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Foram 30 anos de esforços, não só para estruturar a oferta turística e melhorar a sua qualidade, mas também para mudar as políticas públicas e apelar ao investimento no setor. A Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) celebrou as suas três décadas de existência com a conferência “Turismo +30”, que teve lugar em Albufeira, no dia 29 de Maio.

Nesta iniciativa, que juntou empresários, especialistas, a classe política, nomeadamente membros do Governo e autarcas, bem como outras figuras proeminentes do setor – do presente e do passado.

«Ficámos felizes porque estão cá todas as pessoas com poder de decisão e é isso que se pretende. A nossa ideia é, de dois em dois anos, fazer um fórum no Algarve onde a região, a uma voz, possa discutir. Não há que ter problemas em pôr em cima da mesa os principais problemas que temos, porque eles são reais e devemos discuti-los para os resolver. A presença dos diferentes responsáveis públicos é muito importante nesse aspeto», disse ao Sul Informação Hélder Martins, presidente da AHETA, à margem da conferência.

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«Neste 30 anos de AHETA, o grande marco foi a afirmação do setor como principal atividade económica do Algarve. É importante, no próximo ciclo autárquico, reconhecer aquilo que é o contributo da taxa turística na execução de medidas. Ou seja, a taxa turística não pode entrar num bolo, mas sim ter um orçamento próprio e temos que se dizer às pessoas que determinado investimento foi pago com ela».

Quanto ao caminho feito até aqui, Hélder Martins considera que o surgimento da AHETA ajudou a mudar e a melhorar o turismo no Algarve.

«A AHETA dá o seu contributo. É uma associação empresarial que esperamos que, no futuro, seja ainda reforçada e que aposta naquilo que é a orientação e a mudança das políticas públicas. É esse o nosso trabalho: é levar a mensagem dos empresários a quem decide», acrescentou.

«Sendo o turismo uma constelação de serviços, as coisas podem correr muito bem de um lado, mas, não correndo dos outros, já não é o sucesso que se pretende. Isto corre bem porque, de facto, toda a gente rema no mesmo sentido. Apesar das divergências, políticas ou outras, todos temos o turismo no coração», considerou o presidente da associação.

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Na manhã de dia 29, foram precisamente a alguns destes protagonistas políticos que foi dada a palavra, em dois painéis, um com antigos secretários de Estado do Turismo e o outro com antigos e o atual presidente da Região de Turismo do Algarve.

No primeiro caso, o decano dos antigos membros do Governo convidados foi o algarvio Vítor Neto, que foi secretário de Estado do Turismo entre 1997 e 2002, num governo socialista de António Guterres.

O agora empresário e dirigente associativo recorda que a década de 90 «foi muito positiva para o Turismo», mas que também trouxe «desafios enormes», nomeadamente a busca «por fontes de financiamento para o turismo», mas também a melhoria da promoção.

«Fizemos um trabalho persistente da qualificação da oferta. A EXPO 98 também foi um momento muito importante para a projeção externa do turismo em Portugal.

Luís Correia da Silva (secretário de Estado entre 2003 e 2004), Bernardo Trindade (2005 a 2011), Rita Marques (2018 a 2022) e Nuno Fazenda (2022 a 2024), fizeram uma cronologia do que foi a evolução do turismo, ao nível da decisão política, no século 21, que passaram pela uniformização da imagem do turismo português e a primeira campanha “Vá para fora cá dentro” (Luís Correia da Silva), pela criação do Turismo de Portugal, agregando várias entidades com diferentes responsabilidades (Bernardo Trindade), pelo combate às grandes crises, nomeadamente à da COVID 19 (Rita Marques) e na aposta na promoção da coesão territorial através do Turismo (Nuno Fazenda).

Nuno Fazenda destacou, de resto, «a continuidade política e a colaboração do setor» que dura há décadas, independentemente das mudanças de “cor” no Governo.

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Também no que toca à Região de Turismo do Algarve há consenso quanto facto de ter havido, ao longo do tempo, uma continuidade de ação.

«Hoje, beneficiamos do trabalho que foi feito nos últimos 55 anos», resumiu André Gomes, atual presidente da RTA, na conferência.

André Gomes, presidente do Turismo do Algarve desde 2023, e os seus antecessores – João Fernandes (2018), Desidério Silva (2012), Nuno Aires (2009) e Paulo Neves (1999) -, também apontaram todos que o orçamento da RTA não é muito mais elevado hoje do que era no início do século.

«O Algarve nunca foi devidamente ressarcido pelo seu contributo para o PIB, através do turismo», disse, por seu lado, Desidério Silva.

Também ao nível da estruturação do produto houve uma evolução contínua, com uma aposta forte no combate à sazonalidade, através da diversificação da oferta e aposta em nichos como o golfe, mas também o turismo de natureza e o turismo cultural, entre outros.

Pelo meio, o turismo algarvio enfrentou um dos seus maiores desafios de sempre, a pandemia, mas não só.

João Fernandes elencou alguns dos desafios que enfrentou, desde logo o grande incêndio de Monchique de 2018, em pleno Agosto, mas também a falência da Thomas Cook, em 2019, a pandemia, em 2020, a que se seguiu a preocupação com as disponibilidades hídricas da região, devido à seca.

«Ainda assim, foi possível consolidar um caminho que já vinha a ser trilhado, ao nível da diversificação da oferta e da sustentabilidade, entre outros», disse João Fernandes.

Hélder Martins espera agora que, no futuro, se consiga continuar «a afirmação do Algarve, com novas marcas, com novos grupos mundiais a escolherem a região».

«Ainda não temos aquelas marcas topo mundial, mas estamos a caminhar para isso. É importante que o setor todo, não só os empresários, trate o produto como se trata dentro das quatro paredes de um hotel», referindo-se às infraestruturas públicas, que devem ter «a mesma qualidade» dos hotéis.

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