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O escalo-do-Mira, um peixe que só existe na bacia do rio Mira, poderá já estar extinto, vítima das alterações climáticas, revela a associação ambientalista Zero, que acusa o Governo de não preservar valores naturais ameaçados.

A informação da possível extinção, hoje divulgada em comunicado, foi obtida pela própria associação no local, ao constatar que a ribeira do Torgal, curso de água da bacia hidrográfica do Mira, secou quase totalmente.

De acordo com a informação da Zero, o único local que não terá secado em toda a bacia hidrográfica foi o pego das Pias, podendo ter sobrevivido aí alguns exemplares, embora no local existam espécies exóticas invasoras “que tornam improvável qualquer cenário que não a extinção da espécie”.

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Tendo em conta que, “inexplicavelmente, a espécie terá deixado de ser alvo de um programa de reprodução em cativeiro para prevenir precisamente situações previsíveis como esta”, a associação alertou o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, para a “tragédia ambiental” e pediu ações urgentes para avaliar se ainda existem alguns exemplares do escalo-do-Mira (Squalius torgalensis), diz-se no comunicado.

A Zero sublinha tratar-se de uma espécie única no mundo, que só existe em Portugal, para argumentar que “o país tem a responsabilidade total quanto à sua conservação”.

 

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Pego das Pias, na ribeira do Torgal – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Na informação ao ministro, a associação ambientalista notou que, caso tenha havido mesmo uma extinção, se está perante uma “incompreensível inação” das autoridades, em particular do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), mais grave por se tratar de uma zona dentro do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.

É também uma situação que representa uma política pública “presa por arames”, em que “reina a desatenção completa em relação à conservação dos valores naturais e em que a contínua falta de definição de prioridades só poderá ter como resultado o futuro agravamento do estado de conservação das espécies e dos seus habitats”.

Crítica, a Zero fala de um caso “em que se falhou em toda a linha”, faltando um programa de monitorização sistemática dos valores naturais ameaçados, um programa sólido de reprodução de espécies aquáticas em cativeiro, e uma politica de gestão dos recursos hídricos adequada face aos problemas.

Em julho último, aquando da apresentação do “Livro Vermelho dos Peixes Dulciaquícolas e Diádromos”, os especialistas alertaram que mais de metade das espécies de peixes de água doce existentes em Portugal estão ameaçadas de extinção.

 

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Ribeira do Torgal seca – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

 

Filomena Magalhães, coordenadora do projeto, afirmou-se então preocupada com os endemismos lusitanos, as espécies que não existem em mais nenhum local do mundo e que apresentam praticamente todos risco de extinção extremamente ou muito elevado.

No Sistema Nacional de Informação Peixes de Água Doce e Diádromos (SNIPAD) o escalo-do-Mira surge classificado como “em perigo”, estando proibida a sua pesca.

Já em 2010, uma notícia do Diário de Notícias alertava que o escalo-do-Mira estava em vias de extinção e que durante o Verão apenas sobrevivia nos pegos, com especialistas a alertar para o perigo de desaparecimento da espécie.

No comunicado, a Zero exige medidas e reafirma que o essencial é que o Governo se comprometa com a prossecução dos objetivos de transformar pelo menos 30% da superfície terrestre e marinha da Europa em áreas protegidas geridas de forma eficaz, parte com proteção estrita, e melhorar o estado de conservação ou a tendência de, pelo menos, 30% das espécies e habitats protegidos da União Europeia que não se encontram atualmente em estado favorável.

 

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