A Associação de Futebol do Algarve (AFA) vai instalar a sua academia no futuro Centro de Treino do Parque das Cidades, gerido pelos municípios de Faro e Loulé, graças a uma verba de 600 mil euros concedida pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), revelou o novo presidente da instituição.
Em entrevista ao Sul Informação, Albertino Galvão, que em Abril sucedeu a Reinaldo Teixeira na presidência da AFA, realça que este é o «projeto mais importante» da história da associação, que «só foi possível concretizar» através de uma parceria com a Associação de Municípios Loulé/Faro, e com o apoio «imprescindível» da FPF.
A ideia nasceu há meia dúzia de anos, quando a federação reservou um pacote global de 10 milhões de euros para apoiar as associações distritais que quisessem construir a sua academia, com participação a fundo perdido.
Enquanto associações de outras zonas do país avançaram com as obras a título individual, a Associação de Futebol do Algarve percebeu, mal começou a fazer pesquisas de mercado e a tentar encontrar terrenos disponíveis, que o montante atribuído pela FPF – 600 mil euros – não daria para cobrir o investimento total.
«Nós, sozinhos, nunca teríamos capacidade para, neste momento, fazer uma academia. Não era uma possibilidade, não tínhamos condições. Estudámos várias hipóteses e esse montante não era suficiente para construir academia nenhuma, nem para a sua manutenção», salienta Albertino Galvão.
Entretanto, o Parque das Cidades, gerido por Faro e Loulé, tinha dado início à construção de um Centro de Treino, com um investimento previsto de 1,25 milhões de euros, obra que acabou por ser suspensa durante algum tempo devido à desistência do primeiro empreiteiro.
Já com o projeto retomado, a Associação de Futebol do Algarve, ainda com Reinaldo Teixeira na presidência, propôs uma parceria aos dois municípios, atribuindo diretamente ao Parque das Cidades a verba da FPF a troco da utilização do centro de treino. «Este é o caminho certo, a parceria é a melhor solução para nós», afirma Albertino Galvão.

A associação terá prioridade na utilização do espaço, cuja gestão e manutenção pertencerá à associação de municípios. «Vamos ter, todas as semanas, um determinado período de horas, consoante as nossas necessidades, para utilizar para os nossos treinos, as nossas seleções, os nossos árbitros. Será a Academia AFA e, no futuro, também o nosso centro de treinos de futebol feminino, permitindo hastear ali a bandeira da FIFA», explica o presidente da AFA.
Fora do horário destinado à AFA, o equipamento – que conta com dois campos de futebol de 11 e um campo de futebol de 9, ambos em relva natural, e estruturas de apoio com balneários – poderá ser utilizado por equipas locais e formações estrangeiras, tal como o Parque das Cidades já tinha previsto.
A obra está praticamente concluída e «deverá ser inaugurada até ao Verão», indica o presidente da AFA ao Sul Informação.
Com esta solução, haverá uma base para «cerca de uma dezena de seleções distritais» de futebol da AFA, masculinas e femininas, que trabalham atualmente «praticamente todas as semanas, por todo o Algarve», com a colaboração de municípios e clubes.
Esse é também, prossegue o líder da AFA, «um sinal do crescimento da associação», que tem batido recordes no número de atletas inscritos – já acima dos 10 mil praticantes –, com uma «forte dinâmica» não só nas modalidades mais conhecidas – futebol e futsal –, como nas restantes: walking football, futebol de praia e futebol virtual, em que venceu um Torneio Interassociações.
«Temos um jogador algarvio [Rui Coimbra] no Mundial de futebol de praia – e gostava de um dia, acabada a sua carreira, poder contar com ele aqui na AFA – e temos uma nova geração de futebolistas, uma fornada entre os 16 e 22 anos, que demonstra o excelente trabalho que os nossos clubes têm feito na formação. Não temos só um, dois ou três, são muitos mais e estão a chegar – no masculino e no feminino», destaca o dirigente.
Já na arbitragem, a situação «é mais complicada e delicada», embora a AFA tenha registado uma subida residual nos últimos anos, contando atualmente com cerca de 130 juízes. «Muitas vezes acabam por desistir, porque no campo ouvem-se ofensas inacreditáveis e cria-se um ambiente negativo que afasta os jovens da arbitragem. É preciso mudar consciências, de alto a baixo», afirma Albertino Galvão.

A AFA projeta ainda, em parceria com um operador privado de saúde, a criação de um centro de medicina desportiva na sua sede, em Faro, junto ao Complexo Desportivo da Penha. «Estamos a estudar essa hipótese, mas ainda é só uma ideia. Esperamos em breve ter novidades, mas nunca avançaremos sem a certeza de que é viável», argumenta.
Igualmente na sede, estão já também a ser realizadas obras de renovação nos gabinetes dos dois pisos, pelo menor custo possível e «através de parcerias com empresas algarvias».
Em sentido contrário, o presidente da AFA mostra-se preocupado com a possibilidade de o futebol algarvio perder representação na I Liga, mas acalenta esperança na salvação do Farense: «Vamos acreditar que é possível, porque o Farense não merece a descida. Enche o São Luís, é uma das equipas com melhor taxa de ocupação em casa e a posição na tabela é extremamente injusta.»
Albertino Galvão era vice-presidente e sucedeu a Reinaldo Teixeira, entretanto eleito novo presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, para cumprir o remanescente do mandato atual, até 2027. «Daqui em diante, vamos seguir todo o trabalho e as diretrizes que já tinham sido assumidas na liderança do Reinaldo Teixeira. Há sempre espaço para melhorar, mas há um caminho a seguir», finaliza.
PERFIL
Albertino Galvão, profissionalmente ligado à área do imobiliário, é natural de Almancil, no concelho de Loulé, e tem 56 anos (23 de Novembro de 1968). Praticou futebol na formação, no Farense como iniciado e juvenil, e no Louletano como júnior.
Em 2006, retomou a ligação à modalidade ao tornar-se delegado da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, funções que desempenhou durante cerca de década e meia.
Na Associação de Futebol do Algarve, que integra desde 2008, começou como vogal do Conselho Técnico, com Alves Caetano como presidente. Nos mandatos seguintes, integrou a direção em vários cargos, com responsabilidades na pasta das seleções distritais. Era, até ao início de Abril, vice-presidente da AFA.
Foto: Edgar Pires | Sul Informação

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

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Foto: Edgar Pires | Sul Informação

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