Odemira pode pedir cerca sanitária para «proteger a economia» local

Cálculo da taxa de incidência só tem em conta a população fixa e não os trabalhadores migrantes, prejudicando o concelho

Testagem – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação – arquivo

Odemira poderá pedir uma cerca sanitária, se não for alterada a fórmula de cálculo da taxa de incidência da Covid-19, de modo a «proteger a economia do concelho», disse hoje José Alberto Guerreiro (PS), presidente da Câmara deste concelho do litoral alentejano.

A questão é que Odemira – a par de Portimão, Alandroal, Carregal do Sal, Moura, Ribeira de Pena e Rio Maior – é um dos sete municípios de todo o país que registaram mais de 240 casos de Covid-19 por cem mil habitantes em 14 dias (entre 17 e 30 de Março).

Só que, no caso de Odemira, e tendo em conta que o cálculo desta taxa tem apenas como base a população fixa, as contas não correspondem à realidade.

Este município tem uma população residente oficial de pouco mais de 22 mil habitantes, mas, a este número, junta-se um total estimado de 7 a 8 mil trabalhadores migrantes, que, apesar de serem as maiores vítimas da Covid-19 (até pelo facto de viverem muitas vezes em complexos sem condições de afastamento físico), não contam para os cálculos da taxa de incidência.

Por isso, disse José Alberto Guerreiro à Antena1, uma cerca sanitária é algo «que nunca podemos excluir, se a situação continuar a agravar-se – espero bem que não! – e se os níveis da incidência forem só com base na população local». «Não podemos prejudicar todos os setores da economia local com uma situação que, a meu ver, é completamente injusta».

Para tentar travar as cadeias de transmissão da Covid-19, começou ontem, no concelho de Odemira, a testagem massiva, baseada em centros de testes fixos e móveis, por forma a abranger o máximo de população possível. «Serão realizados de imediato cerca de cinco mil testes, entre cidadãos nacionais e migrantes», anunciou a Câmara de >Odemira.

Só esta segunda-feira, dia 5, foram feitos perto de mil testes, entre os trabalhadores migrantes das empresas agrícolas a operar no concelho, tendo sido detetados  7 casos positivos.

A testagem irá agora prosseguir «para os serviços municipais essenciais, designadamente os serviços de abastecimento de água e de águas residuais, de recolha e gestão de resíduos, de transportes e protecção civil e depois para outros serviços e à população em geral», anunciou a Câmara.

Ainda esta semana, «será instalado um centro de testagem fixo em Odemira, onde a população poderá deslocar-se para realizar, de forma gratuita, o teste à Covid-19».

O presidente da Câmara odemirense, nas suas declarações à rádio Antena1, salientou que os dados dos últimos dias apontam para a diminuição do aparecimento de novos casos da doença neste concelho.

A operacionalização da testagem resulta de uma estreita articulação entre a Autoridade Local de Saúde, Unidade de Saúde Pública/Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA), Administração Regional de Saúde do Alentejo, Município de Odemira e Serviço Municipal de Proteção Civil, Cruz Vermelha Portuguesa, entidades locais e regionais. A iniciativa contou com o envolvimento direto dos secretários de Estado Adjunto e da Defesa Nacional, Jorge Seguro Sanches, e Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales.

 
 

 
 



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