Hélder Martins, 67 anos, que é o candidato escolhido pelo Partido Social Democrata (PSD) à Câmara Municipal de Loulé, já teve vários cargos regionais de relevo a nível oficial, mas tem sido, nos últimos anos, empresário de sucesso e presidente da mais importante associação hoteleira do Algarve (a AHETA), que ajudou a ressuscitar. Em entrevista ao Sul Informação, Hélder Martins confessa que, pelo trabalho que tem estado a desenvolver a nível privado, é preciso uma certa dose de «loucura» para aceitar voltar a candidatar-se à Câmara de Loulé. Mas assume esse desafio.
Quanto à autarquia, governada desde há doze anos pelo socialista Vítor Aleixo, o candidato social-democrata considera que, apesar de ser a Câmara mais rica do Algarve, há muito trabalho a fazer. E espera que à segunda seja de vez e o PSD volte a ganhar a presidência da Câmara louletana.
A candidatura de Hélder Martins vai ser apresentada oficialmente no próximo sábado, dia 5 de Abril, às 18h00, no Salão de Festas de Loulé.
Sul Informação – O PSD já não lidera a Câmara de Loulé desde 2013. Acha que uma eventual saturação de 12 anos de PS pode contribuir para a reconquista da Câmara pelo PSD?
Helder Martins – Pode, mas eu não acredito muito nisso. É verdade que há mais de 40 anos que, em Loulé, de 12 em 12 anos, se muda de presidente da Câmara. Isso aconteceu de novo há 12 anos e agora diz-se que existe alguma saturação em relação ao PS. Por outro lado, há outro dado, a que eu também não atribuo nenhuma possibilidade de ter aqui algum impacto, que é o facto de que desde há 36 anos que nenhum candidato a presidente de Câmara ganha à primeira: Joaquim Vairinhos ganhou à terceira, Vítor Aleixo e Seruca Emídio ganharam à segunda. Isso vale zero. Eu não ganhei da primeira vez que me candidatei. O que conta é, no dia das eleições, onde é que o eleitor põe a cruz.
Mas creio que existe, de facto, alguma saturação. Existe algum cansaço em relação àquilo que tem sido uma ausência de políticas decisivas para o futuro do concelho de Loulé, que tem o maior orçamento do Algarve e o sétimo ou oitavo maior do país, um dado que, no fundo, não se traduz em melhoria das condições de vida das pessoas e, portanto, isso terá o seu impacto.
Mas o que terá realmente o impacto são as propostas e as equipas que nós vamos apresentar.
SI – O Hélder Martins já foi candidato do PSD em 2013, mas foi derrotado. O que o levou a ser candidato de novo?
HM – Eu nunca fui uma pessoa que dependesse da política para viver. Há aquelas pessoas na política que, se não tiverem este lugar, têm que ter aquele. Eu nunca fui assim.
Perdi as eleições em 2013, assumi essa derrota, porque, quando nós perdemos, somos o único que perdeu, quando ganhamos, todos ganhamos. E, no dia a seguir, eu estava a trabalhar na vida ativa como sempre estive até hoje. E fiz a minha vida a partir dessa altura fazendo o que sempre fiz, que é aquilo que me dá prazer. Já tive mudanças de atividade, mudanças de emprego, simplesmente porque havia outro projeto que eu achava mais aliciante, sem olhar só ao dinheiro.
No meio disto, surge um projeto familiar que muito prazer me deu: compro um hotel e a minha dedicação passou a ser a 200% ao hotel e à minha família. Passados sete ou oito anos, perante muitas propostas de venda do hotel, perante alterações estruturais, nomeadamente no preço do dinheiro – eu, para comprar o hotel, tive que fazer um financiamento – e ainda perante a opinião da família, acabámos por vender esse hotel.
Mas já nessa altura eu tinha recebido um convite para um lugar que é dos mais bonitos para trabalharmos no Algarve que é o de presidente da AHETA [Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve].
Já tinha trabalhado em dois outros lugares: um foi na Região de Turismo do Algarve e o outro foi na Junta de Freguesia de Querença. Da primeira vez que fui candidato à Junta de Freguesia da minha terra, não havia rigorosamente nada, a Junta tinha dois dossiês, uma máquina de escrever e as carências eram básicas.
Voltando à situação atual: nos últimos anos, tenho sido presidente da AHETA e estou a preparar, neste momento, um outro projeto com a minha família.
Entretanto, há nove meses, quando houve mudanças no PSD/Loulé, eleições internas, eu sou convidado, pergunta-me se quero aderir a algum lugar político ou partidário, e eu disse que não, não tinha nenhum objetivo político ou partidário para ir ocupar um lugar na Concelhia ou onde quer que fosse. E a segunda pergunta que me fizeram foi se eu aceitaria ser candidato à Câmara, qual era a minha posição sobre isso.
E eu disse: se quiserem, estou disponível para utilizarem o meu nome para uma sondagem. Tudo isto passou, passou muito tempo e, quando essa sondagem é feita, eu estava plenamente convencido de que seria outra pessoa a ganhar.
No dia em que me telefonaram a dizer “o teu nome é o que vai ser proposto”, eu equacionei a minha vida, tive de falar com os meus vice-presidentes e com as pessoas da AHETA. Quis também falar com um conjunto de intervenientes no processo e com a minha família.
Já agora, se quiser saber, a resposta que a minha mulher me deu foi esta: “pensava que a tua dose de loucura estava mais baixa, mas estou a ver que está alta”.
Estou numa fase da minha vida em que faço o que me dá prazer. Pertenço a “n” organismos por inerência e posso estar na AHETA mais 12 anos se ganhar as eleições, fui eu que impus uma limitação de mandatos.
Perante tudo isto, fui falar também com os intervenientes do partido. E falei com todos, desde Mendes Bota, Seruca Emídio, José Graça. Todos os intervenientes possíveis com quem eu tinha tido, eventualmente, algum diferendo há 12 anos e tínhamos estado em lados diferentes da barricada. Toda a gente me disse que o partido estava unido, que tínhamos que trabalhar em conjunto e eu senti essa motivação. É por isso que estou aqui com uma ideia de dar o máximo ao meu concelho, onde eu sempre vivi e, por outro lado, não tendo nenhum outro objetivo que não seja a Câmara de Loulé.
Normalmente, a pessoa concorre à Câmara e quer ser deputado ou quer ser outra coisa. Eu já tive a oportunidade de ser deputado, não quis, partilho da opinião do Dr. Francisco Amaral sobre a inutilidade da maior parte dos deputados que estão no Parlamento.
O meu objetivo chama-se Câmara Municipal de Loulé, nos próximos anos, para projetar este concelho para o futuro e não apenas no dia a dia.

O partido «está unido»
SI – O processo de escolha do candidato do PSD, como já disse, durou algum tempo e o partido até fez uma sondagem para auscultar os munícipes. Como está o partido atualmente? Unido? Terá os restantes candidatos consigo nas listas?
HM – Em termos do partido estar unido, desde a segunda candidatura de Seruca Emídio que eu não vejo o partido tão unido. A casa estava cheia, toda a gente a intervir, os diferentes intervenientes a dizer que estamos aqui, pelo nosso objetivo, ninguém discute o lugar.
Ainda não pensei em lugares para a lista da Câmara, porque defini uma estratégia que é: primeiro vamos às Freguesias, depois Assembleia Municipal e Câmara.
Na sondagem, havia cinco nomes. Falei com todos eles e todos esses cinco elementos estão hoje a trabalhar no objetivo que é encontrar as melhores soluções para as freguesias.
Se me perguntam: alguns deles integrarão a lista? Provavelmente sim, mas não têm que ser os cinco. Mas o que eles me disseram foi: eu não estou aqui pelo lugar, estou aqui por um projeto, conta comigo quando quiseres. E isso é muito importante nesta fase.
SI – E o PSD, aqui em Loulé, fará alguma coligação?
HM – Faremos a coligação normal da AD e estamos a estudar o alargamento dessa coligação, processo que não está fechado ainda. Mas, neste momento, estamos a trabalhar, essencialmente, com o CDS, que tem alguma expressão no concelho e tem pessoas muito válidas.
Vamos ver, dentro de pouco tempo saberemos se essa base é alargada ou não, estamos em conversação.
SI – Imagine um cenário em que o PSD ganha, mas sem a maioria dos vereadores. Como tenciona governar a Câmara? Com acordos caso a caso ou não exclui alianças, por exemplo com o Chega?
HM – Com o Chega ou com o Partido Socialista. Nas Autárquicas anteriores, em Albufeira aconteceu exatamente isso, a presidente da Câmara ganhou sem maioria e fez um acordo de gestão com o Partido Socialista.
SI – Esse acordo em Albufeira não foi bem com o Partido Socialista, foi antes com o vereador eleito pelo Partido Socialista…
HM – Mas era o candidato do Partido Socialista, no fundo, era o primeiro rosto do partido.
Mas eu penso que primeiro é preciso ganhar as eleições. Se ganhar as eleições, perante os cenários que venham a existir, se decidirá que acordos de regime se faz ou se não se faz acordos. Porque eu acredito que os outros cabeças de lista que estarão na corrida (que não sei ainda quem serão todos) estão ali porque são do concelho de Loulé e querem o melhor para o concelho.
Como eu não tenho intenções de fazer atos de gestão meramente político-partidários, acredito que isso não será um problema.
SI – Na sua opinião, Vítor Aleixo, que tem sido o presidente da Câmara, eleito pelo PS, nestes últimos 12 anos, deixa algum legado importante em alguma área que queira continuar?
HM – Infelizmente, tenho pensado muito nos últimos tempos e não encontro esse legado. Existe algum trabalho feito na área da Cultura, mas uma cultura que, na minha opinião, é um pouco sectária, ou seja, a cultura que o Partido Socialista tem feito no concelho de Loulé é muito focada em políticas de extrema-esquerda.
Se for ver o calendário de atuações de artistas, por exemplo, estes estão conotados com uma determinada área política e sabemos que normalmente a cultura tem um peso de esquerda.
Naquilo que é importante para resolver os problemas das pessoas, acho que nós podemos considerar 20 itens para avaliar. Mas há três ou quatro coisas mais importantes. A primeira é a Habitação.
Diz-se que a Câmara de Loulé tem 100 milhões no Banco. A Câmara transita do ano de 2024 para 2025 com 70 milhões, ou seja, do orçamento que tinha para o ano passado, há um terço que não conseguiu gastar.
E quando agora a Câmara lançou um concurso para as pessoas se inscreverem para uma casa, para 50 e poucos apartamentos que está a construir, inscreveram-se 1.900 famílias. Significa que há uma enorme carência nessa área.
Eu não seria um presidente feliz num fim de um mandato se tivesse a carência habitacional que Loulé tem e se tivesse os problemas estruturais que o concelho tem.
Depois, Vitor Aleixo partiu com três ou quatro objetivos muito claros, grande parte deles em Quarteira.
Por exemplo, a questão do Centro Cultural de Quarteira. Há 12 anos, há oito anos, há quatro anos, era um objetivo, mas hoje não há projeto sequer. Existe o terreno, não há projeto.
O mercado de Quarteira é outro objetivo. Quarteira tem o melhor mercado de peixe do Algarve, mas que funciona num espaço que é um bocadinho terceiro mundo, em instalações. Existe um projeto para o mercado, mas esse projeto só agora estará em concurso público.
Estacionamento, zero. Comércio tradicional, zero.
Vitor Aleixo, quando concorreu comigo, dizia que, com ele, não haveria mais grandes superfícies comerciais no concelho. Mas foi quem mais aprovou, nunca se aprovou tanta superfície comercial na Câmara de Loulé. E com uma perspetiva que eu acho que, politicamente, é uma atitude que não se deve ter, ou seja, os projetos das superfícies comerciais eram aprovados quando o presidente da Câmara ia a Lisboa e não estava na sessão de Câmara, e depois ele não ia à abertura.Não foi à abertura do IKEA, não foi à abertura de uma série de outros, e mandava o vice-presidente.
Portanto, capitalizando 2 mil milhões de euros, que foi o que a Câmara de Loulé teve para gastar nestes 12 anos, a única coisa que eu vejo é um aumento extraordinário do número de funcionários, mas o aumento da qualidade de vida dos cidadãos do concelho não existe, comparado com isso.

Metrobus para Loulé não será concretizado e é «questão política»
SI – Referiu há pouco a questão do estacionamento e esse é um problema sobretudo nos centros urbanos principais, Loulé e Quarteira. Aqui no centro de Loulé, onde estamos a fazer a entrevista, por exemplo, considera que isso é um problema?
HM – Muito grande! E inclua também Almancil, que agora tem o título de cidade, embora não tenha as condições para ser cidade.
No centro, o estacionamento é pago e tem que ser pago, mas devia haver aqui um período de carência, que podia ser de uma hora, desde que a pessoa comprovasse que fez compras no comércio local ou que veio tratar de algum assunto. E depois, ao invés de, no minuto seguinte, estar a ser autuada, a pessoa ter a possibilidade de ter meia hora ou 45 minutos de tolerância. Isso ajudava.
Por outro lado, não haver uma bolsa de estacionamento aqui complica muito a possibilidade de pessoas com dificuldade de mobilidade ou outra qualquer acederem ao centro.
Existe uma rede de transportes, é verdade, mas essa rede de transportes, se eu quiser estacionar a 500 metros daqui ou a 800 metros, para vir ao mercado, essa rede não me serve.
Portanto, para mim, o estacionamento nestas três cidades é um problema que é preciso resolver no próximo mandato, encontrar bolsas de estacionamento com uma dimensão adequada. Não tem que se fazer um silo de estacionamento no centro de Loulé para 500 carros, mas, se calhar, se for para 50 ou 80 melhora muito. Se calhar, terá que se fazer mais um piso no estacionamento atual, junto ao Tribunal.
Mas se não houver esse estacionamento, a Norte, a Sul, à direita, à esquerda, é muito mais difícil termos qualquer atividade económica aqui. Quarteira é exatamente igual. Quarteira tem problemas estruturais e o estacionamento é um problema.
SI – E reforçar e reformular os transportes públicos não seria suficiente? Em toda a Europa, está a tirar-se os carros do centro das cidades, a diminuir os lugares de estacionamento, mas reforçando os transportes públicos. Isso não seria uma opção aqui?
HM – Não sei se se está a referir ao tema do momento, que é o Metrobus, mas entronca nisto que vamos falar: Loulé, Quarteira, deviam ter, na sua periferia, uma zona intermodal, onde eu pudesse estacionar o carro e apanhar um transporte para o centro.
Na minha geração, nem nas seguintes, não acredito que esse transporte seja o Metrobus, porque o projeto do Metrobus para Loulé é meramente político. Para esse tipo de transporte vir a Loulé, a obra é tão difícil, que eu não acredito que haja dinheiro para a fazer. Foi lá posto, no projeto, o traçado até a Loulé, por uma questão política.
Mas se eu tiver uma possibilidade de usar diferentes tipos de transporte dentro das cidades, posso deixar o meu carro na periferia e, a partir dali, deslocar-me. E esse transporte passa por uma viatura de 12 ou de 14 lugares, até um mini autocarro, não tem que ser tudo em autocarro.
Pensando na qualidade de vida das pessoas é muito importante tirar o trânsito do centro das cidades, mas para o tirar, tem que ser possível trazer as pessoas até ao centro, com um transporte elétrico, sem poluição.
Atualmente, se eu quiser fazer compras para um negócio e comparar o Mercado de Loulé com o de Faro, eu vou a Faro. Porquê? Porque ali tenho um mercado, tenho um parque de estacionamento no mesmo local, carrego o que tiver de carregar e ponho dentro do carro sem dificuldade, não tenho de andar 500 metros ou 600 metros com a carga às costas.
E, por tudo isso, o estacionamento tem que ser um objetivo do próximo mandato.

PDM tem de definir políticas para o interior, habitação, fixação de empresas
SI – – O concelho de Loulé é o maior do Algarve e também o mais rico. No entanto, é um concelho muito diverso, com um litoral muito populoso, onde se situa a maioria das infraestruturas públicas, hotéis, etc, e um interior despovoado. Como pretende atacar estas profundas assimetrias?
HM – Quando fala do concelho rico é bom que as pessoas tenham a noção que entram diariamente, em média, 700 mil euros por dia na Câmara, são as receitas diárias da Câmara. O interior é um tema que me é muito querido. Eu nasci no interior, vivi a maior parte da minha vida no interior. Até aos meus 20 e poucos anos, não tinha água canalizada, a casa onde vivi nunca teve, nem tem ainda, esgotos, e a estrada, quando eu vinha estudar para Loulé, fazia cinco quilómetros a pé para apanhar o autocarro. Portanto, conheço o que é o interior. Existem hoje muitos estudiosos do interior, mas eu conheço a realidade. Ainda hoje pego num trator para lavrar as terras.
E o interior tem sido alvo de um conjunto vasto de planos, tem havido planos para todos os gostos. Por exemplo, o Projeto Querença, que foi muito interessante, mas disse-se logo que, passado um ano ou dois, aquelas entidades todas iam-se embora de lá. E foi o que aconteceu. Quem estava lá ficou com os mesmos problemas.
O interior tem um problema de fixação de pessoas. Neste momento, não há uma única casa na zona central de Querença, Tôr, Salir e Benafim. Apareceu um empreendimento turístico, criou 200 postos de trabalho e as pessoas querem fixar-se lá, mas não há casas.
Aí entronca numa questão que eu pretendo resolver, que tem a ver com as chamadas casas de função, por exemplo para quem trabalha no turismo.
Falo-lhe do meu caso: em Querença, tenho uma casa com 200 anos, que, no tempo dos meus bisavós, tinha um quarto com 10 metros quadrados e isso chegava. Mas hoje gostaria de ter 20 metros, só que é ilegal, não posso ampliar.
Mas, ao meu lado, alguém compra um terreno por 15 mil euros, põe uma casa de madeira, uma rulote ou uma autocaravana e vive lá no dia a seguir,
O interior tem que ser atacado com políticas de fixação de pessoas. Se não tiver pessoas, não há dinâmica que valha. Hoje tem algumas pessoas, mas são estrangeiros idosos, que não têm crianças, que não geram muita atividade.
O plano para a habitação no concelho, para mim, passa pelo interior também. Ou seja, em cada freguesia, deve haver a possibilidade de fixação com autoconstrução, com habitação a custos controlados, com habitação social.
As pessoas hoje não se importam, e aí entronca na questão do transporte, de que falávamos há pouco, de viver na serra e trabalhar em Loulé. Desafio-vos a irem às oito da manhã à estrada Salir-Loulé: é uma fila compacta de carros para baixo, com uma pessoa por carro em média, e que vem trabalhar ao litoral, regressando às cinco da tarde.
Essas pessoas moram no interior, ou porque gostam, ou porque o preço, se calhar, era mais atrativo, embora hoje esteja brutal.
Depois, temos de falar da fixação de atividades económicas no interior. Aquilo que a Câmara fez, e bem, numa pequeníssima escala, de criar alguns armazéns e de os ceder a empresas, é o que se deve fazer.
Em cada sítio deve haver, com várias dimensões, sítios para nós fixarmos empresas. Fixando empresas, eu gero trabalho. Se gero trabalho, a pessoa fica lá. Se a pessoa fica lá, tem filhos que ficam na escola ou é no restaurante que funciona. É assim que se dinamiza o interior.
O PDM não abre portas para nada disto. É preciso repensar este PDM de novo. Aliás, o PDM não será aprovado neste mandato, porque desde há 12 anos que não avança e agora voltou para trás outra vez, a CCDR devolveu o documento à Câmara.
Com o que está proposto, vai deixar de haver espaços urbanizáveis em locais onde eles existiam, vai haver apenas território urbano e rústico, ou seja, a tentativa é de não se construir mais no interior. E se não se construir no interior, o interior continua desertificado como está até hoje.
Para o interior, eu terei um conjunto de políticas, das quais lhe digo apenas uma: se houver uma família que recupere uma casa para lá morar, essa família tem que ter uma carência total de licenças, de impostos e durante 15 ou 20 anos não vai pagar IMI.
É evidente, se a casa for para negócio, pagará. Agora, se for para se fixar lá, defendo que a Câmara a deve isentar durante 15 ou 20 anos de IMI, não deve cobrar a licença de obras.
É muito dinheiro? Não é, mas é uma ajuda que se dá a essas pessoas. Porque, se não for assim, a pessoa vai comprar ou vai-se fixar em outro lado e deixa de haver vida no interior.
SI – E em relação à nova Lei dos Solos, acha que isso pode ser útil para o concelho de Loulé?
HM – Acho que sim. Não conheço a versão final, depois da discussão com o Partido Socialista. Se for para fins públicos, se se puder desclassificar um terreno, para lá fazer habitação, por exemplo, ou instalar um determinado equipamento, acho que será útil. Hoje temos o concelho de Loulé, na sua maioria, como Reserva Ecológica, Rede Natura, Reserva Agrícola, tudo isso. Estas limitações foram feitas sem olhar ao terreno.
Hoje há terrenos que não produzem nem pedras e que são Reserva Agrícola. E, portanto, se desses terrenos se tirar uma determinada faixa para fins públicos, eu estou plenamente de acordo. Participei nesta discussão, enquanto presente da AHETA, para podermos construir habitação social para os nossos trabalhadores.
O que não se pode é abrir a possibilidade de construirmos em todo o lado. Isso não pode ser. O interior não pode ser densificado por Armação de Pêra ou Quarteira. Tem de se manter as suas características, mas temos de resolver problemas que não resolvemos no litoral.
SI – Falou há pouco do PDM, o Plano Diretor Municipal, cuja revisão, em Loulé, como em outros concelhos, parece ser um processo sem fim à vista. O que é que o novo PDM deveria, de facto, definir?
HM – Outro exemplo para além da habitação, tem a ver com a fixação de empresas, Não há espaços para isso, no concelho de Loulé. Dou-lhe um exemplo concreto: há pouco tempo, quando a Lufthansa decidiu instalar-se em Santa Maria da Feira, eu recebi um contacto a dizer “isto era bom para Loulé”. Pois era, mas onde?
Loulé não tem um sítio. Teve a zona industrial do IKEA, a zona empresarial do IKEA, que caiu do PDM. Tem um da empresa do Reinaldo Teixeira, que começa na Fábrica da Cerveja e vai até à Via do Infante, onde esteve para se instalar o IKEA, que há 12 anos está exatamente na mesma, em termos de aprovação. E não tem nenhum outro sítio onde se possa fixar uma empresa de média dimensão. Tem para armazéns com 200 metros quadrados, que são importantes, mas não chega.
O PDM tem de prever zonas de desenvolvimento futuro, na área de fixação de empresas, na área de equipamentos. É que é impensável que hoje, se a Câmara quiser fazer uma escola ou outro equipamento, não tenha terreno para isso.
E não tem nem para a habitação. Não vale a pena dizermos que existem casas devolutas. Existem, mas não há uma forma para conseguir pô-las no mercado, porque têm problemas de herdeiros, têm problemas de acessibilidade, têm problemas de reconstrução, que é muito cara. Veja-se aqui no centro de Loulé. Há muitas casas antigas, são muito bonitas, mas eu não chego lá com o meu carro, e, se eu não chego lá com o carro para carregar qualquer coisa, eu não a utilizo. Portanto, têm que ser criadas zonas de desenvolvimento na periferia das cidades e também nas freguesias. O PDM não permite isso e vai continuar a não permitir.
Não conheço em detalhe o processo, mas o presidente da Câmara disse, numa Assembleia Municipal, que, dentro de poucos meses, o PDM estava aprovado. Mas nem consulta pública teve. A Câmara enviou o documento para a CCDR Algarve e foi devolvido. Está na estaca zero. E sendo devolvido, não por questões parciais, mas na totalidade, é preciso pegar nele e repensá-lo.
E é isso que eu penso fazer, se for eleito. No primeiro dia, criar uma equipa multidisciplinar para repensar o PDM, discutindo com as entidades, mas dizendo que o concelho de Loulé não pode parar como está, tem de ser pensado para os próximos 25, 30 anos, e é preciso que o PDM reflita isso. Hoje não reflete.
SI – Uma questão que é sempre falada em relação ao concelho de Loulé é o Parque das Cidades, cuja gestão é dividida com o Município de Faro. Qual é a sua visão para o Parque das Cidades?
HM – Estive na génese do Parque das Cidades, quando o presidente da Câmara de Faro era Luís Coelho e o de Loulé era Vítor Aleixo. Depois entrou Seruca Emídio e eu estive com ele nessa discussão. Já estava adjudicado o estádio e ainda havia muitas pessoas que diziam “porque é que não param isso”? Foi feito, teve um impacto extraordinário, em termos de imagem, é um espaço que existe. Agora, tem que ser pensado. Desde 2004 que o estádio ali está e que, à volta, pouca coisa nasce. Aliás, o que havia até tem desaparecido.
O caso do Centro Oncológico é um exemplo de como não se deve fazer. Ou o caso do hospital, que é uma reivindicação que todos nós temos desde há 20 anos.
O Parque das Cidades é um equipamento público dividido pelos dois concelhos, que devem assumir a sua gestão. Para perceber a importância, até a divisão dos dois concelhos passa por meio das balizas, para que o estádio seja dos dois concelhos, e é uma gestão partilhada entre as duas partes.
O Parque das Cidades está pago, deixou de ter um exercício de dívida nas Câmaras. Agora é preciso que ele sirva para trazer grandes investimentos para os dois concelhos, para o Algarve.
Porque se trata de um equipamento de toda a região, mas para o qual não há, nem nunca houve uma visão estratégica regional. O Parque das Cidades sempre foi visto como um investimento dos dois concelhos de Loulé e de Faro.
O Parque das Cidades limita-se a ter um mero estádio, onde já aconteceram coisas muito importantes, mas tudo o que vem além do estádio é que marcaria a diferença.

Falta muito para que Almancil tenha qualidade de vida de cidade
SI – – Almancil é a terceira cidade do concelho de Loulé. Que responsabilidade acrescida traz isso para o Município?
HM – Traz uma responsabilidade de planear e executar. Eu, no plano que vou apresentar aos eleitores do concelho, vou definir duas áreas de atuação. A primeira é uma área de atuação para quatro anos, onde nós podemos projetar e fazer.
E a outra é um plano de atuação para os próximos anos. Há questões estruturais que não se conseguem fazer em quatro anos. Eu defendo que o mandato à Câmara devia de ser cinco ou seis anos, mas serem dois mandatos apenas. Mas isso faz parte de outra discussão.
Almancil não tem nenhuma das carências básicas resolvidas. Repare que Almancil tem uma Junta de Freguesia, que, no fundo, é o elemento gestor da cidade e da freguesia, instalada no rés-do-chão de uma moradia. Nem sequer tem um centro autárquico, que é fundamental. Não tem uma piscina. Tem um pavilhão que custou uma fortuna, 17 milhões, que não serve para competições internacionais e não serve para muitas modalidades, mas está a servir para fazer bailes, o que já não é mau.
Não tem uma escola secundária. As escolas em Almancil, tal como no resto do concelho, precisam de ampliação. E Almancil continua a mandar os seus alunos para Quarteira ou para Loulé para fazer o secundário. Não tem bombeiros.
Deveria ter-se pensado em suprir estas carências antes de lhe dar o título de cidade. Agora já temos o título, muito bem, então agora vamos projetar, no próximo mandato, um conjunto de infraestruturas, das quais estamos a fazer o levantamento agora.
O que eu sinto que as pessoas moram em Almancil, por vários motivos: ou porque são de Almancil e têm Almancil no coração, ou porque trabalham no turismo ali próximo. E não se instalam mais porque não há disponibilidade. Não há habitação.
A grande curiosidade das pessoas é saber se, de facto, o passo a seguir a dar-lhe o título de cidade vai ser dar-lhe as condições para ser cidade. Almancil é a freguesia que mais gera receitas para o concelho de Loulé.
Almancil tem do melhor que há no mundo, em termos turísticos. Mas um turista que sai do aeroporto de Faro, o próprio GPS manda-o passar pelo Ludo, manda passar por uma estrada que é agrícola, que ardeu. E uma pessoa que vem para um hotel de 5 estrelas pergunta: mas o que é isto? Nem o GPS a manda para o centro de Almancil. E os próprios transportadores também não passam pelo centro de Almancil porque acham que não é atrativo.
O que é que acontece? O turista fica no hotel e não tem nenhuma vontade de sair e de vir à terra.
Portanto, Almancil é um grande desafio, tal como Quarteira também é, para estes próximos anos, para dotar essas cidades de qualidade para quem lá vive e para quem visita. Hoje não têm.
SI – Uma das questões interessantes do Algarve, neste momento, é o facto de se ter tornado cada vez mais multicultural e isso vê-se, por exemplo, nas escolas, nomeadamente nas do concelho de Loulé. Como é que encara essa questão e o que é que deve ser feito para a plena integração das comunidades migrantes no Algarve?
HM – Só como exemplo, a minha mulher é professora na Secundária de Quarteira, que tem alunos de mais de 55 nacionalidades. Isso dá bem a imagem das pessoas que escolhem a nossa terra para trabalhar e para viver. Existem hoje algumas associações que fazem um excelente trabalho nesse aspeto. Não sinto que, no dia-a-dia, quer como empregador, quer como cidadão, haja uma qualquer rejeição em relação a essas comunidades. Nós integramos bem.
O que temos que fazer é o passo seguinte para as integrar, que passa, por exemplo, pela formação. Hoje, a maior carência que existe, no Turismo de Portugal, no Instituto de Emprego, que até tem verbas para isso, é o ensino de português para estrangeiros, para os integrarmos, pelo menos na língua.
E há a questão da habitação. Hotéis do concelho de Loulé, assim que aparece um apartamento disponível, vão alugá-lo para os seus funcionários. Mas, infelizmente, ainda temos hoje, no concelho e no Algarve, muita gente que está instalada em situações de exploração humana, sem ter a mínima qualidade de vida, porque não há oferta.
Estas comunidades têm que ser integradas, fazem parte da nossa vida. Nós já não somos uma população apenas daqueles que nasceram no concelho ou no país. Somos uma comunidade de quem nos quer escolher para viver.
Os portugueses foram – e ainda são – um povo de emigrantes. O meu pai foi emigrante, muitos anos, em França. E hoje o que se passa cá é igual ao que acontecia com esses portugueses lá fora. Há comunidades que vêm cá ganhar dinheiro, estão cá durante uns anos e depois voltam à sua terra. E há outras que ficam cá, porque os filhos vão ficando também.
O trabalho de integração de toda esta gente, com as mesmas condições que nós temos, é o objetivo de todas as políticas públicas. E a Câmara não pode estar fora disso.
SI – – E quanto à segurança? Sendo Loulé um dos principais concelhos turísticos do Algarve, a segurança é sempre um fator crítico. O que prevê fazer?
HM – Há uma questão onde a Câmara falha completamente. Em alguns do concelho onde esse problema de segurança é mais crítico, está prevista a instalação de videovigilância. Há pouco tempo, quando fui assistir à instalação de videovigilância em Albufeira, pensei que Loulé já devia ter um sistema semelhante há muito tempo. De facto, a Câmara já tem essa intenção há muito tempo, mas o projeto está na estaca zero.
Não há uma situação de grande criminalidade no concelho, as forças policiais têm feito um excelente trabalho, já não temos aquela situação de há anos, com muitas moradias a serem assaltadas com violência no interior. Ainda há dias, na vivenda que foi assaltada em Vilamoura, as autoridades apanharam os assaltantes em pouco tempo, contiveram a situação.
Mas a Câmara de Loulé podia fazer mais, atendendo a que tem uma Polícia Municipal instalada, que sabemos que é mais administrativa, mas, neste caso, vale a presença física. Tem que haver aqui um trabalho, não só no litoral, onde existem as casas mais caras, mas no interior. Assaltar na serra de onde roubam 200 euros, se calhar corresponde ao mesmo que assaltar uma moradia aqui em Vilamoura, onde roubam 200 mil. 200 euros são fundamentais para essa pessoa viver. Hoje existem algumas intenções de espalhar a área territorial da GNR, que é a autoridade que tem a competência no nosso concelho. Loulé, no entanto, não tem situações gritantes de crime, é um concelho no geral seguro.
SI – O Hélder Martins, como já recordou nesta entrevista, foi presidente de uma Junta de Freguesia, presidente da Região de Turismo do Algarve, é empresário na área do Turismo e atualmente presidente da AHETA. O que é que toda essa experiência poderá trazer de novo à Câmara de Loulé, caso seja eleito?
HM – Eu tenho uma vantagem perante muitas outras pessoas: já estive dos dois lados da barricada. Além dessas funções públicas, já fui administrador nos Salgados, tive um hotel e eu sei o que é pagar impostos, sei o que é pagar salários, sei o que é contarmos os tostões para conseguir pagar esse valor. E, portanto, tenho a noção do que é estar na parte pública e na parte privada.
Muitas vezes, as pessoas que estão apenas na parte pública acham que o mal está todo nos privados. O atual presidente da Câmara não aprova mais projetos, porque acha que os arquitetos fazem mal aos projetos…. Ora, eu tenho essa vantagem, de já ter estado dos dois lados da barricada, uma experiência que quero pôr à disposição.
Depois, todo o caminho que eu fiz foi um caminho de aprendizagem. Fiz uma licenciatura aos 50 anos, não foi isso que mudou a minha vida, porque já tinha o mestrado da Escola da Vida desde os 18 anos de idade. Trabalho desde os 18 anos, até hoje, não tive um dia (nunca, felizmente!) de baixa, nunca estive afastado da realidade.
Nestes últimos 12 anos, tenho lidado com todo o desígnio empresarial, que é quem gera empregos, e lido também com a parte pública que controla essa situação. Todos estes anos têm sido muito importantes para mim, numa aprendizagem daquilo que é a vida e daquilo que deve ser.
Não existe uma Bíblia para alguém que quer ser Presidente da Câmara, a dizer que tem que cumprir estes 50 pontos, não! Existe a sensibilidade perante os problemas, perante as pessoas que são os nossos munícipes e é isso que eu conto pôr em prática, a partir do dia a seguir às eleições. Não preciso de um período de aprendizagem, conheço a Câmara de Loulé, já fui vice-presidente da Câmara, já estive, em tempos mais antigos, noutras funções na autarquia, como responsável pela animação, pelo Carnaval, pelas festas de Verão. Conheço a maior parte das pessoas. É verdade que só conheço alguns dos quase mil empregados que foram contratados nestes últimos anos… Mas tenho uma visão humanista das questões.
SI – A AHETA, sob a sua presidência, ressuscitou, ganhou nova vida, voltou a impor-se. Se for eleito presidente da Câmara, não teme que a AHETA possa ficar prejudicada?
HM – A AHETA viveu um período de 26 anos sob a presidência da mesma pessoa. Quando fui eleito presidente, a primeira medida que propusemos foi fazer a limitação de mandatos, porque acho que, quando nós estamos mais do que determinado tempo, perde-se a dinâmica. Ora, essa dinâmica está criada na associação. Tive a oportunidade de reunir-me com a direção da AHETA quando fui convidado [para ser candidato do PSD à Câmara de Loulé] e partilhei esse convite com eles. Continuarei a assumir o meu trabalho na AHETA até ao período da campanha eleitoral, suspenderei durante a campanha e depois logo se vê. Na AHETA, vai haver eleições de novo no fim deste ano e há hoje um conjunto de empresários capazes de assumir a presidência, porque a máquina da AHETA está preparada.
Portanto, haverá uma solução entre os sócios da AHETA, que encontrarão a solução para manter a dinâmica. Quando esta direção a que presido foi eleita, foi com a unanimidade dos votos de todas as pessoas presentes. Isso é um sinal de confiança muito grande.
Em relação ao trabalho feito até agora, o mérito não é meu, é do conjunto de pessoas que tenho a trabalhar comigo. Mas tem sido um período marcante na minha vida.

Primeira medida será «falar com as chefias e os funcionários»
SI – Se for eleito presidente da Câmara, qual será a primeira medida que irá tomar?
HM – A minha primeira medida será falar com as chefias e com os funcionários da Câmara, que hoje se diz que serão cerca de 2.700, mais os funcionários das Infras [empresas municipais Inframoura, Infraquinta e Infralobo] e motivá-los. Hoje há muita gente na Câmara que está desmotivada. Vivemos uma situação de democracia musculada.
Eu tenho pessoas todas as noites, por exemplo no Whatsapp, a dizerem-me: “Eu dependo da Câmara, ou porque tenho um negócio ou porque trabalho na Câmara, não posso dar a cara, mas apoio-o”. Há 12 anos, quando eu concorri também pelo PSD e não ganhei, houve pessoas que eram funcionários da Câmara e me apoiaram e que, passado pouco tempo, foram chamadas e disseram-lhes: “você agora vai instalar-se numa secretária ou num canto qualquer”, e foram maltratadas. Comigo isso não vai acontecer.
As pessoas são válidas e estão na Câmara para fazer um trabalho. Mas temos que as motivar.
Como já disse, outra das minhas prioridades será constituir de imediato uma equipa para tratar do PDM e outra equipa, completamente separada, para tratar da habitação. Há problemas estruturantes no concelho que precisam de ser resolvidos.
Exemplo disso é o que se passa hoje na praia do Forte Novo. A competência técnica daquilo não é do presidente da Câmara, mas o presidente da Câmara é a pessoa que nós elegemos para resolver os nossos problemas. Há uns anos, o presidente Aleixo acampou frente ao Centro de Saúde para reivindicar melhorias nessa área. Pois, agora o presidente da Câmara tem que acampar à porta do Ministro para exigir a resolução do problema da praia do Forte Novo. É preciso um estudo arqueológico? Então que o façam, porque é que demora tanto? Aquele é um problema que se agrava a cada dia e a única resposta que se dá é que “a Câmara não tem nada a ver com isso”. Não! A Câmara tem a ver!
A equipa que eu espero constituir mais tarde será uma equipa dinâmica, não será uma equipa que vai ali só por cargos pomposos. Hoje, a política está a sofrer uma crise de falta de pessoas válidas, que não querem ir para a política. Sobretudo porque a política não é atrativa e, quem hoje tem uma atividade económica onde recebe mais ou menos, não vai para a política, onde vai ganhar menos e depois tem um nível de exposição brutal das suas vidas.
Eu estou preparado para isso, a minha vida tem sido, ao longo de vários anos, vasculhada por quem quer que seja. Mas tem, de facto, de haver aqui uma dose de loucura, de vontade para exercer o cargo. E eu tenho! Se não merecer a confiança dos meus concidadãos, algo que eu neste momento não acredito que venha a acontecer, continuarei a ser a mesma pessoa, a defender a minha terra.
Ainda nem sequer tenho outdoors, mas tenho estado a trabalhar todos os dias para construir uma base, uma plataforma de apresentar às pessoas. Irei apresentar uma proposta para resolver os problemas atuais e para perspetivar o futuro. Estou cheio de força, cheio de motivação, por aquilo que, no dia-a-dia, recebo das pessoas.
Tenho uma vantagem: eu sou um montanheiro e tenho orgulho de ser um montanheiro. Mas não tenho problema em estar na Quinta do Lago ou em Vilamoura, a falar com grandes investidores nacionais ou internacionais, ou em Lisboa, a falar com um ministro, ou no estrangeiro, como falo com qualquer pessoa num café de Loulé, de Quarteira, de Almancil, ou numa festa na Serra do Caldeirão. Sou sempre a mesma pessoa! É isso que o Presidente da Câmara tem que ser!
O atual presidente da Câmara, que não é meu adversário nestas eleições e cumpriu o seu mandato da melhor forma que soube, tem ostracizado o turismo. O turismo, para ele, é uma coisa indecente, que ganha dinheiro. Se for perguntar aos intervenientes do turismo, dizem que foram 12 anos perdidos neste aspeto.
A Câmara de Loulé tem muito dinheiro, arrecada muitas receitas. E nem vamos agora falar da taxa turística…
Não é por falta de dinheiro que as questões não se resolvem: é por incapacidade. Até hoje, a Câmara não teve essa capacidade.
Vamos esperar que, no futuro, tenha!
Obrigado por fazer parte desta missão!
Sou seu atento leitor (e gosto) da sua firma de abordar os temas sempre pertinentes.
Parabéns.