A Feira Transfronteiriça Algarve-Andaluzia de Profissões Turísticas – TUR AA 2025, que se realizou no passado dia 20 de Fevereiro, na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, em Faro, «foi um sucesso» e «cumpriu o objetivo de promover a mobilidade laboral e a cooperação entre as duas regiões», afirma a organização.
O evento, que reuniu 180 participantes, entre os quais estudantes, profissionais e entidades do setor do turismo, enquadra-se no projeto EURES Transfronteiriço Andaluzia-Algarve 2024-2026, financiado pela Comissão Europeia.
«Estes eventos são importantíssimos para potenciar o conhecimento sobre a realidade do Algarve e de Andaluzia no setor do turismo, especialmente na formação e na mobilidade profissional transfronteiriça. O projeto EURES Transfronteiriço tem feito um trabalho relevante ao identificar as principais barreiras e desafios que existem para que esta mobilidade aconteça. Muitos deles são de caráter regulamentar, outros têm a ver com questões salariais ou de mobilidade das próprias pessoas», destaca João Amaro, um dos organizadores.
De acordo com o diretor executivo da Tertúlia Algarvia, «o projeto tem abordado estas temáticas com o envolvimento de parceiros de diferentes áreas, desde institutos de emprego a sindicatos, associações empresariais, universidades e entidades formadoras» e tem feito um trabalho «fundamental para minimizar os obstáculos e permitir que a mobilidade ocorra».
João Amaro explica ainda que o programa do evento foi «estruturado de forma a satisfazer jovens estudantes, profissionais e entidades do setor».
Na parte da manhã, mais de 100 jovens assistiram a palestras sobre a importância da formação no turismo e a uma mostra de oferta formativa, onde várias entidades apresentaram as suas propostas.
A palestra contou com as participações de Catarina Paiva, vogal do conselho diretivo do Turismo de Portugal, Gisela Coria Calveyera, técnica del Servicio Formación Consejería de Empleo da Junta de Andalucia, Elísio Silva, diretor da DUAL, e
Juan José Lopez Navarro, Chef y propietario del Restaurante Ultra marino en El Rompido.
Na parte da tarde, houve um passeio cultural por Faro para que os participantes sentissem o que é ser um profissional de turismo na cidade.
Além disso, os profissionais refletiram sobre as tendências e competências necessárias no setor, através de um workshop dirigido por Alexandra Gonçalves, diretora da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve, Ana Paula Pais, diretora de Formação do Turismo de Portugal, e Patrícia Correia, formadora na Rede de Escolas do Turismo de Portugal.
No final, uma mesa redonda debateu o futuro da formação em turismo.
«O feedback foi muito positivo, com os participantes a considerarem o seu tempo bem empregue», afirma João Amaro.
Juan Carlos Duarte Cañado, delegado de Empleo, Empresa y Trabajo Autónomo en Huelva do Servicio Andaluz de Empleo, reforça que «eventos como este são cruciais porque mostram as oportunidades reais de trabalho que existem em ambos os lados da fronteira» e que a Comissão Europeia tem aumentado o financiamento para este projeto, que agora ultrapassa 1,4 milhões de euros, o que demonstra a confiança no trabalho que estamos a desenvolver.
«Muitos espanhóis trabalham em Portugal e muitos portugueses trabalham em Espanha. Este programa ajuda a resolver problemas e facilita o trabalho em ambos os lados da fronteira. Um dos principais desafios é a diferença salarial entre os dois países, mas partilhamos o mesmo nível de vida, condições climáticas e infraestruturas. O próximo desafio é formar profissionais para as novas necessidades, como o desenvolvimento da indústria do hidrogénio em Huelva, e garantir que as empresas encontrem mão de obra qualificada localmente», continua.
Para Catarina Paiva, vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, «estes eventos são fundamentais para dar visibilidade à importância estratégica dos recursos humanos e da formação no turismo». Catarina Paiva destaca também que «a formação tem de estar alinhada com as necessidades do mercado e responder aos desafios das empresas».
Carlos Baía, vereador do Turismo da Câmara de Faro, sublinha que «o mercado andaluz tem um potencial enorme para o Algarve e é fundamental estreitar relações com as instituições do outro lado da fronteira».
Nas palavras do vereador, «o turismo é um setor em crescimento, mas enfrenta desafios como a sustentabilidade, as alterações tecnológicas e a falta de mão de obra qualificada» e por isso «a mobilidade laboral e a formação são essenciais para superar estes desafios».
Neste campo, Faro tem procurado aproximar-se da Andaluzia através de projetos comunitários e iniciativas de promoção turística.
Carlos Baía acredita ainda que «a futura linha de alta velocidade que ligará Faro a Sevilha será um passo importante para facilitar a mobilidade e o intercâmbio entre as duas regiões».
O evento contou ainda com a presença de Madalena Feu. A delegada regional do IEFP destacou que o projeto EURES Transfronteiriço «tem permitido partilhar experiências, discutir obstáculos e encontrar soluções para facilitar a mobilidade».
«Desde 2017, temos trabalhado para aproximar as duas regiões, identificar necessidades e criar uma relação de confiança. Um dos próximos passos é a criação de um observatório de emprego para antecipar as necessidades do mercado de trabalho e garantir que a formação esteja alinhada com essas necessidades. Os desafios são muitos, desde a falta de transportes públicos até ao reconhecimento de qualificações entre os dois países, mas acreditamos que, com o envolvimento de todos os parceiros, podemos ultrapassar estas barreiras», disse a delegada regional.
A TUR AA 2025 foi organizada por várias entidades, incluindo a Tertúlia Algarvia, o IEFP, a ACRAL, a ODIANA, o Servicio Andaluz de Empleo, a Cámara Oficial de Comercio de Huelva, a CEA, a C.S. CCOO de Andalucía e a Eurociudad del Guadiana AECT. O evento contou ainda com o apoio da Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve.
