O Governo prometeu esta sexta-feira, 27 de Setembro, o lançamento «nas próximas semanas» do concurso para a construção do Bloco de Rega de Moura, num investimento de cerca de 15 milhões de euros, mas os olivicultores querem «ver para crer».
À margem de uma cerimónia em Moura, o ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, revelou aos jornalistas que o concurso público relativo à empreitada deste novo bloco de rega do projeto do Alqueva «avançará nas próximas semanas».
«O nosso objetivo era que até fosse [lançado o concurso] este mês, mas será nas próximas semanas», acrescentou, prometendo que, após a execução da obra, o Bloco de Rega de Moura «estará pronto para a campanha de 2026».
Este novo projeto vai abranger uma área de «1.200 hectares» de regadio, num investimento de «cerca de 15 milhões de euros», indicou o governante.
Além desta empreitada, ainda no que respeita ao concelho de Moura, o ministro José Manuel Fernandes anunciou que a fase de elaboração do projeto do Bloco de Póvoa/Amareleja para regar «6.300 hectares» também «avançará nas próximas semanas».
«Se o projeto já estivesse feito, podíamos avançar para a execução. Neste momento não conseguimos saber o montante de investimento, porque não temos o projeto», acrescentou, frisando que, assim que houver projeto, também vai avançar o concurso respeitante a esta obra.
O ministro da Agricultura falava aos jornalistas à margem da conferência comemorativa dos 70 anos da Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos (CAMB), em cuja sessão de abertura discursou.
Questionado pelos jornalistas sobre estes anúncios do ministro, sobretudo o relacionado com o Bloco de Moura, o presidente da CAMB, José Duarte, argumentou que os olivicultores locais estão «como São Tomé».
«É preciso ver para crer, porque, desde 2018, já é o terceiro anúncio por três ministros da Agricultura diferentes, ironizou.
Ainda assim, o responsável considerou que talvez seja desta que o projeto sai do papel, já que, «pela necessidade de se utilizar a verba, porque senão é devolvida à União Europeia», os 1.200 hectares anunciados por José Manuel Fernandes «obviamente que vão ser feitos e vão estar concluídos para a regra de 2026».
O presidente da cooperativa agrícola, que tem 4.000 associados, dos quais 1.300 dedicam-se à olivicultura – «a maioria pequenos e médios olivicultores» -, lembrou, contudo, que o regadio no concelho proporcionado por Alqueva começou por estar previsto para 10.000 hectares e foi, depois, reduzido.
«Estamos a falar agora de cerca de 7.500 hectares e o que falta ainda construir [e] projetar é a área maior e a área mais importante” para os olivicultores, ou seja, é a que respeita aos “cerca de 6.300 hectares do Bloco de Rega de Póvoa/Amareleja», lamentou.
Para a CAMB, por isso, «apenas uma pequena parte do projeto» de regadio vai avançar, o que é «insuficiente», pelo que é preciso continuar a lutar: «Só iremos descansar a partir do momento em que esse bloco esteja construído e pronto a regar».
A barragem do Alqueva «está dentro do concelho de Moura e, a nível de infraestruturas de regadio, não temos praticamente área nenhuma», criticou o presidente da CAMB, cujos olivicultores têm 20.000 hectares de olival, «60% ainda olival tradicional de sequeiro».
«Temos que criar infraestruturas para que consigamos fixar os jovens» e, para concretizar a renovação geracional que se exige na agricultura, só «com água», defendeu José Duarte.