A mesa redonda “O Alentejo Litoral: Identidade, Sustentabilidade, Territorialidade” realiza-se na próxima terça-feira, 6 de Junho, a partir das 16h00, no Museu de Sines.
O encontro, de entrada livre, vai ocupar um painel multidisciplinar de especialistas num debate em torno de questões como o património gastronómico daquele território, a sua identidade ou as oportunidades – e também os desafios – que apresenta, nomeadamente face à extinção de memórias e saberes locais.
Como base, uma frase inspiradora do escritor catalão Josep Pla: “a cozinha é a paisagem posta na panela”.
Este será ainda um momento para refletir acerca do posicionamento da região como destino cultural e turístico e a oportunidade de captação de novos públicos, com destaque para os mais jovens e os residentes nos meios rurais, ainda com pouco acesso a uma cultura qualificada: um contexto ao qual não é alheio o Festival Terras sem Sombra, um promotor de dinâmicas locais e um valorizador dos ativos artísticos e histórico-culturais.
Desta forma, a mesa-redonda “O Alentejo Litoral: Identidade, Sustentabilidade, Territorialidade” dedica a primeira sessão da tarde ao “Património Gastronómico do Litoral Alentejano: dos Recursos Naturais aos Recursos Criativos”, reunindo um painel com antropólogos, biólogos, historiadores, sociólogos, chefs, empresários, gastrónomos e outros interessados na redescoberta da herança culinária do Alentejo Litoral.
«Nos seus 19 anos de existência, o Festival Terras sem Sombra (FTSS) tem-se debruçado, de maneira sistemática, sobre o património gastronómico do Alentejo como referência fundamental da identidade desta região, que estabelece um interessante cruzamento entre o património cultural, tanto imaterial como material, e a biodiversidade, já que, em larga medida, assenta nos recursos endógenos, valorizados ao longo de séculos por práticas bem alicerçadas nas comunidades locais», assinala o historiador e gestor cultural José António Falcão, diretor-geral do FTSS.
Um património gastronómico que enfrenta os desafios inerentes a períodos de profunda transformação: «por um lado, existe o risco efetivo de se perderem muitos dos saberes e, até, dos ofícios a ele associados, entrando-se no campo da desvirtuação e do abuso, o que não é alheio às mutações sociais entretanto ocorridas e ao desaparecimento de conhecimentos e produtos; por outro, continua a exercer um grande fascínio, possui um extraordinário potencial económico e atrai novos criadores e profissionais», lembra Ricardo Pereira, responsável pelo Museu de Sines, instituição que prepara um livro sobre a culinária tradicional do concelho.
“Trabalhar em Rede, Promover um Destino: Os Activos Histórico-Culturais e a Captação de Novos Públicos” ocupa os trabalhos da segunda sessão da tarde.
Esta será uma «ocasião para uma reflexão alargada sobre o posicionamento do território como destino cultural e turístico para diferentes públicos, com experiências inovadoras que realçam a dinâmica da cultura e do património como bens coletivos, inspiradores e que podem ser palco para a descoberta de uma história comum».
Nestas atividades, jovens e famílias são chamados a intervir, ouvir e interpretar o território, os seus sons, as suas cores e as suas atividades tradicionais, enquanto «portas para uma compreensão mais global e integrada do mundo que nos rodeia e de que todos fazemos parte», refere Sara Fonseca, coordenadora da rede de voluntários do FTSS.
Por último, o terceiro workshop deste encontro descentralizado, transversal a diferentes abordagens, detém-se no tema “Festival Terras sem Sombra: Apresentar uma Programação Internacional em Territórios de Baixa Densidade”.
Propõe, aqui, uma análise dos reptos que se colocam à continuidade de um festival realizado longe dos grandes centros e que assenta na sociedade civil do Alentejo, contribuindo para uma efetiva irradiação dos ativos histórico-culturais do território por ele abrangido e a consolidação de uma oferta turística e cultural qualificada, ajustada às suas características patrimoniais e capaz de aumentar a atratividade regional.
Oportunidade, também, para se ponderar de que forma a cessação dos apoios da Direção-Geral das Artes, recentemente anunciada, irá colocar em risco a iniciativa, deixando sem acesso a uma programação regular de música erudita mais de 40 concelhos alentejanos e prejudicando a internacionalização dos territórios de baixa densidade.
A mesa-redonda “O Alentejo Litoral: Identidade, Sustentabilidade, Territorialidade” integra o evento “Terras à Vista”, promovido pela Pedra Angular – Associação de Salvaguarda do Património do Alentejo.
Esta iniciativa, integrada na Estratégia de Eficiência Coletiva PROVERE “Entre a Serra e o Mar”, decorre em parceria, entre outras instituições, com o Município de Sines/Museu de Sines e tem o apoio do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, através do programa Alentejo 2020.
Comentários