A Marina de Portimão vai criar 30 novos postos de amarração para mega-iates, 12 deles para embarcações até 45 metros, no âmbito de um projeto de expansão desta infraestrutura portuária que foi apresentado esta quinta-feira, dia 11 de Julho, em Portimão.
Apesar de aumentar o tamanho da Marina, esta expansão será feita no perímetro original da concessão da infraestrutura, implicando apenas a instalação de dois novos pontões paralelos à linha de costa, sem interferir com o projeto da Marina de Ferragudo e com a bacia de manobras do Porto de Cruzeiros de Portimão.
A criação de postos de amarração para mega-iates – uma aposta num segmento de valor acrescentado, que, neste momento, não conta com oferta, no Algarve -, será realizada no âmbito do Projeto de Segurança, Inovação e Otimização da Marina de Portimão, cujo estudo foi ontem apresentado a uma comitiva liderada por Pedro Machado, secretário de Estado do Turismo, mas que contou também com responsáveis por entidades regionais, nomeadamente André Gomes, presidente do Turismo do Algarve, José Apolinário, presidente da CCDR Algarve, e Álvaro Bila, presidente da Câmara de Portimão.
Segundo revelou João Machado da Silva, presidente do Conselho de Administração da Marina de Portimão, este projeto nasce da necessidade de adaptar a Marina, para a tornar mais resiliente a um novo padrão de tempestades, que este responsável atribui «às alterações climáticas».
Nos últimos anos, «os problemas de segurança são crescentes», uma vez que os molhes originais da Marina não são eficazes quando as grandes vagas causadas pelas tempestades «são provenientes de Sul», como tem acontecido em várias ocasiões, desde 2017.
Desta forma, têm-se «registado danos cada vez maiores nas infraestruturas náuticas», mas também em embarcações que estão atracadas.

A solução, disse João Machado da Silva, passa «pela substituição do sistema de quebra-mares flutuantes por uma alternativa que resolva definitivamente o problema», mais precisamente pela instalação de pontões fixos na entrada da Marina, já dentro do estuário do rio Arade.
Um destes dois quebra-mares resultará da extensão do molhe Sul, já existente. No lado Norte, será criado um novo quebra-mar, mas extenso, que partirá da zona onde está instalado o edifício da administração da Marina e terá caraterísticas especiais, nomeadamente acesso automóvel e lugares de parqueamento, mas também espaços de estacionamento privados, destinados aos clientes, com sombreamento por painéis solares.
A ideia é garantir que este projeto contribua não só para uma maior segurança e para uma melhor rentibilização desta infraestrutura portuária, mas também para a descarbonização.
Tudo será feito «sem sair do perímetro da concessão», através do «aumento da utilização do espelho de água para poder acomodar grandes embarcações».
Isto significa que não deverão ser necessários trabalhos de arqueologia subaquática, uma vez que toda a zona da concessão «foi dragada» numa fase inicial, para instalação da Marina e então sujeita a acompanhamento arqueológico.
A ideia de criar postos de amarração para embarcações até 45 metros, diz o presidente do CA da Marina de Portimão, surgiu «da elevada procura» que há por esse tipo de oferta, atualmente praticamente inexistente no Algarve.
Em Portimão, há uma zona que é utilizada para acolher embarcações de maiores dimensões, mas que só consegue receber um iate de cada vez e com menos de 30 metros.
De resto, «não há postos de amarração para barcos com mais de 30 metros, no Algarve».
«Estamos com anos de atraso em relação aos países vizinhos no que diz respeito ao mercado dos mega-iates», salientou João Machado da Silva.
O projeto de expansão da Mariana de Portimão prevê a criação de 12 postos de amarração no molhe Sul, para embarcações até 20 metros, bem como 18 slots no novo molhe Norte, 12 para embarcações até 45 metros e os outros seis para barcos até 30 metros.

Mais do que dar a conhecer o projeto, a administração da Marina de Portimão quis sensibilizar o Governo para um eventual reconhecimento de que este é um projeto estruturante, de modo a que seja possível aos promotores do projeto aceder a apoios a fundo perdido, ao abrigo do Regime Contratual de Investimento (RCI) para projetos de Inovação Produtiva ou de Aceleração de Investimentos Estratégicos.
Em causa está o facto de a expansão da Marina e demais intervenções previstas terem um custo estimado entre «12 a 14 milhões de euros», bem abaixo do limite mínimo do RCI, que, em condições normais, apenas aceita projetos acima dos 25 milhões de euros.
Da parte do secretário de Estado Pedro Machado, desde que estejam «salvaguardadas as questões relacionadas com o ambiente», os promotores do projeto podem contar «com a total disponibilidade para trabalhar em conjunto», da parte do Ministério da Economia.
«Considero que este é um projeto estruturante. O Algarve só tem a ganhar se tiver duas marinas com capacidade para mega-iates», referindo-se ao facto de também a Marina de Vilamoura estar num processo de criação de oferta para este segmento, uma iniciativa que é vista como sendo complementar à que será criada em Portimão.
Ainda assim, salientou João Machado da Silva, tendo em conta que a administração da Marina também gere os estaleiros existentes na margem oposta do rio, já no concelho de Lagoa, com capacidade para alar embarcações até 300 toneladas, Portimão irá contar com uma oferta mista de postos de amarração e de serviços de reparação «que não existe entre Málaga e Setúbal».
Fotos: Beatriz Bento | Sul Informação