Tendo em conta a desinformação e o desinteresse crescente pela ciência, o Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano (ICArEHB) da Universidade do Algarve (UAlg) promove uma mesa-redonda, no dia 17 de março, das 15h00 às 16h30, no auditório da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve), em Faro.
O objetivo da mesa-redonda, que contará com especialistas em arqueologia, comunicação de ciência e jornalismo, é debater estratégias eficazes para melhorar a comunicação científica e o envolvimento público.
Apesar da confiança na ciência, o mais recente Eurobarómetro sobre Ciência e Tecnologia revela preocupações sobre a dificuldade que muitos portugueses têm em distinguir factos científicos de teorias falsas, incluindo em áreas como a Pré-História e Evolução Humana, estudadas pelo ICArEHB.
A título de exemplo, refira-se que entre os inquiridos 18% dos portugueses acreditam que os humanos não evoluíram de uma espécie anterior (mais do que o dobro dos 8% registados em 2021), e apenas 56% sabem que os humanos não coexistiram com os dinossauros, enquanto 26% acreditam que sim e 18% não sabem responder.
Além destas conceções erradas, o relatório apresenta Portugal como um país com baixo envolvimento dos públicos com a ciência, sendo que cerca de metade dos portugueses inquiridos referem o desinteresse como a principal barreira para interagir com a ciência.
Além disso, a televisão e as redes sociais/blogues são as principais fontes de informação sobre ciência para os portugueses, o que suscita preocupações sobre o impacto da desinformação digital que tem sido apontada como um dos principais riscos para as sociedades nos próximos anos.
E, no caso específico da Pré-História e Evolução Humana, isto é visível na ampla difusão da Pseudoarqueologia nos meios digitais.
A desinformação digital tem sido apontada como um dos principais riscos para as sociedades nos próximos anos.
Para enfrentar e responder a estes desafios, esta mesa redonda pretende debater estratégias, formatos e espaços eficazes, refletindo sobre alguns tópicos chave, como: combate à desinformação sem a reforçar; papel de investigadores, escolas e comunicação social; narrativas e técnicas de storytelling certas para tornar a Pré-História e Evolução Humana mais envolventes, atualização dos currículos escolares; impacto das barreiras linguísticas, como o jargão académico e a falta de acessibilidade na desconexão entre cientistas e público, entre outras questões.
Para refletir em conjunto, vão reunir-se especialistas em arqueologia, comunicação de ciência e jornalismo, numa mesa-redonda que conta com os seguintes oradores: Ana Catarina Sousa (vice-presidente do Conselho Diretivo do Património Cultural), Joana Lobo Antunes (comunicadora de Ciência e diretora de Comunicação, Imagem e Marketing do Instituto Superior Técnico), Elisabete Rodrigues (jornalista e diretora do Sul Informação), Ricardo Godinho (investigador do ICArEHB) e Hélder Pereira (professor da Escola Secundária de Loulé).
A moderação da conversa estará a cargo de Sara Cura, comunicadora de Ciência e investigadora do ICArEHB.
Segundo o ICArEHB, “se queremos contribuir para uma sociedade que valoriza a ciência e o conhecimento científico, especialmente nas áreas da Pré-História e Evolução Humana, temos de refletir como comunicamos e nos envolvemos com o público”.