Fogo de Odemira motivou deslocação de 1400 pessoas. 350 foram acolhidas pela Câmara

É esperada noite «de muito trabalho»

Imagem de Arquivo

Cerca de 1400 pessoas foram já “deslocadas de forma preventiva” devido ao incêndio que deflagrou no sábado em Odemira e que durante a tarde de hoje avançou 1.257 hectares por hora, segundo a Proteção Civil.

Num ponto de situação aos jornalistas, feito pelas 19h30, no posto de comando em São Teotónio – freguesia onde o fogo rural teve início, na zona de Baiona -, o comandante regional de Emergência e Proteção Civil do Alentejo, José Ribeiro, referiu que foram também deslocados 125 animais e que 22 pessoas receberam assistência médica, todas em “situações de menor gravidade”.

Destas 22 pessoas, quatro (três bombeiros e um civil) foram atendidas em contexto hospitalar e 18 (14 bombeiros e quatro civis) foram assistidas no local.

Em causa estiveram casos de fadiga e ansiedade, especificou.

Quanto às pessoas que tiveram de sair de suas casas por causa do incêndio, 350 já foram acolhidas em duas estruturas de apoio criadas pela câmara de Odemira, revelou na mesma ocasião Hélder Guerreiro,  presidente do município.

“Criámos um centro de acolhimento em São Teotónio, na [escola] EB 2,3 de São Teotónio, e já passaram por ali 271 pessoas”, adiantou, referindo que agora “são cerca de 180 pessoas” que se encontram naquele espaço.

Hélder Guerreiro salientou que as pessoas que, entretanto, saíram deste centro de acolhimento encontraram “soluções mais favoráveis” e outras, como turistas, acabaram por continuar as férias noutro local ou por encurtar as férias.

“E em Odemira, com uma parceria com a Segurança Social de Beja, também já montámos um outro centro de acolhimento à população, tendo em conta a evacuação que foi feita à localidade de São Miguel”, realçou.

Segundo o autarca, este espaço situado na sede do concelho acolhe 80 das cerca de 250 pessoas que vivem na aldeia de São Miguel, uma das povoações que teve que ser evacuada, por precaução, devido ao incêndio.

O presidente do município assinalou que foram evacuadas quatro unidades turísticas no concelho e que, para já, não há informação de casas atingidas pelas chamas.

“Existem muitas habitações no perímetro do incêndio” cuja área envolvente “sofreu as consequências naturais da passagem do incêndio”, acrescentou.

Também em declarações aos jornalistas, o comandante territorial de Beja da GNR, Galvão da Silva, disse que, até agora, foram evacuadas 19 pequenas povoações, a maioria no concelho de Odemira e uma no de Monchique, além do Parque de Campismo de São Miguel.

Os lugares evacuados, precisou, são Vale de Alhos, Vale de Água, Relva Grande, Selão, Corgos, Choças, Sobral, Escolas Vale de Água, Vale dos Alhinhos, Reguengos, Delfeira, São Miguel, Maroco, Moita, Monte Moinho, Zambujeira de Baixo, Vale Juncal, Juncalinho e Baiona.

Voltando ao combate às chamas – que hoje à tarde entraram em Odeceixe, no concelho algarvio de Aljezur -, o comandante José Ribeiro disse que tem sido feito em “condições muito difíceis”, devido à rotação e à intensidade do vento.

“A taxa de expansão do incêndio entre as 12h00 e as 17h00 foi de 1.257 hectares por hora e temos nesta fase uma área de interesse do teatro de operações na casa dos 6.700 hectares”, afirmou.

Pelas 19h30, realçou o comandante regional, o fogo tinha duas frentes ativas, uma delas em direção a noroeste e a outra “virada a sul/sudoeste em direção a Aljezur e a Monchique”.

José Ribeiro adiantou que, a essa hora, encontravam-se envolvidos nas operações de combate às chamas um total de 837 operacionais, apoiados por 266 veículos e 10 meios aéreos.

“Além das operações de combate, foram desenvolvidas ações preventivas tendo como prioridade a salvaguarda dos cidadãos, nesse sentido, foram deslocadas, de forma preventiva, 1.400 pessoas e 125 animais de diversas espécies”, adiantou.

Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de evacuar mais povoações, o responsável reconheceu que esse cenário está “sempre presente” no plano da Proteção Civil e que, em caso de necessidade, voltará a ser feito, “de forma preventiva para acautelar a segurança da população”.

Admitindo que a próxima noite será de “muito trabalho” para as equipas envolvidas, José Ribeiro disse esperar que as condições sejam “mais favoráveis” do que na noite anterior, pois estão previstos “valores de humidade relativa mais elevados”.

Nas declarações aos jornalistas, o comandante regional revelou que os meios vão ser reforçados, durante a próxima noite, com mais dois grupos de combate a incêndios rurais e um outro de combate a incêndios urbanos.

“Vamos ter também o apoio de dois pelotões militares que nos vão ajudar a dar uma melhor cobertura naquelas zonas que já estão consolidados e em rescaldo e que apenas necessitam de vigilância”, assinalou.

O incêndio rural numa área de mato e pinhal deflagrou na zona de Baiona, na freguesia de São Teotónio, a meio da tarde de sábado, e já entrou por algumas vezes no Algarve, tendo hoje à tarde rodeado Odeceixe, no concelho de Aljezur, no distrito de Faro.

O incêndio levou a Câmara de Odemira a ativar o Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil, com efeitos desde as 14h30 de domingo.

 

 

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