Ceifa de aveia no Baixo Alentejo avança mas mantendo a salvaguarda das aves estepárias

Data foi aprovada em reunião da Estrutura Local de Apoio de Castro Verde, Vale do Guadiana, Piçarras e Cuba

A ceifa de aveia em zonas de apoio rural no Baixo Alentejo, autorizada desde o dia 17, decorre “em linha com os períodos acordados em anos anteriores”, mas há medidas de salvaguarda das aves estepárias, anunciou o o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Segundo este organismo, normalmente, “a data de autorização de ceifa de aveia dos aderentes do apoio zonal de Castro Verde, Vale do Guadiana, Piçarras e Cuba”, no distrito de Beja, ocorre “no início da segunda quinzena de junho”.

Este ano, o período iniciou-se no dia 17, ou seja, “a data está em linha com os períodos acordados em anos anteriores”, tendo sido aprovado, “por unanimidade, no passado dia 13 de junho”, lê-se no comunicado.

A data foi aprovada em reunião da Estrutura Local de Apoio (ELA) de Castro Verde, Vale do Guadiana, Piçarras e Cuba, pelas entidades que a compõem, como o ICNF, Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo, associações de agricultores e de desenvolvimento local e a Liga para a Protecção da Natureza (LPN), entre outras.

No passado dia 17, em comunicado, a associação ambientalista Zero afirmou que a ceifa de aveia, autorizada a partir daquele dia nas Zonas de Proteção Especial (ZPE) para preservação de aves estepárias, vai causar uma “chacina” de pequenas crias de abetarda e águia-caçadeira.

“Os agricultores beneficiários de apoios agroambientais estão autorizados, a partir de hoje, a ceifar aveia, o cereal de sequeiro mais cultivado nestas áreas classificadas integradas na Rede Natura 2000. Esta situação induzirá uma verdadeira chacina das pequenas crias de abetardas e de águia-caçadeira”, alertava a Zero.

As aves estepárias são um grupo de aves que “dependem de sistemas agrícolas associados à rotação cereal-pousio”, entre as quais a abetarda, o alcaravão, a águia-caçadeira, os cortiçóis-de-barriga-branca e os de barriga negra, o francelho ou o sisão.

Embora não aluda ao comunicado da Zero, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas indicou ainda, além da questão da data de início da ceifa de aveia, algumas medidas de proteção implementadas para salvaguardar este tipo de aves.

Citando um edital, o ICNF frisou que “as áreas com um hectare com ninhos de tartaranhão-caçador, ou águia-caçadeira, identificados, cuja localização foi disponibilizada previamente às Associações de Agricultores e à CCDR Alentejo, não podem ser objeto de corte, nem pastoreio até 30 de julho’”.

Estas mesmas áreas podem ainda ser candidatadas a uma medida de proteção da águia-caçadeira e, “caso o beneficiário recorra ao apoio de uma associação ambiental, têm uma majoração de 10%”.

No âmbito do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), estão previstos programas e apoios “para a proteção do tartaranhão-caçador, como contrapartida ao não corte nem pastoreio de um hectare em torno de cada ninho referenciado”, disse também o ICNF.

E, acrescentou, “as populações de abetarda, sisão e tartaranhão-caçador têm vindo a ser monitorizadas regularmente no Alentejo, estando o ICNF a desenvolver também, no caso do tartaranhão-caçador, uma operação de salvamento de ninhos em risco de serem ceifados, em parceira com a LPN e o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Energéticos (CIBIO/InBIO)”.

Como este plano de ação, iniciado em 2022, inclui ainda uma “componente de conservação fora do ambiente natural (ex-situ), com a recolha dos ovos mais expostos a predação e outras ameaças, seguindo-se o processo de incubação” e nascimento das crias, “só no ano passado foram libertados no Alentejo 17 exemplares de tartaranhão-caçador nascidos em cativeiro”, indicou o ICNF.

 

Vídeo de 2021 sobre salvaguarda da águia-caçadeira durante a ceifa:

 

 

 

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