A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) veio a público exigir uma «resposta urgente» aos problemas denunciados pelos profissionais do Serviço de Oncologia do Algarve, que os levou a pedir escusa de responsabilidade à administração da Unidade Local de Saúde do Algarve, no início de Abril.
Em causa está o que a FNAM apelida como «o colapso dos cuidados oncológicos no Algarve» e a «inaceitável degradação das condições de trabalho e dos cuidados prestados a doentes oncológicos na região».
«Num contexto já marcado por carências crónicas, a decisão de abandonar o projeto do Centro Oncológico de Referência do Sul (CORS), comunicada indiretamente através da imprensa, representa um sinal claro de desvalorização da saúde dos cidadãos algarvios. A proposta alternativa — uma estrutura a funcionar apenas em 2030, em Loulé, sem ouvir os profissionais no terreno — é uma resposta tardia, insuficiente, desrespeitosa para com os médicos e, sobretudo, para com os doentes», considerou a FNAM.
Foi neste contexto que surgiram agora as denúncias «gravíssimas» de profissionais de saúde desta área, das quais a federação destaca «atrasos de meses na autorização de medicamentos e exames essenciais, com impacto direto na sobrevivência e prognóstico dos doentes», bem como «falta de condições físicas básicas, como casas de banho e água quente, que colocam em risco doentes vulneráveis».
A «carência extrema de recursos humanos, ausência de plano de fixação de médicos e normal funcionamento do internamento dependente de médicos internos», «avarias constantes em equipamentos críticos, nomeadamente para a preparação de quimioterapia», «carga assistencial insustentável e desorganização estrutural que comprometem a segurança clínica» e a «falta de participação dos profissionais nas decisões estratégicas sobre o futuro da oncologia na região» são outros dos problemas denunciados.
«A FNAM exige, com carácter de urgência, a atuação do Ministério da Saúde, ainda liderado por Ana Paula Martins, tendo feito a denúncia à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e Grupos Parlamentares. Não é admissível que os profissionais de saúde tenham de escolher entre cumprir a sua missão e proteger-se juridicamente da responsabilidade de trabalhar em condições que põem em causa a vida dos doentes», diz a federação.
Os representantes dos médicos exigem «a resolução dos constrangimentos apontados, com reforço de recursos humanos e técnicos, a garantia de que decisões estruturantes, como a criação de centros oncológicos, envolvam os profissionais do SNS e a valorização efetiva do trabalho médico, com condições de trabalho dignas e seguras».