Talvez não consigamos apresentar-lhe a definição “única e definitiva” do que a criatividade é nas organizações orientadas para a inovação dos dias de hoje, mas sabemos como fazer a sua ativação. Em organizações profissionais, a criatividade tem a ver com cultura, processos, sistemas, espaço, estruturas organizacionais e design.
Para organizações inovadoras, ter uma cultura criativa é o seu “sustentáculo e razão de ser”. Como com qualquer ser vivo, a criatividade tem de ser semeada, regada, cuidada e preservada muito cuidadosamente ao longo da vida das organizações. Uma “cultura” de criatividade é o equivalente de um sistema de apoio vital para organizações duradouras.
Esta cumplicidade entre “cultura criativa” e organizações profissionais tem origem nas suas fundações mais profundas, tem de estar ligada ao ADN, propósito, valores, visão e missão da organização.
Apenas as organizações que levam a sério a cultura criativa conseguem ter sucesso no cenário de inovação complexo e competitivo dos nossos dias, e conquistar reconhecimento por parte dos consumidores como uma “organização inovadora” com a qual podem dialogar.
A questão é: como pode uma organização focada em inovação criar, construir e implementar uma “cultura criativa”? Nos últimos quinze anos, uma palavra tem sido uma resposta possível: Design.
Porquê?
Porque vemo-lo como um processo sequencial lógico, uma viagem que temos de empreender, passo a passo, de forma a podermos encontrar a solução mais criativa e inovadora possível para qualquer problema inicial apresentado.
Para nós, mais importante do que a definição são os princípios. Os princípios de Design são a verdadeira razão por que as organizações profissionais precisam de adaptar processos de design para moldar uma cultura criativa orientada para a inovação nas suas estruturas, através da mentalidade de confiança, uma abordagem centrada no humano, de multidisciplinariedade, de colaboração/cocriação, de construções e sobretudo através de um sistema vivo.
A criatividade é um ativo humano, todos somos pessoas criativas. Contudo, alguns de nós constroem barreiras internas ao longo de toda a nossa vida, as quais nos inibem de exprimir o nosso máximo potencial. De igual modo, através da evolução das organizações, são criadas barreiras extremamente difíceis no que se refere a estratégias e conceitos de gestão.
Estas barreiras, como sejam hierarquias, departamentos de inovação e desenvolvimento fechados, maximização do lucro dos acionistas, entre outros, não permitem que a criatividade siga o seu curso natural.
A mentalidade e os processos de design estão a ajudar as empresas a tornar-se mais “inclusivas em inovação” com os seus colaboradores, a ter abordagens mais abertas e cocriativas com os consumidores.
A força motriz do considerável aumento da relevância do design em todos os setores da nossa economia, desde a produção aos serviços e às iniciativas de empreendedorismo, demonstra que o design é uma atividade profissional do passado, do presente e do futuro!
Autora: Susana Leonor, doutorada em Design, é diretora da Licenciatura de Design de Comunicação do ISMAT