Dar mais estabilidade à gestão diretiva, aumentar o número de praticantes, potenciar as disciplinas menos conhecidas e abrir a Associação de Natação do Algarve (Analgarve) ao exterior, com reforço de patrocínios que ajudem à sua sobrevivência financeira, são as principais metas do novo presidente, Fábio Bota.
O professor, de 44 anos, natural de Loulé, antigo campeão nacional e internacional português de polo aquático, que toma posse este sábado, 22 de Março, em Lagoa, diz ao Sul Informação que o seu primeiro objetivo será mesmo cumprir o mandato de quatro anos, procurando assim «fugir» à norma numa entidade que tem tido pouca estabilidade na gestão.
A lista única liderada por Fábio Bota, que sucede a Mariana Santos, foi eleita a 12 de Março – com os votos favoráveis de quase 90% dos delegados –, na sequência de um vazio diretivo de vários meses.
Depois de ter estado ligado à candidatura de Miguel Arrobas à Federação Portuguesa de Natação, vencedora no último ato eleitoral para este organismo, o antigo atleta sofreu «muitas pressões» para assumir o desafio na associação regional.
«E como eu não consigo dizer “não” a desafios engraçados, aceitei. A maior parte das direções, infelizmente, não chegam ao fim e temos de mudar esse paradigma», afirma, criticando os «conflitos internos» e «a luta pelo poder» entre clubes.
«Os clubes têm de entender, de uma vez por todas, que as pessoas que estão na direção das associações são voluntários. Não estamos aqui para complicar nada, nem estamos aqui para beneficiar ninguém. Queremos mesmo é que a natação algarvia, efetivamente, dê um salto», sustenta, pedindo mais aos emblemas, quer na cooperação com a Analgarve, quer com a ajuda na organização de provas.
«É muito importante ter uma associação forte, porque depois teremos clubes mais fortes», acentua, lembrando ainda que, para ter provas com mais qualidade, será também preciso reforçar o pagamento dos árbitros.
Em termos desportivos, Fábio Bota não se quer «preocupar só» com a natação pura, quer também «apostar muito» noutras disciplinas menos conhecidas.
«Ter outra vez polo aquático a sério no Algarve» – atualmente limitado à componente de formação, em Lagoa e Portimão –, «dar ferramentas à natação artística para procurar fazer alguma coisa diferente» e «reforçar o circuito de águas abertas», ilustra, sem esquecer os saltos para a água e a natação adaptada.

A associação, que organiza cerca de três dezenas de provas anualmente, conta com cerca de duas dezenas de clubes filiados e perto de um milhar de praticantes federados, número que conta fazer crescer nos próximos anos.
«Crescemos [em número de atletas] até ao Covid [em 2020], depois houve uma quebra e agora está novamente a aumentar. Não vou dizer que quero dobrar esse número, porque existem hoje os mesmos complexos de piscinas inaugurados há muitos anos e não há como crescer muito sem novas estruturas, mas esperamos ter mais praticantes», refere o antigo internacional, acrescentando que será dado apoio ao projeto “Portugal a Nadar”, da Federação Portuguesa de Natação, para angariar novos atletas cada vez mais cedo na sua etapa formativa.
A Analgarve quer também dar mais força às seleções regionais. «Já existem muitos estágios, de cadetes e infantis, mas queremos reforçar mais a sua importância. Existem muitas provas regionais e queremos sempre apresentar-nos na máxima força», frisa.
Ainda sem conhecer a fundo as contas da associação, Fábio Bota diz que espera receber uma instituição «saudável em termos financeiros», que trabalha com um orçamento de 100 mil euros anuais, verba que pretende aumentar através de acordos com empresas.
«Os apoios institucionais, de autarquias ou do Instituto Português do Desporto e Juventude, são fundamentais, mas a associação não pode viver só disso. Acho que tem havido uma falha nos patrocínios de empresas. É onde acho que a associação tem pecado mais», analisa.
O objetivo é procurar empresas disponíveis para apoiar se juntarem à marca Associação de Natação do Algarve, que considera «uma mais-valia para as empresas se projetarem».
«Estamos a falar de provas em quase todos os fins de semana, em eventos com 400, 500 pessoas, com famílias que acompanham os seus miúdos. Movimentamos anualmente dezenas de milhares de pessoas», finaliza.
Na direção da Analgarve, Fábio Bota será acompanhado pelos vice-presidentes André Dias, Elisabete Ganso, Maria Mestre e António Mendes e pelos suplentes Hélder Nogueira e Inez Sá. João Bárbara (Assembleia Geral), Luís Lopes (Conselho Fiscal), Ângela Quadro (Conselho de Disciplina) e André Venda (Conselho de Justiça) lideram os restantes órgãos sociais.
Guilherme Sá continuará a ser o diretor-técnico regional, com a colaboração de Orlando Encarnação.
A tomada de posse dos novos órgãos sociais da Associação de Natação do Algarve está marcada para este sábado, às 15h30, no auditório do Convento de São José, em Lagoa.
Quem é Fábio Bota
Fábio Bota, 44 anos, professor, esteve ligado ao polo aquático como atleta e dirigente. Começou na modalidade em 1993, como praticante, após a abertura das piscinas municipais em Loulé.
No Louletano, sagrou-se campeão nacional da II Divisão e, no primeiro escalão, chegou às meias-finais, tendo entretanto assumido funções de gestão na secção. Com custos incomportáveis para a realidade económica existente, em 2007, a modalidade acabou por ter o seu ponto final em Loulé.
Mudou-se depois para a Portinado, em Portimão, onde se sagrou campeão nacional duas vezes, venceu taças e participou nas competições europeias, chegando também à seleção nacional de polo aquático.
Depois de ter sido dirigente político em fases diferentes da sua vida, na JSD/Algarve e no PSD/Loulé, assume agora um novo desafio no mundo do associativismo desportivo.
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