Alexandra Evangelista, deputada algarvia do PSD, vê a necessidade de o Governo «ter uma visão equilibrada na gestão, proteção e valorização do património cultural do Algarve». Jamila Madeira, deputada algarvia do PS, criticou a atual «centralização excessiva». Ambas as posições foram transmitidas no passado dia 6 de Novembro, na audição da ministra da Cultura na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, sobre o Orçamento de Estado.
A parlamentar social-democrata «sugeriu uma maior aproximação entre a Fortaleza de Sagres e o Mosteiro dos Jerónimos, os dois monumentos mais visitados em Portugal, promovendo sinergias que possam valorizar estes dois monumentos históricos».
Alexandra Evangelista salientou ainda a urgência na preservação da Capela de Nossa Senhora da Guadalupe, em Vila do Bispo, «que permanece fechada devido à inação do governo anterior».
Nesse sentido, «defendeu uma maior celeridade na execução dos investimentos previstos no Plano de Recuperação e Resiliência, essenciais para garantir a dignidade e a preservação deste património, enquanto instrumento de combate à sazonalidade e ativo essencial a um turismo mais sustentável».
Já Jamila Madeira, deputada algarvia do PS, confrontou Dalila Rodrigues, ministra da Cultura, sobre a transferência de competências no âmbito do património, dos museus e monumentos do Algarve para a administração central em Lisboa e no Porto.
«A fortaleza de Sagres, símbolo nacional e das descobertas, e a Ermida de Guadalupe, em Vila do Bispo, bem como as ruínas romanas de Milreu, em Faro, foram retiradas da gestão local e regional, concentrando-se agora sob a direção de entidades sediadas a centenas de quilómetros de distância», afirmou a deputada.
«A centralização excessiva contradiz o princípio da subsidiariedade, ao afastar o processo decisório das comunidades locais, subvertendo o papel das regiões e desconsiderando as especificidades culturais e necessidades dos territórios onde estes monumentos estão inseridos», defendeu Jamila Madeira.
Perante este cenário, a deputada apelou à ministra da Cultura para que considere a celebração de contratos de gestão com o município de Vila do Bispo e a CCDR Algarve para a administração da fortaleza de Sagres e da Ermida de Guadalupe, e com o município de Faro e a CCDR Algarve para a gestão das ruínas romanas de Milreu.
«Acreditamos que a proximidade é essencial para uma gestão cultural eficaz e que fortaleça a identidade local e a coesão territorial. É urgente respeitar e valorizar as entidades regionais, promovendo uma verdadeira descentralização que beneficie todos os portugueses», concluiu a deputada socialista.