O Acidente Vascular Cerebral (AVC) continua a ser a principal causa de morte em Portugal, mas, no Algarve, há um ano que existem dois Grupos de Ajuda Mútua (GAM) para sobreviventes, cuidadores e familiares. O balanço «é muito positivo» e as perspetivas são para continuar a crescer.
O primeiro GAM surgiu no ano passado, em Portimão, a 5 de Junho. Já em Faro, o Grupo foi criado um dia depois.
A enfermeira Ivone Máximo, ela própria sobrevivente de um AVC, é a responsável pela iniciativa em Portimão. «O balanço é muito positivo. Fizemos 10 sessões, no Hospital, 8 delas com direito a ações de formação. Não tivemos muitos participantes, mas recebemos, pelo menos, 30 pessoas, entre sobreviventes, cuidadores e familiares», disse ao Sul Informação.
Algumas das formações realizadas foram sobre temas como a vida após o AVC, os benefícios do relaxamento e orientações para deglutir.
«Um dos maiores problemas destas pessoas é o isolamento, devido às múltiplas sequelas que têm. Os doentes isolam-se e esta é uma ajuda para quebrar isso, dando também uma série de informações que as pessoas desconhecem», explicou.
A faixa etária dos participantes variou entre os 37 e os 80 anos. «Sentimos que viemos colmatar uma lacuna. O AVC continua a ser a principal causa de morte e incapacidade em Portugal. É óbvio que esta é uma iniciativa importante», referiu ainda.

Em Faro, a médica Ana Paula Fidalgo é quem está à frente deste Grupo de Ajuda Mútua. O balanço, tal como em Portimão, «é bastante positivo».
Houve, nas 11 sessões mensais realizadas na capital do Algarve, uma média de 14 participantes. O facto de em Faro funcionar uma Unidade de AVC, no Hospital, é uma ajuda.
«A divulgação é logo feita mal os doentes têm alta. O grupo que está na Unidade de AVC vê o doente na fase aguda, na enfermaria, na consulta e depois também neste GAM, o que é uma mais valia», considerou ao Sul Informação.
Em Portimão, a falta de uma Unidade de AVC dificulta mais o trabalho. «A informação é mais difícil de passar», lamentou a enfermeira Ivone Máximo.
Ainda assim, garantiu, o trabalho «é para continuar». «É difícil, mas a nossa ideia é chegar a mais pessoas, melhorando os veículos de comunicação», referiu.
No GAM de Faro, o futuro também é visto como uma oportunidade para crescer e até já há ideias.
«Queremos criar uma linha telefónica, para que os sobreviventes possam ligar, depois de saírem do hospital, quando tiverem dúvidas ou até dores. É mais uma maneira de ajuda», concluiu a médica Ana Paula Fidalgo.