A ligação ferroviária Sevilha-Huelva-Faro em Alta Velocidade é não apenas «necessária», mas também «uma dívida que a União Europeia e que ambos os Estados têm com o Sul da Península Ibérica», defendeu Juan Moreno Bonilla, o presidente da Junta de Andaluzia, à margem de uma reunião que manteve com Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente e da Energia portuguesa, em Mértola.
A ligação entre Faro e Sevilha em Comboio de Alta Velocidade, que também beneficiaria Huelva, foi um dos temas da reunião que a governante lusa e o líder do Governo andaluz, onde também esteve em cima da mesa a questão da água.
E a posição assumida por Juan Moreno Bonilla não deixa dúvidas sobre o quão empenhada a Junta de Andaluzia está no avanço desta conexão.
«Somos mais prósperos quanto mais conectados estamos. É claro que, quando existem pontes, estradas e ligações na fronteira entre Portugal e Espanha, a capacidade de comércio, a capacidade da atividade económica e, portanto, a capacidade de progresso e bem-estar, é muito maior», começou por defender.
«É por isso que nós, no Governo andaluz, temos um compromisso que transmitimos de forma clara e enfática e que aprovámos no Parlamento andaluz, que é o de criar uma conexão, que acredito ser importante para a Andaluzia e para a Espanha, o comboio de alta velocidade entre Sevilha, Huelva e Faro», acrescentou.
Para o presidente da Junta de Andaluzia, esta conexão é importante «porque Faro é um dos Aeroportos Internacionais mais importantes do Sul da Península Ibérica e movimenta mais de 10 milhões de passageiros por ano. Esta ligação internacional, para nós e para a Andaluzia, seria a única ligação transfronteiriça de alta velocidade que teríamos e nos permitiria trocar não só bens e mercadorias, mas também, obviamente, pessoas e turismo, potenciando e multiplicando a nossa capacidade de gerar emprego e riqueza».

Este projeto consta igualmente do acordo assinado pelos Governos de Portugal e Espanha na última reunião ibérica, lembrou.
Juan Moreno realça que, do lado espanhol, por reivindicação da Andaluzia, já foi concluído o primeiro anteprojeto e foi recentemente adjudicada, por 39 milhões de euros, a elaboração dos cinco projetos de execução da linha de alta velocidade entre Sevilha e Huelva.
Da parte do Governo Regional da Andaluzia, há a disponibilidade para ser «um facilitador» para que a obra «possa ser executada o mais breve possível».
Maria da Graça Carvalho salientou, por seu lado, que este «é um projeto que nos une e que, em conjunto, faremos tudo ao concretizar, que é a ferrovia que liga Sevilha ao Algarve e depois liga ao resto da Europa».
«Este foi um grande tema da nossa conversa e é uma prioridade tanto do lado da Andaluzia como do lado do Algarve. Mas não é só o bom para o Algarve, mas bom para todo o nosso país e, principalmente, para o Sul do país», considerou a ministra.
«O Algarve, a Andaluzia e o Alentejo têm muitas possibilidades, muito potencial de crescimento. Mas só podemos prosperar se trabalharmos juntos e se deixarmos claro, especialmente para Bruxelas, que a periferia da Europa é tão importante quanto o centro europeu e que a Europa também está a ser construída aqui«, defendeu ainda Juan Moreno Bonilla.
«Ambas as regiões são profundamente pró-europeias e temos que definir esse objetivo, construindo a Europa a partir da periferia, gerando sinergias e riqueza para que no Sul haja a mesma capacidade de desenvolvimento, prosperidade, criação de emprego e, em última análise, de qualidade de vida, como há em outras áreas do Norte, não apenas em Portugal ou Espanha, mas também na Europa. Esta reunião foi, a meu ver, uma reunião muito justificada, com uma ministra experiente, com um vasto conhecimento da matéria e uma enorme sensibilidade para com o Sul da Península Ibérica», concluiu.
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