Primeira viagem aérea Portugal-Macau partiu de VN Milfontes e pode tornar-se filme histórico

Viagem começou em Vila Nova de Milfontes, concelho de Odemira, a 7 de abril de 1924

O avião e os aviadores, à partida, em VN Milfontes

A primeira viagem aérea entre Portugal e Macau poderá ser imortalizada num filme histórico, 100 anos depois da aventura, disse o presidente da Câmara Municipal de Odemira.

“Queremos que possam ficar produtos objetivos desta celebração”, disse Hélder Guerreiro, à margem de um evento, em Macau, a assinalar o fim da viagem de Sarmento de Beires, Brito Pais e Manuel Gouveia, a 20 de junho de 1924.

O autarca deu como exemplo a inauguração de uma exposição itinerante, que poderá circular pelas escolas da região chinesa, e a apresentação do livro de Sarmento de Beires “De Portugal a Macau – A Viagem do Pátria”, agora reeditado em versão bilíngue chinês-português.

O município criou uma comissão, com a Força Aérea Portuguesa e a Universidade do Porto, para comemorar, com um programa até setembro, a viagem que começou em Vila Nova de Milfontes, concelho de Odemira, a 07 de abril de 1924.

“Tendo em conta a própria qualidade literária do próprio livro de Sarmento de Beires, a equipa está motivadíssima para encontrar uma forma de fazer um filme de época sobre a viagem”, disse Guerreiro.

 

 

O autarca disse esperar “algum apoio” do Ministério da Cultura para um filme que seria “algo mais romanceado”, em comparação com um documentário sobre a viagem, realizado por Diogo Vilhena.

A estreia do documentário vai acontecer no encerramento das comemorações, a 21 de setembro, o dia em que os três aventureiros regressaram a Lisboa, disse Guerreiro.

Diogo Vilhena esteve este mês em Macau e em Hong Kong, com uma equipa de três pessoas a fazer filmagens em locais ligados à viagem, incluindo o parque que hoje acolhe o avião “Pátria II” usado em 1924.

 

Monumento à travessia aérea Portugal-Macau, em VN Milfontes – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

O evento de hoje incluiu o descerramento de uma placa a assinalar o centenário e uma conferência, com a presença do diretor do Museu do Ar da Força Aérea Portuguesa, Carlos Mouta Raposo.

O coronel disse à Lusa que a viagem foi “uma demonstração clara de bravura”, na altura “das grandes viagens aeronáuticas na Europa e no mundo”, após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Mouta Raposo lamentou que a aventura não tenha na altura sido tão valorizada como, por exemplo, a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, realizada em 1922 por Sacadura Cabral e Gago Coutinho, em parte devido a razões políticas.

Isto porque Brito Pais e Sarmento de Beires foram mais tarde opositores à ditadura do Estado Novo (1933-1974), que se seguiu à queda da Primeira República Portuguesa, em 1926.

A conferência vai ser repetida, na sexta-feira, no Club Lusitano de Hong Kong, que guarda no seu espólio a hélice do avião “Pátria II”, uma vez que a viagem terminou com uma aterragem forçada numa aldeia perto da então colónia britânica.

As comemorações do centenário fazem parte do programa Junho – Mês de Portugal na Região Administrativa Especial de Macau.

 

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