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T4: E2 – Sardanel>>Águeda

Hoje o caminho não foi grande coisa. Alcatrão, zonas industriais, mais alcatrão, zonas residenciais – e foi basicamente isto.

Mas, quando o caminho não é nada de especial, são as pessoas que o tornam especial. Hoje, logo no início, ultrapassei uma peregrina velhota. Normalmente, são eles que passam por mim, mas, desta vez, pareceu-me que ela estava em dificuldade, perguntei se estava tudo bem, respondeu-me que sim.

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Conversa de circunstância, disse-me que era inglesa, perguntou de onde eu era, respondi que era do Algarve e ficou admirada – Portuguese! – pois parece que ainda não há muito disso por aqui, a caminhar.

De repente, esbugalha os olhos e diz: Oh, you have a stick!!! Realmente, eu tenho um pau ferrado como ajudante, mas toda a gente que encontro usa um ou dois bastões de caminhada xpto, comprados nas lojas de desporto. Parece que estou a usar um equipamento vintage.

 

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A propósito de estrangeiros, toda a gente me trata como se eu fosse um. Na pastelaria, falaram-me em três línguas, antes de conseguir dizer que era português. Na rua, falam-me por gestos e houve hoje um velhote que, julgando que eu estava perdido (estava a tirar fotografias), gritou a apontar para o caminho certo.

 

Mas o melhor ainda estava para vir. Perto da fábrica da Revigrés, na zona industrial de Barrô, há um carro que abranda e chama por mim. Estranhei e, quando me aproximo, o condutor pergunta – Caminho de Santiago? Respondi que sim, ele pega num saco de plástico, diz-me – Água fresca! Bom Caminho – e arranca quase sem me dar tempo de agradecer.

E assim ofereceu-me uma água, fresca, e dois peros, que me souberam muito bem. O senhor Nelson R. Simões que me desculpe, mas como produtor e engarrafador das aguardentes velhas NSR, só podia ser boa pessoa. Telefonei a agradecer e disse-me que tem esse hábito e que faz cerca de oitocentas entregas por ano. É obra!

 

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Voltando a assuntos mais normais: no campeonato dos jardins, o prémio de hoje vai para o que tinha um Buda e, ao lado, uma Nossa Senhora de Fátima. Mas confesso que estive indeciso com outro, cujo tema era o ferro. Tudo em ferro, desde a pérgula até um majestoso golfinho.

No Caminho, passei por Anadia, que tem um espetacular complexo desportivo e cultural, enorme e muito bem tratado, descobri um “Centro de Recolha Oficial de Animais de Companhia”, que, desconfio, é o nome pomposo de um canil/gatil, e continuei por Arcos, Avelãs do Caminho, S. João da Azenha, Aguada de Baixo, Landiosa e por uma Estrada Real, que, se não estivesse coberta de alcatrão, deveria ser mais interessante. E há muitas caves, vinhos e vinhas.

 

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Hoje, apanhei dois sustos, nos 26,5 quilómetros do Caminho, quando me encostei a um portão (a estrada era estreita e vinha um carro) e um cão deu uma ladradela de repente, felizmente no lado de dentro da casa, e, já no Albergue, quando descobri um princípio de uma borrefa no pé esquerdo.

E hoje termino por aqui…

 

 

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