O deputado do PS eleito por Beja questionou o Governo sobre a «degradação do serviço de transporte ferroviário entre Lisboa e Beja» e exigiu a urgente melhoria das condições de conforto deste meio de transporte.
Em comunicado enviado hoje à agência Lusa, a Federação do Baixo Alentejo do PS revelou que o deputado socialista eleito pelo círculo de Beja, Pedro Carmo, apresentou no parlamento uma pergunta dirigida ao ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz.
Na pergunta, Pedro do Carmo sustenta que «a mobilidade é um pressuposto fundamental das dinâmicas das comunidades e dos territórios, sendo particularmente relevante no interior, onde os meios de transporte são menores e as distâncias maiores, em contexto sobretudo rural».
«Ao longo dos anos, o transporte ferroviário não mereceu a atenção e a aposta que mereceria”, apesar de “ter um potencial de sustentabilidade e rapidez superior a outras alternativas», alega Pedro do Carmo.
O distrito de Beja foi «vítima de insuficientes investimentos estruturais nesta matéria», aponta o deputado, reconhecendo que «não há soluções milagrosas».
Contudo, defende, «há um caminho que tem de ser feito e mínimos de respeito pelos baixo alentejanos que têm de ser observados».
«O quadro de miséria retratado pelos passageiros do transporte ferroviário entre Lisboa e Beja suscita a maior preocupação e indignação, por não observar mínimos de respeito pelos cidadãos que acedem à oferta da CP [Comboios de Portugal]», argumenta Pedro do Carmo.
A título de exemplo, o parlamentar aponta o caso de utilização na linha de «composições que serão o refugo porque as que eram utilizadas entre Lisboa e Évora foram desviadas para a Beira Baixa, na sequência do acidente com o Intercidades no Fundão».
Pedro do Carmo alude também a «automotoras alternativas em uso, sem ar condicionado, sem conforto e mais lentas, num período em que se registam as mais altas temperaturas do ano, muito acima dos 30 graus».
E dá ainda conta de um «episódio relatado de atraso do transporte devido a uma imobilização forçada na Casa Branca depois do transbordo, porque o maquinista ficou retido no elevador da estação e não existe alternativa de condução do transporte até que o homem fosse libertado da inusitada cárcere do equipamento da plataforma».
Na pergunta ao Governo, o deputado socialista questiona se «é verdade que as composições que realizavam o transporte ferroviário entre Lisboa e Évora, transportando os utentes do Baixo Alentejo, foram desviadas para a Linha da Beira Baixa».
E quer saber como pretende o Governo «minorar os impactos negativos» das viagens ferroviárias, perante «a evidente desadequação da solução adotada para o transporte entre a Casa Branca e Beja, na falta de ar condicionado, na falta de conforto e na maior lentidão da automotora».
«Quando serão colocadas composições que melhorem a qualidade do transporte de passageiros nesta fase de temperaturas altas», ou «como pretende o Governo minorar este quadro inaceitável no transporte dos cidadãos» são mais questões colocadas, entre outras referidas no documento entregue no parlamento.
Já na quinta-feira, em comunicado, a Federação de Évora do PS criticou a substituição das carruagens do comboio Intercidades por «automotoras obsoletas» no Alentejo, considerando tratar-se de «um grave retrocesso na qualidade» do serviço prestado pela CP e «um desrespeito pelos seus utentes» na região.
No comunicado, a federação socialista exigiu a reposição imediata das carruagens Intercidades nas ligações ao Alentejo e um compromisso por parte da CP e da tutela de que «o Alentejo não voltará a ser discriminado na alocação de material circulante».
A Lusa questionou a CP – Comboios de Portugal sobre o assunto, na quarta-feira à tarde, através de correio eletrónico, após ter tido conhecimento de várias críticas de utentes, mas ainda não obteve resposta da empresa.