ICNF diz não ter «responsabilidade sobre o desastre» na Albufeira de Almodôvar

Esclarecimento surge após «informação errónea que está a circular nas redes sociais» diz ICNF

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) defendeu esta quinta-feira, 20 de Outubro, numa nota enviada às redações, não ter «responsabilidade sobre o desastre» dos peixes mortos na albufeira da Boavista, em Almodôvar. 

«A propósito de informação errónea que está a circular nas redes sociais sobre a situação que está a impactar centenas de peixes» o ICNF quis assim esclarecer que «notificou formalmente, no dia 27 de Julho, os proprietários da albufeira da Boavista – a Herdade dos Toucinhos – e a concessionária da Zona de Pesca Lúdica desta albufeira – APCF – Associação Portuguesa de Carp Fishing – sobre o caráter de urgência na apresentação de uma proposta de medidas a implementar para a minimização dos impactos nas espécies da fauna aquícola decorrentes do esvaziamento da massa de água provocado pela situação de seca extrema sentida em todo o território nacional».

Além disso, o Instituto refere que no dia 7 de Agosto, «não tendo recebido qualquer proposta viável de medidas a implementar», realizou uma avaliação à situação da albufeira da Boavista, «tendo verificado uma área do plano de água inferior a um décimo da área do plano de água ao Nível de Pleno Armazenamento e um registo de uma densidade piscícola superior a 2000 kg/ha, valor que corresponde ao limiar máximo de biomassa piscícola aconselhável, o que levou a uma nova notificação para a realização de uma Operação de Extração Preventiva de Biomassa Piscícola (OEPBP), que assegurasse a redução da biomassa piscícola». 

Mais de um mês depois, a 30 de Setembro, o ICNF recebeu uma “Proposta de medidas para a minimização dos impactes do esvaziamento de messas de água na fauna aquícola” elaborada pelos proprietários, e que incluía, segundo o instituto, sete medidas que «violavam manifestamente o disposto na Lei, em especial a captura, transporte e libertação de espécies exóticas invasoras em massas de água pondo em risco as populações de fauna aquícolas autóctones existentes nessas massas de água».

«Face a esta situação, e sublinhando que era “absolutamente imperioso e urgente” tomar para impedir que a qualidade da água na Albufeira da Boavista continuasse a degradar-se cada vez mais e resolver o melhor possível o verdadeiro “desastre ambiental” que já estava em curso naquela Albufeira, o ICNF determinou em novo ofício datado de 10 de Outubro – e ao abrigo do disposto no artigo 124.º, n.º 1, alíneas a), c) e e) e n.º 2, todos do Código do Procedimento Administrativo (CPA) – que se dispensasse a audiência prévia da APCF, para acelerar a adoção de medidas impostas pelo ICNF», refere ainda a nota. 

Uma dessas medidas estipulava que «no mais breve prazo possível, mas sem ultrapassar o final da próxima segunda-feira, dia 17 de Outubro, deverá a APCF iniciar a remoção da totalidade da biomassa piscícola ainda existente na Albufeira da Boavista, podendo para o efeito articular-se com o proprietário da Herdade dos Toucinhos e concessionário da utilização da água daquela Albufeira», o que, segundo o ICNF, não aconteceu.

Assim, e na sequência da última comunicação, o ICNF refere ter informado os proprietários que não se opõe à manutenção temporária de carpas em dois contentores, para posterior devolução à albufeira da Boavista, assim que esta apresente um volume de água armazenado que permita a devolução à albufeira.

Na mesma informação enviada aos proprietários, o ICNF diz ter salientado que esta medida extrema deveria «ter sido proposta anteriormente, dado que desde junho que o ICNF,IP enfatizou a urgência na entrega da proposta de medidas para a minimização dos impactes do esvaziamento no património aquícola naquela albufeira, tendo colocado como única restrição a proibição de repovoamento (transferência) de carpas (ou outra exótica invasora) para outra massa de água».

Assim, o ICNF afirma não ter «responsabilidade sobre o desastre» e diz que fará participação ao Ministério Público para que sejam apuradas responsabilidades e sejam punidos os responsáveis.



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