantil no pré-escolar e falta de pessoal operacional»).
Cláudia Tomás conta que, «desde meados do mês de Novembro», alguns alunos têm apresentado «quadros de gastroenterites, infeções por bactéria na cavidade bocal, número elevado de casos de supostas viroses de vómitos e diarreia e, mais recentemente e grave, hepatite A».
«A recente descoberta de ratos na cozinha cria em nós, pais, um sentimento de dúvida, insegurança e medo sobre uma possível ligação entre os dois factos», afirma esta mãe.
Confrontada com esta informação, Ana Machado diz não ter conhecimento desses dados e que «casos de hepatite A, a existirem, estão a ser devidamente acompanhados», assim como a atual situação da escola que «está a ser acompanhada ao minuto pela delegada de saúde».
O Sul Informação tentou também falar com algum responsável da Escola Básica de Salir, bem como do Agrupamento de Escolas Padre João Coelho Cabanita, mas até à data de publicação deste artigo não obteve qualquer resposta.