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Rota Vicentina quer todos unidos para acabar com o lixo no Trilho dos Pescadores

Papel higiénico, toalhitas, mais papel higiénico e mais toalhitas. Ao longo do popular Trilho dos Pescadores da Rota Vicentina, em pleno Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, o lixo, aquele e o orgânico, acumulam-se, pondo em risco a reputação e a sustentabilidade destes trilhos pedestres.

Para alertar para este problema, que se está a tornar mais premente a cada dia que passa, a Associação Rota Vicentina promoveu, há dias, uma caminhada de recolha de lixo ao longo dos 10 quilómetros do troço entre Vale Figueiras e a Carrapateira, no concelho de Aljezur.

Marta Cabral, diretora executiva da Associação Rota Vicentina, disse ao Sul Informação que o objetivo da caminhada e de outras iniciativas que vão acontecer é «sensibilizar para essa questão do muito lixo que fica ao longo dos trilhos».

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«Este é um tema relativamente recente pela dimensão que está a ter e nós estamos agora a querer sensibilizar não apenas as pessoas que usam os trilhos, mas também a comunidade e alguns parceiros institucionais. Ou seja, todos, em conjunto, vamos ter de perceber como é que conseguimos dar resposta a isto, porque o território está sob uma série de pressões e esta é mais uma, a que não podemos virar as costas».

Segundo Marta Cabral, sobretudo o Trilho dos Pescadores, que segue ao longo da costa e se tornou muito popular, já não é apenas utilizado pelos «caminhantes clássicos a que estávamos mais habituados», que têm um grande respeito pelos locais que atravessam.

«Tem havido também alterações nesse perfil de utilização», devido à exposição mediática que este trilho da Rota Vicentina tem tido em Portugal, na Europa e no resto do mundo, atraindo agora muitas pessoas que apenas fazem os percursos a pé por moda e porque são instagramáveis. Mais gente, gente menos sensível, mais lixo.

«Temos encontrado cada vez mais lixo no Trilho dos Pescadores especificamente, mas nos outros trilhos não. É um fenómeno muito específico deste carácter de moda do Trilho dos Pescadores, que atrai pessoas que querem estar naquele cenário e em todo aquele enquadramento, mas, eventualmente, não terão a sensibilidade e, de alguma forma, a cultura do estar na natureza mais selvagem», acrescentou Marta Cabral.

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Voluntárias a apanhar lixo no Trilho dos Pescadores – Foto: Rota Vicentina

Até há uns cinco anos, este era um fenómeno «muito restrito às zonas de estacionamento, que nós associávamos ao caravanismo selvagem, porque há muitas pessoas que usam carrinhas sem casa de banho. O lixo concentrava-se ali, mas agora começamos a ver cada vez mais lixo ao longo dos trilhos. Nesta versão, esta é uma realidade muito recente».

Não é só na Rota Vicentina que o problema se põe. Na costa de Lagoa, ao longo dos famosos trilhos dos «7 Vales Suspensos» e do «Caminho dos Promontórios», também há cada vez mais lixo.

Sendo a Rota Vicentina uma infraestrutura pública, «temos de, em conjunto, encontrar respostas. Este é o primeiro passo de um processo que se adivinha longo e complexo. Estamos, no fundo, a convidar quem for sensível a esta questão a juntar-se a nós para pensarmos em conjunto», explica Marta Cabral.

«Há uma série de ideias em cima da mesa, que a Associação Rota Vicentina, sozinha, não tem capacidade para implementar. Há muito trabalho de comunicação que é necessário fazer, há soluções para evitar que isto aconteça ou para limpar, que têm de ser implementadas, vai ser necessário articular uma série de possibilidades complementares».

Para já, o problema está a ser enfrentado pela Associação Rota Vicentina, bem como por «quem está no terreno e que tem estado em contacto connosco», mas agora Marta Cabral considera que é preciso envolver «entidades como Municípios, Juntas de Freguesia, Turismo do Algarve e do Alentejo e o ICNF», o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas que é, em teoria, a entidade responsável pela gestão do Parque Natural, mas que anda demasiado ausente do território.

«Isto também requer, da nossa parte, um investimento grande, porque são muitos quilómetros, são muitas Juntas de Freguesia, e temos que ter capacidade para responder. Por isso, estamos a criar um grupo de trabalho dentro da associação, com alguns associados, também para agilizar este processo».

E tem havido reclamações ou chamadas de atenção por parte de pessoas mais conscientes que fazem o Trilho dos Pescadores? «Tendencialmente, os caminhantes não se queixam muito, mas os parceiros da Rota Vicentina, sim. As pessoas são muito generosas e têm uma capacidade de encaixe grande, mas acredito que as notam e que isso prejudica francamente a sua experiência de caminhar».

«Nós, sozinhos, não temos capacidade de responder, por isso estamos a iniciar um processo de abrir à comunidade, aos parceiros e às entidades, para encontrarmos uma solução de conjunto. Vamos procurar articular forças e vontades, mas vamos precisar de muita ajuda neste processo complexo».

«A Rota Vicentina faz um esforço grande de manter a qualidade destes trilhos, mas este problema do lixo é um tema do território. Da mesma forma que todo o território beneficia desta infraestrutura, temos de articular vontades e estamos disponíveis para o fazer», conclui Marta Cabral.

Para já, lembre-se: se for passear nos trilhos da Rota Vicentina ou em qualquer outro local da natureza, se lhe der uma urgência fisiológica não deixe vestígios seus na paisagem. Não são só os vestígios dos outros que são desagradáveis para si.

Sul Informação

A Rota Vicentina – Associação para a Promoção do Turismo de Natureza  na Costa Alentejana e Vicentina  é uma entidade associativa sem fins lucrativos, criada em 2013 com o propósito de gerir a rede de trilhos e potenciar a vocação deste território para uma dinâmica turística sustentável e com capacidade regenerativa.

Com cerca de 100 associados fundadores, conta hoje com mais de 200,na sua maioria empresas locais, mas também pessoas individuais, algumas entidades públicas e mais de 40 operadores turísticos de 11 países diferentes.

Servindo o interesse dos seus Associados, a Rota Vicentina assume-se na senda do interesse público, gerindo uma rede de trilhos como infraestrutura pública e a marca Rota VicentinaⓇ como capital privado para dinamização económica da rede de empresas parceiras, que por sua vez investem num modelo conjunto de compromisso sustentável na região.

Pelo seu modelo inovador, a Rota Vicentina tem sido referência para muitos projetos análogos, buscando ela própria inspiração noutros locais do país e do mundo.

Fotos: Rota Vicentina

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