Aumento da produção de feno e forragens enche “celeiros” no Alentejo

«Os animais estão melhores, mais gordos e em melhor condição física e temos comida armazenada para o Inverno»

Após dois anos de escassez devido à seca, há mais feno e forragens este ano no Alentejo, graças ao Inverno e Primavera chuvosos, com os agricultores a encherem os «celeiros» ou a pagarem menos, se comprarem.

«Produziu-se três ou quatro vezes mais que no ano passado e os agricultores aproveitaram para encher os armazéns», afirmou hoje à agência Lusa Diogo Vasconcelos, presidente da Associação dos Jovens Agricultores do Sul (AJASUL).

O dirigente desta associação com sede em Évora e também produtor lembrou que os celeiros e armazéns «estavam completamente vazios depois de dois anos muito complicados» de seca.

Mas, este ano, o cenário é bem mais positivo, graças à chuva que caiu na região, pois, os agricultores até conseguiram «criar reservas para tempos mais difíceis».

«Os animais estão melhores, mais gordos e em melhor condição física e temos comida armazenada para o Inverno», disse, antevendo que, «se tudo correr como é suposto», os agricultores vão «ter menos gastos» do que no ano passado.

Mesmo quem não tenha produção de feno e recorra ao mercado para fazer o aprovisionamento para o inverno, acrescentou, vai «comprar agora a metade do preço», o que se traduz «numa poupança grande».

Mais a sul, no distrito de Beja, indicou à Lusa o presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB) António Aires, também «foi um ano bom de produção de feno e pastagens», o que constitui, «se calhar, a salvação da produção agropecuária».

Este aumento de produção é «uma segurança» para os produtores, que, nos anos anteriores, chegaram a pagar «entre 250 e 260 euros por tonelada» para terem com que alimentar o seu efetivo pecuário, afirmou o responsável desta associação com sede em Castro Verde.

«Agora, a maior parte das explorações agropecuárias ficam, em princípio, com alimentação animal para o próximo ano», assinalou, acrescentando: «ficamos com alimento no campo e com alimento armazenado para o Inverno».

Um cenário idêntico é observado no distrito de Portalegre, com Rui Vacas de Carvalho, do Agrupamento de Produtores Pecuários do Norte Alentejano – Natur-al-Carnes, a admitir à Lusa que «não há memória» de um ano agrícola como este.

Lembrando que 2023 foi marcado pela seca extrema, existindo especulação nos preços, o dirigente agrícola considerou que, 2024, devido a um ano agrícola «bastante melhor», já era esperada uma redução dos custos.

«As pessoas habituaram-se a pagar pelo feno 25, 26 e 27 cêntimos [por quilo], no ano passado, e, este ano, baixou um bocadinho, porque foi um ano bom para as pastagens semeadas e baixou para os 15, 16, 17 cêntimos», relatou.

Já a palha, de acordo com Rui Vacas de Carvalho, está a ser comercializada este ano a 11 cêntimos por quilo.

Por seu turno, o secretário técnico da Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Raça Merina (ANCORME) Tiago Perloiro, corroborou à Lusa que este é «um ano nunca visto» para a produção de feno e forragens.

«A quantidade de forragem, de feno espontâneo e de feno semeado foi bastante boa, o que permitiu guardar alimento, que, do ponto de vista nutritivo, é muito mais completo, para fazer face agora ao período alimentar de mais escassez», sublinhou.

Escusando-se a apontar uma estimativa de aumento, Tiago Perloiro disse ter a certeza que a subida foi grande: «agora já estão a ser recolhidos, mas em todos os bocadinhos de terra viam-se fardos redondos e quadrados, grandes e pequenos».

Por isso, este ano, haverá «uma maior economia nas explorações», visto que, em anos anteriores, «não foi possível fazer feno e os animais, como precisavam de ser alimentados, teve que se comprar» esse produto, sublinhou.

 

 

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