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Aproxima-se o Natal. As luzes cintilam nas ruas, a Mariah Carey está de regresso e as montras enchem-se de promessas. O frenesim das compras apodera-se de nós. O espírito natalício transformou-se no tilintar das caixas registadoras. Onde ficará o calor das palavras, o toque de mãos entre amigos ou a partilha de um abraço? É como se o sentido original desta época se tivesse perdido entre etiquetas de preços e embrulhos reluzentes.

Desde 20 de novembro, está disponível na Netflix o documentário A Conspiração Consumista, um espelho cruel do que nos tornámos. Nesta hora e trinta minutos televisivos, há um convite óbvio à reflexão sobre os nossos hábitos de consumo e à busca de alternativas mais sustentáveis, especialmente em épocas como o Natal. É difícil ficar indiferente às imagens de praias no Gana cobertas por roupas descartadas. Lembre-se: o seu lixo nunca desaparece; é apenas deslocado para outro canto do planeta.

A Conspiração Consumista mostra-nos como a indústria molda os nossos desejos e cria necessidades inexistentes. Expõe as estratégias de marketing ocultas utilizadas pelas grandes marcas internacionais e o impacto negativo dessas práticas no meio ambiente e nas nossas vidas.

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Um telemóvel funcional é trocado por outro apenas porque o antigo já não é «tendência»; um brinquedo que encantava ontem é colocado de lado porque um novo modelo promete ser mais divertido. O conceito atual de obsolescência programada e o design de produtos difíceis de reparar, que «obrigam» os consumidores a compras constantes e ao aumento do desperdício, são dos alertas mais perturbadores.

Não é que não saibamos, mas constatar assim, com frieza, a forma como somos manipulados como fantoches é chocante. Tudo é planeado para nos manter neste ciclo de consumo incessante.

Narrado por uma assistente pessoal virtual chamada Sasha, semelhante à Alexa, A Conspiração Consumista proporciona uma visão crítica e esclarecedora sobre os hábitos de consumo modernos e as suas implicações ambientais. Um valente puxão de orelhas à humanidade.

É comovente (e perturbador) ver como antigos executivos e especialistas em nos fazerem comprar, comprar, dão agora a cara e assumem o mea culpa. «Pecados para expiar», como afirma o antigo presidente de uma conhecida marca de roupa desportiva.

O documentário, como se ele próprio fosse uma aplicação ou um curso intensivo para quem deseja vender mais, revela lições, regras, truques e táticas subtis utilizados para influenciar o comportamento dos consumidores: vende mais, desperdiça mais, mente mais, esconde mais, controla mais (e o mundo é teu!). E tudo termina com uma canção. Nada como um bom jingle orelhudo, qual mensagem subliminar para influenciar um consumidor incauto.

Neste Natal, o melhor presente que poderá dar — e receber — não está à venda. Que esta época volte a ser sobre estarmos presentes, e não sobre oferecermos presentes. O planeta agradece e a sua vida também.

Poderá agora decidir ver o documentário sugerido e perceber que não é assim que quer viver e, acima de tudo, que existem alternativas: reparar, dizer não à moda rápida, aos produtos de uso único, não ficar indiferente, denunciar ilegalidades, comprar menos, desperdiçar menos.

Ou pode ignorar estas linhas, mas memorize esta verdade não moralista, apenas uma constatação: não ganha quem morrer com mais coisas.

 

 

 

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