O Algarve entrou na Primavera com as reservas hidrológicas “em alta”, com níveis que já não se registavam há muitos anos, quer no Barlavento, quer no Sotavento. Fazendo as contas às seis albufeiras da região, o nível de armazenamento estava, a 31 de Março, segunda-feira, nos 86%, mais do dobro do registado no mesmo dia de 2024.
Em volume, está-se perante um aumento de quase 200 hectómetros cúbicos (hm3), que é quase a quantidade de água de superfície utilizada na região em dois anos, segundo valores apontados recentemente por Pimenta Machado, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, que diz que são usados, em média 110 hm3 de água das barragens, por ano, no Algarve, para abastecimento público e agricultura.
Segundo dados oficiais da Agência Portuguesa do Ambiente, no último dia de Março de 2024 havia um total de 182 hm3 de água armazenada nas seis albufeiras algarvias (volume total, nem todo passível de ser aproveitado). Um ano depois, a quantidade de água nas mesmas albufeiras ascendia a 383 hm3.
Só olhando para o aumento verificado ao longo do passado mês de Março, os valores impressionam, principalmente no Barlavento Algarvio.
Das quatro barragens existentes na zona mais a Oeste da região, uma, a do Arade, na bacia hidrográfica com o mesmo nome, era, há um mês a segunda com menor percentagem de volume armazenado no país – 18% – e das duas únicas em Portugal Continental com menos de 20%.
Na mesma bacia hidrográfica, a barragem de Odelouca, a maior da região e que foi construída com a perspetiva de ser o “abono” do Algarve, no que às disponibilidades hídricas diz respeito, a percentagem de volume armazenado era de 44%, a 3 de Março. No mesmo dia, a Bravura, a única albufeira da bacia hidrográfica das Ribeiras do Barlavento, estava a 28% da sua capacidade, também numa situação preocupante, no panorama nacional – só havia seis com mais de 20% e menos de 40%.
Cerca de um mês depois, era realidade é bem diferente.
A Barragem do Arade subiu de 18% para 59% da sua capacidade total, enquanto a de Odelouca estava, a 31 de Março, a 86%, quase o dobro em relação ao início do mês.
A barragem da Bravura, que esteve anos e anos consecutivos no “vermelho”, subiu dos 28% para os 57%.
A outra barragem do Barlavento Algarvio, a do Funcho (Bacia Hidrográfica do Arade), saltou de 51% para 85%, num mês.
No Sotavento, que já tinha começado o mês numa situação confortável (Beliche a 74% e Odeleite a 81%), o volume armazenado em ambas as albufeiras, a 31 de Março, andava muito próximo dos 100% – e já depois da Águas do Algarve ter feito duas pouco vistas descargas preventivas, no dia 18, para acautelar os efeitos da depressão Martinho.
A 31 de Março, Odeleite, a segunda maior barragem da região, estava a 98% da sua capacidade total e Beliche estava 94%.
Até final do mês, e antes da chegada do Verão, os modelos meteorológicos apontam para a ocorrência de mais chuva, por vezes intensa, nas regiões do Sul de Portugal Continental, pelo que os volumes armazenados poderão aumentar ainda mais.
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