A barragem de Odelouca nunca esteve tão cheia como está atualmente, desde a sua construção, em 2009, e a Águas do Algarve poderá mesmo ser obrigada a fazer uma descarga controlada preventiva «até final do mês de Abril», potencialmente nos próximos dias, devido à chuva forte que está prevista.
Na passada segunda-feira, segundo os mais recentes dados disponibilizados pela Agência Portuguesa do Ambiente, esta barragem, a com maior capacidade de carga do Algarve, estava a 87% da sua capacidade total.
Ao longo da semana, mesmo sem chuva, a albufeira «continuou a encher, porque as ribeiras ainda correm», explicou ao Sul Informação Marisa Viriato, gestora de origens de água na Águas do Algarve.
«Estamos próximos dos 90% e, como estamos numa fase de primeira exploração, só podemos ir até aos 93%», explicou.
Antes, numa apresentação feita a uma comitiva liderada por Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente e Energia, a técnica da empresa algarvia já havia dito que, o mais provável era que as comportas tivessem de ser abertas «já nos próximos dias», caso se confirmassem as previsões de chuva forte.
«Estamos muito próximos, estamos a menos de um metro de pleno armazenamento nesta fase. (…) Eventualmente, poderemos ter que abrir as comportas, ou esta semana ou até ao final de Abril. Depende do que ainda chover», avançou.
Apesar de se mostrar aliviada com a situação e feliz com a inédita abundância de água nesta albufeira, Marisa Viriato – bem como outros responsáveis da Águas do Algarve e a própria ministra – avisa que não é caso para baixar a guarda, no que a poupança diz respeito.
Basta recordar como esta mesma barragem estava em Outubro de 2024, como se pode ver nesta imagem:

Quando a foto foi tirada, há cerca de seis meses, «estávamos prestes a usar o volume morto desta barragem». E todos os modelos e previsões apontam para que a tendência seja, cada vez mais, que haja longos períodos de seca e raros anos “molhados”, como este está a ser.
Foi, de resto, à margem da inauguração de um sistema que permitirá captar 15 hectómetros cúbicos de volume morto da Barragem de Odelouca, nesses mais que prováveis anos maus do futuro, que o nosso jornal falou com Marisa Viriato.
Este sistema é, no fundo, «uma salvaguarda», em períodos prolongados de seca, como o que vivemos nos últimos anos. Basta dizer que, caso tivesse chovido ao nível dos anos anteriores, «iríamos ter de recorrer ao volume morto de Odelouca já a partir de Maio».
Neste momento, e graças a investimentos realizados pela Águas do Algarve, há a possibilidade de captar parte do volume morto – a quantidade de água que não é possível retirar de uma albufeira, porque fica abaixo das condutas que normalmente são usadas para a aproveitar -, nas barragens de Odelouca, Odeleite e Bravura.
«Este ano temos folga para nos podermos focar mais tranquilamente nos processos que temos a andar. Porque, sem aquela pressão da seca, às vezes, também mediática, temos essa possibilidade de trabalhar melhor» no reforço da resiliência, concluiu Marisa Viriato.








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Ainda bem que há quem goste de escrever depois de constatar os factos no terreno.