Médicos, enfermeiros e administrativos do Centro de Saúde de Lagos passaram, desde o dia 17 de Abril, a conseguir comunicar com todos os utentes, independentemente do seu idioma, através da utilização dos novos dispositivos tradutores. Ucraniano, bengali, japonês, turco: o dispositivo consegue traduzir, na hora, centenas de idiomas, permitindo que os profissionais de saúde e os utentes se entendam, sem que a língua seja uma barreira.
Com a chegada destes dispositivos ao Centro de Saúde de Lagos, o projeto EKSODOS – que tinha como principal objetivo «dar resposta à necessidade de contribuir de forma assertiva para a diminuição dos constrangimentos associados ao acesso da população migrante a cuidados de saúde primários» – entra na última fase de implementação.
«Tínhamos vários casos de cidadãos estrangeiros que não se conseguiam explicar e a doutora também não dominava o idioma deles e por isso não os entendia, mas agora tudo isso se resolve. O dispositivo é fácil, rápido e superou as nossas expetativas porque, além da conversa, consegue traduzir documentos», explica ao Sul Informação Elisabete Saunite, a enfermeira que criou este projeto piloto.
Tendo em conta a «problemática emergente da migração», o projeto começou a ser implementado com o objetivo de «dar resposta à necessidade de contribuir de forma assertiva para a diminuição dos constrangimentos associados ao acesso da população migrante a cuidados de saúde primários», população essa que trabalha e vive na região.

Através de um estudo qualitativo, a enfermeira, que trabalha há seis anos nesta unidade de saúde, detetou três grandes necessidades: a de «empoderar os profissionais de saúde na área do conhecimento dos direitos e deveres do acesso da população migrante aos cuidados»; «a questão das técnicas comunicacionais» e, por último, a necessidade «de ultrapassar o obstáculo do idioma», explicou, em entrevista ao Sul Informação, em Fevereiro.
Identificadas as prioridades e o que precisava ser implementado junto dos profissionais de saúde, Elisabete foi à procura de parceiros e conseguiu, desde o início, o apoio das Juntas de Freguesia do concelho de Lagos, a colaboração do Centro Local de Apoio e Integração de Migrantes (CLAIM) e da Câmara de Lagos, que foi quem comparticipou os dispositivos tradutores.
Inicialmente, a chegada dos dispositivos estava prevista para o mês de Fevereiro, mas «por questões burocráticas», só se realizou agora.
O projeto piloto EKSODOS foi implementado no Centro de Saúde de Lagos, mas o objetivo é que sirva de referência para outras unidades de saúde.
«O objetivo disto é mesmo que não fique um projeto-piloto só de Lagos. A intenção é realmente ajudar e promover a integração desta população. Não se trata de escancarar as portas, nem de privilegiar esta população, é integrar, para evitar que se formem guetos e mesmo problemas de saúde pública, que já vão aparecendo», explicou a enfermeira, em entrevista ao nosso jornal em Fevereiro, dando como exemplo o surto de tosse pertussis no Sul de Espanha e os casos de sarampo que vão aparecendo em Portugal.
A implementação deste projeto, que decorreu entre Maio de 2024 e Janeiro deste ano, mereceu o parecer favorável da Unidade Local de Saúde do Algarve, Comissão de Ética, bem como do ACES Barlavento.
Obrigado por fazer parte desta missão!