«Começa! Começa!», gritavam as dezenas de crianças que esta sexta-feira, 9 de Maio, encheram o Teatro Lethes, em Faro. Daí a minutos, haveria “Bichos” a passear pelo palco, à boleia do Festival “Mochila”, num espetáculo de dança que foi também um veículo de inclusão.
Para Miguel Costa, do 3º ano da Escola EB1 do Carmo, esta era uma estreia no emblemático teatro farense. E não podia ter corrido melhor.
«Gostei muito! Estive atento e as danças eram divertidas», confessou, no final, à reportagem do Sul Informação.
No palco, a Companhia Dançando com a Diferença tinha, durante uma hora, deixado a plateia, antes irrequieta, colada às cadeiras.
“Bichos”, performance baseada na obra homónima de Miguel Torga, é, como haveria de dizer José Figueira, um dos intérpretes, «um misto de coisas».

«Os animais aqui são quase como pessoas e isso é uma riqueza linguística muito boa», disse, ao Sul Informação.
É que, neste espetáculo, há «animais humanizados ou humanos quase animalizados» que «aparecem em luta consigo mesmos, com o meio em que vivem e com o Divino», como se lê na sinopse.
O facto de ter tido uma plateia exclusivamente de crianças e jovens também foi, nas palavras de José Figueira, muito motivador.
«Ouvia-se barulho antes, começou a peça… e fez-se silêncio. Há muito estímulo visual e as crianças ficaram cativadas. Veja-se o silêncio que foi! Esta foi uma recompensa genuína, até porque vem de crianças», considerou.
E há uma outra particularidade: a Companhia Dançando com a Diferença trabalha com pessoas com algum tipo de deficiência, como José Figueira ou Aléxis Fernandes, para quem esta também foi uma «experiência muito especial».
«Não estava à espera de ver tantas crianças e todas pareciam estar muito felizes», disse à reportagem do nosso jornal.
Era esse o sentimento partilhado com Alice Sousa, criança do 4º ano, que nunca tinha visto o espetáculo, mas já tinha ido ao Teatro Lethes.

«Foi muito divertido! Achava que ia ter falas, mas estava muito atenta às cabeças [adornos]», confessou.
Para João de Brito, diretor artístico do LAMA Teatro, que organiza o “Mochila”, este espetáculo foi «um momento marcante» do festival deste ano.
«É um espetáculo lindíssimo, desde a parte cénica, às interpretações… Tudo é emocionante até porque queremos passar uma mensagem de inclusão. Foi uma estreia em Faro e isso também é de louvar», disse.
De resto, o Mochila deste ano «está a correr muito bem» e a ter «muitas enchentes». «Diversificámos ainda mais a programação, o que tem ajudado. Temos uma equipa maior, que toca em vários campos, e isso faz com que cheguemos a mais gente. O nome do Mochila já está disseminado».
Este fim de semana, ainda há muito para ver: hoje, sábado, há teatro com “O Pior Professor do Mundo”, às 10h00, na LAMA Black Box, mas também “Histórias Encaixotadas”, às 11h30 (Jardim da Alameda) e 18h30 (Largo do Carmo).
A isto junta-se “Um Milhão + 1”, com o Clown Elano, às 16h00, no Jardim da Alameda, um baile para pais e filhos (17h00, no Jardim da Alameda) e “La Gran Tempesta”, das 18h30 às 22h30, no Largo do Carmo.
O Mochila termina no domingo, com “O Grande Lago”, às 11h00, na LAMA Black Box, “Histórias Encaixotadas”, às 15h00, na Alameda, “Libertenano” (16h00, Alameda) e Noiserv e Pedro Branco, a partir das 17h00, no mesmo local.
Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação
















Obrigado por fazer parte desta missão!