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As Publicações D. Quixote completam na terça-feira 60 anos que celebram com uma antologia, uma obra sobre a sua fundadora Snu Abecassis, a criação do Prémio Nuno Júdice e a manutenção do seu compromisso com a liberdade.

As iniciativas dos 60 anos da D. Quixote incluem ainda o regresso, em edição especial, de seis títulos «marcantes na história da ficção universal», de Gabriel García Márquez, Han Kang, Mário Vargas Llosa, Milan Kundera, Sándor Marai e Salman Rushdie, a criação de uma identidade gráfica para o género policial e a identificação da “Página 60”, de um livro de cada autor português, com uma ilustração alusiva à «liberdade editorial, de pensamento e de expressão», na base da criação da editora, atualmente parte do Grupo Leya.

As Publicações D. Quixote abriram portas a 1 de Abril de 1965, por iniciativa de Snu Abecassis. Desde o início, a editora desafiou as autoridades da ditadura e os seus dogmas, ao publicar títulos sobre temas tão distintos como controlo da natalidade, a guerra do Vietname, a crise da Igreja e a abertura aos problemas sociais, a Primavera de Praga e o apartheid na África do Sul, e autores como Jean-Paul Sartre, Andre Robbe-Grillet, Noam Chomsky, Miguel Angel Astúrias, Andrei Sakharov, Vassilis Vassilikos, Vladimir Maiakovski, Yevgeni Yevtushenko.

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O Prémio Nuno Júdice, que toma o nome de um dos principais autores da Dom Quixote, tem por objetivo «dar à poesia a importância que merece, e homenagear Nuno Júdice (1949-2024)», indica o comunicado da editora enviado à agência Lusa.

«O Prémio de Poesia Nuno Júdice, cujo regulamento, constituição do júri e valor monetário serão revelados em breve, destina-se a livros inéditos e está aberto a todos os candidatos. O livro vencedor será depois editado e publicado pela Dom Quixote em Março, mês da poesia, do ano seguinte».

As candidaturas à primeira edição do prémio, a atribuir no próximo ano, abrem no próximo dia 29 de Abril, data de aniversário de Nuno Júdice.

A edição do livro “Snu e a Vida Privada com Sá Carneiro”, da jornalista Cândida Pinto, está também no plano da Dom Quixote, mas já para este ano, enquanto a publicação da antologia “60 Anos, 60 Poemas”, culminará as seis décadas de atividade da editora em março de 2026.

Para os próximos meses, está anunciada a reedição de seis livros “marcantes na história da ficção universal”, traduzidos e publicados pela primeira vez em Portugal com o ‘selo’ da Dom Quixote, a surgirem agora numa “edição especial”: “O Amor nos Tempos de Cólera”, de Gabriel García Márquez (1927-2014), a publicar em Maio próximo, “A Insustentável Leveza do Ser”, de Milan Kundera (1929-2023), em Junho, “As Velas Ardem Até ao Fim”, de Sándor Marai (1900-1989), em Julho, “Os Filhos da Meia-Noite”, de Salman Rushdie, em agosto, “As Travessuras da Menina Má”, de Mario Vargas Llosa, em Setembro, e “A Vegetariana”, de Han Kang, em outubro.

Ainda no plano editorial, «todos os livros de género policial, o ‘noir’, passam a ter uma nova identidade gráfica, que será acompanhada pela criação de novas páginas de redes sociais, exclusivas para esta coleção, ‘DQ Noir’».

A Dom Quixote conta com mais de 100 títulos de autores de policiais e visa, com esta nova coleção, «aproximar-se mais dos leitores e amantes de livros deste género literário».

A “página 60” é outra iniciativa com a qual a Dom Quixote pretende «agradecer aos seus autores a confiança que nela depositam e reconhece a sua importância, decisiva para o sucesso da editora».

Assim, «um livro de cada autor português será tornado exemplar único com a inserção, na página 60, de uma ilustração da autoria de Bárbara Assis Pacheco – uma ave que alude à liberdade que as Publicações Dom Quixote orgulhosamente ostentam desde a sua fundação».

A editora dinamarquesa Ebba Merete Seidenfaden (1940-1980), conhecida como Snu Abecassis pelo seu casamento, em 1961, com Alberto Vasco Abecassis, fixou-se em Portugal em 1962, fundando a editora três anos mais tarde, com Vasco Abecassis e António Neves Pedro.

«Foi precisa muita coragem para, em nome da liberdade de expressão, ter a ousadia de publicar o que não podia ser publicado, desafiando e afrontando os poderes e as normas então vigentes», escreve a Dom Quixote sobre a sua primeira responsável, no comunicado hoje divulgado.

Ainda nos anos 1960, os quatro primeiros livros da coleção Cadernos Dom Quixote, dedicados ao conflito israelo-árabe, à situação na América Latina, às lutas anti-segregação nos Estados Unidos e ao regresso da Grécia ao autoritarismo, foram apreendidos pela PIDE, polícia política da ditadura do Estado Novo.

O confronto com as autoridades agudizaram-se a partir de 1967, quando o poeta soviético Yevgeni Yevtushenko visitou Lisboa a convite da editora, «acabando perseguido pela polícia política».

Mais tarde, nos anos 1980, já depois da queda da ditadura e da morte da sua fundadora, a Dom Quixote não hesitou em publicar “Os Versículos Satânicos”, de Salman Rushdie, quando «foi decretada a pena de morte pelo aiatola Khomeini [fundador da República Islâmica do Irão]», ao escritor, «que colocou em risco de vida editores e tradutores do livro, um pouco por todo o mundo», recorda a editora.

Hoje, passados 60 anos, a Dom Quixote afirma-se «determinada a manter o compromisso e os princípios que estiveram presentes desde a sua fundação»: “Liberdade editorial, de pensamento e de expressão”.

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