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As organizações ProVeg Portugal, DECO e ZERO reforçaram hoje a importância de alimentos como feijão, fava, ervilha, tremoço e grão-de-bico, além da “necessidade urgente de implementar uma Estratégia Nacional para o Consumo de Proteína Vegetal em Portugal, algo já prometido pelo Governo”.

Em comunicado conjunto, neste que é o Dia Mundial das Leguminosas, as três organizações destacam que, “embora a produção e o consumo de leguminosas no país enfrentem desafios estruturais, também representam uma oportunidade estratégica para garantir um futuro alimentar mais sustentável, diversificado e saudável”.

“As leguminosas são uma fonte económica de proteínas, hidratos de carbono complexos, fibras e fotoquímicos, além de serem ricas em minerais como ferro, zinco e magnésio e vitaminas, como o folato”, refere Lucas Oliveira, nutricionista da ProVeg Portugal.

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A alimentação inadequada em Portugal é um dos principais fatores responsáveis pela redução dos anos de vida saudável e pelo aumento da mortalidade, de acordo com o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS).

Segundo a Balança Alimentar Portuguesa 2016-2020, o consumo alimentar das leguminosas secas, do ponto de vista da oferta, registou um aumento em relação ao período anterior, mas ainda está longe do recomendado pela Roda dos Alimentos.

Por sua vez, o contributo calórico médio diário das carnes por habitante representou mais de quatro vezes o total das calorias recomendadas pela Roda dos Alimentos para o grupo “Carne, Pescado e Ovos”.

“O consumo regular de leguminosas e derivados, enquanto principal fonte proteica, pode ajudar a reduzir o colesterol e a melhorar o funcionamento intestinal. O seu elevado conteúdo de fibras solúveis torna-as uma boa estratégia para a redução do colesterol LDL e para o controlo dos níveis de açúcar no sangue, sendo especialmente benéficas para pessoas com diabetes e com maior risco cardiovascular. Quase todas as diretrizes alimentares nacionais, incluindo as diretrizes portuguesas, recomendam o consumo regular de leguminosas”, afirma ainda o nutricionista Lucas Oliveira.

 

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A solução que a agricultura e o ambiente precisam

O cultivo de leguminosas tem também um impacto positivo na sustentabilidade agrícola, defendem as três organizações.

Graças à sua capacidade de fixação biológica de azoto, estas plantas reduzem a necessidade de fertilizantes sintéticos, ajudando a mitigar a poluição e as emissões de gases com efeito de estufa.

Estudos indicam que a introdução de leguminosas na rotação de culturas pode reduzir perdas de azoto no solo, promovendo uma agricultura mais sustentável e eficiente.

As leguminosas apresentam também uma pegada de carbono reduzida, tornando-se assim um elemento essencial para sistemas alimentares sustentáveis.

“A inclusão de leguminosas em rotação ou consociação pode ter benefícios diversificados: no aumento da diversidade e produtividade das áreas de cultivo, na mitigação das alterações climáticas – por via da redução do uso de fertilizantes azotados e emissões de óxidos de azoto – e até para o fomento e manutenção da biodiversidade”, afirma Pedro Horta, especialista em agricultura da ZERO.

“Contribui também para uma melhor assimilação dos nutrientes pelas plantas, reduzindo a lixiviação e consequente poluição das massas de água, e previne a erosão e compactação do solo, promovendo maior diversificação, produtividade e rendimento agrícola”.

Segundo a FAO, o cultivo de leguminosas requer significativamente menos água do que outras fontes de proteína – apenas 1250 litros de água por quilograma de leguminosas (em comparação com 13 mil litros para a mesma quantidade de carne de vaca).

Acresce que os países situados na Orla Mediterrânica, como Portugal, possuem um clima favorável ao cultivo de leguminosas, caracterizado pela abundância de luz solar e por invernos suaves.

 

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Queda de produção e dependência de importações

Mas, nos últimos anos, a produção nacional de leguminosas caiu drasticamente, levando a uma forte dependência de importações. Dados do Instituto Nacional de Estatística indicam que a taxa de autosuficiência de leguminosas secas em Portugal é de apenas 14%, ou seja, Portugal está longe de produzir a quantidade de leguminosas que consome.

Segundo Pedro Horta, “a produção de leguminosas deve ser considerada uma prioridade nacional, não apenas pela sua contribuição para a segurança alimentar, mas também pelos benefícios ambientais que oferecem ao solo e à biodiversidade.”

Joana Oliveira, da direção da ProVeg Portugal, destaca que “o Governo português deve incentivar o consumo de leguminosas, não só pelo seu valor nutricional e pela sua estreita ligação à cultura gastronómica nacional, mas também pelo seu papel crucial na construção de sistemas alimentares mais resilientes”.

As leguminosas, acrescentou, “representam uma oportunidade económica devido à sua versatilidade para desenvolvimento de produtos inovadores e ao seu baixo custo de produção, contribuindo para a sustentabilidade ambiental e económica da alimentação. O investimento na tecnologia e na formação agrícola, bem como o aumento da oferta portuguesa de produtos inovadores derivados de leguminosas, é fundamental para fortalecer a cadeia de valor destes alimentos e impulsionar a economia local, permitindo que os produtores concorram com o mercado externo”.

“Nesse sentido, garantir que os consumidores tenham acesso facilitado a estas opções alimentares é um fator determinante para a concretização desse objetivo”.

Ana Tapadinhas, Diretora-Geral da DECO, reforça a importância de colocar os consumidores no centro desta transformação: “Para que os consumidores possam fazer escolhas alimentares mais saudáveis, sustentáveis e acessíveis é fundamental que existam condições que tornem esse acesso uma realidade. As leguminosas, pelo seu valor nutricional, preço acessível e baixo impacto ambiental, são uma solução essencial para um consumo mais equilibrado e responsável. Cabe às políticas públicas assegurar que estas opções estejam ao alcance de todos, promovendo informação clara, incentivos adequados e um mercado que responda às necessidades dos consumidores”.

 

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O que já está a ser feito pela proteína vegetal?

Ao nível europeu, passos para promoção da proteína vegetal já estão a ser dados. A “Estratégia Europeia para as Proteínas” recomenda investimento na produção de proteínas vegetais e um relatório recente, dirigido à Comissão Europeia e por ela financiado, recomendou que se desenvolva, até 2026, um Plano de Ação para Alimentos de Base Vegetal.

A Dinamarca foi o primeiro país europeu a lançar um plano de ação nacional pelos alimentos de origem vegetal. Em janeiro, mais de 130 organizações apelaram à Comissão Europeia para criar um plano de ação para alimentos de base vegetal.

Em Portugal, o Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC 2030) inclui uma linha de ação para promover dietas de baixo carbono, e reflete o compromisso do Governo português em criar uma estratégia nacional para promover o consumo de proteína vegetal, nomeadamente de leguminosas, capacitar e reforçar a oferta de refeições de base vegetal nas cantinas públicas e dinamizar campanhas de divulgação acerca dos benefícios do consumo das proteínas vegetais.

A medida foi considerada um avanço importante, embora desafios como falta de financiamento, prazos longos e falta de métricas de impacto ainda persistam.

O Dia Mundial das Leguminosas é, segundo as três organizações, “uma oportunidade para reafirmar o papel fundamental destas culturas na construção de sistemas alimentares mais sustentáveis, resilientes e saudáveis”.

A valorização das leguminosas “não é apenas um investimento na economia agrícola e na inovação e desenvolvimento, mas também uma aposta na segurança e soberania alimentar, na saúde pública e na sustentabilidade ambiental do planeta”, concluem.

 



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