«Algarve Golden Terroir». Assim se chama a candidatura do Algarve à Cidade Europeia do Vinho 2026, que foi apresentada na passada sexta-feira, durante a 3ª Convenção dos Territórios Vinhateiros que, de 30 de janeiro a 1 de fevereiro, juntou em Lagoa representantes de municípios e de entidades parceiras da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), nacionais e internacionais.
A candidatura do Algarve envolve seis municípios algarvios (Albufeira, Lagoa, Lagos, Monchique, Portimão e São Brás de Alportel), ou seja, todos os que, na região, fazem parte da AMPV.
Mas, como sublinhou Luís Encarnação, presidente da Câmara de Lagoa, «é uma candidatura de todo o Algarve, dos seus 16 municípios».
As seis Câmara Municipais responsáveis pela candidatura «uniram esforços numa estratégia conjunta para promover o vinho e os produtos endógenos da região».
É que, como foi sublinhado, «o projeto visa não só reforçar o enoturismo e valorizar o património vitivinícola do Algarve, mas também consolidar a região como um destino turístico de excelência, destacando a sua identidade única e impulsionando a economia local».
Nesta corrida para ser a Capital Europeia do Vinho em 2026 (é a segunda vez que o Algarve se candidata, tendo perdido, da primeira, para o Douro), há mais três regiões a competir: o Baixo Alentejo, os Açores (juntando os concelhos de Madalena, Lajes e São Roque, da ilha do Pico, Angra do Heroísmo e Praia da Vitória, da Terceira, Santa Cruz, da Graciosa e Vila do Porto, de Santa Maria) e ainda Lisboa, que foi a única a não apresentar-se na Convenção em Lagoa.
Como salientou Catarina Manito, presidente da Câmara da Madalena, na Ilha do Pico, que foi a porta-voz da candidatura açoriana, trata-se de «quatro candidaturas fortíssimas».

Luís Encarnação, por seu lado, fez questão de destacar «o enorme trabalho feito pelos produtores de vinho algarvios». «Em 2006, havia seis produtores de vinho no concelho de Lagoa, hoje há 11. E em todo o Algarve, há agora 55 produtores de vinho e de grande qualidade».
«Nos anos 70/80, os campos de golfe deram uma grande cabazada nas vinhas, arrancaram-se vinhas para fazer campos de golfe. Mas hoje a realidade é diferente», acrescentou.
O autarca lagoense, que é também vice-presidente da AMVP, destacou igualmente duas figuras: Sara Silva, presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve, e Pedro Valadas Monteiro, antigo diretor regional de Agricultura e atual vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, responsável pelo pelouro da Agricultura e das Pescas.
Luís Encarnação sublinhou também que, em 2024, «o Algarve produziu dois milhões de garrafas de vinho, mais 500 mil que no ano anterior».
Mas o autarca considera que esta candidatura «não é só um projeto para a região que recebe a distinção, é para todo o país». «Sete milhões de turistas por ano aterram no Aeroporto de Faro», por isso, «neste momento difícil que a vitivinicultura passa», com excesso de produção em algumas regiões, «o Algarve pode promover também todos os vinhos do nosso país».
Outro tema destacado foi o do enoturismo que, disse Luís Encarnação, «em alguns territórios é o principal motivo para atrair gente e turistas». No Algarve, salientou, o enoturismo pode «ajudar a mitigar a sazonalidade» da região.
Na apresentação da candidatura algarvia a Cidade Europeia do Vinho 2026, rodeado pelos presidentes de Câmara de Portimão (Álvaro Bila), Albufeira (José Carlos Rolo), São Brás de Alportel (Vítor Guerreiro), pela vice-presidente de São Brás (Marlene Guerreiro) e pela vereadora de Lagos (Sandra Oliveira), o lagoense Luís Encarnação defendeu que a candidatura também serve para «de uma vez por todas, desmistificar a ideia errada de que os vinhos do Algarve não têm qualidade».
Manifestando o seu grande entusiasmo pela candidatura do Algarve Golden Terroir, o presidente da Câmara de Lagoa afirmou que «este projeto é um marco estratégico para o Algarve, uma região com uma tradição vinícola crescente e com um enorme potencial de desenvolvimento no setor do enoturismo. O trabalho conjunto dos seis municípios envolvidos é a chave para afirmar a nossa identidade e projetar o Algarve como um destino de excelência no panorama enoturístico europeu».
Ganhe quem ganhar, uma coisa é certa: em 2026, a Cidade Europeia do Vinho será portuguesa e a escolha será realizada no dia 30 de abril, no Alandroal, pelos 147 municípios de todo o país que integram a AMPV.
Lagoa foi anfitriã do encontro anual da AMPV
Lagoa foi palco, de 30 de janeiro a 1 de fevereiro, do encontro anual da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), que reuniu cerca de 90 representantes de municípios e entidades parceiras nacionais e internacionais.
O evento, organizado pela AMPV em colaboração com a Câmara Municipal de Lagoa, teve como objetivo promover a reflexão sobre o desenvolvimento integrado dos territórios vinhateiros e consolidar novas parcerias para o futuro do setor.
Durante os três dias de encontro, os participantes discutiram desafios e oportunidades para a promoção e valorização dos territórios vinhateiros, com um foco particular no enoturismo, nos vinhos e nos produtos endógenos.
No primeiro dia, especialistas e técnicos dos municípios associados apresentaram projetos e debateram temas como “Desafios para uma associação mais dinâmica e participativa” e as “Potencialidades das diferentes regiões vitivinícolas e do mundo rural”.
A AMPV aproveitou a oportunidade para destacar os projetos estruturantes que tem em curso, como o Concurso de Embaixadoras de Portugal, a Rede das Freguesias Vinhateiras e o Congresso do Vinho, do Azeite, da Cortiça e do Mundo Rural.
A tarde do dia 30 de janeiro foi marcada pela mesa-redonda dedicada ao trabalho de “Afirmar os territórios pela qualidade e diferenciação”, com a participação de representantes da Secção Municípios Olivícolas, da Secção Municípios BIO, da Retecork e da Associação das Rotas dos Vinhos de Portugal, que partilharam as suas estratégias para reforçar a identidade dos territórios através dos seus produtos.
No dia seguinte, 31 de janeiro, o evento centrou-se nas Cidades do Vinho e nas entidades parceiras internacionais.
As Cidades do Vinho de 2024 (Almeirim, Alpiarça, Cartaxo e Santarém) foram alvo de um balanço das suas atividades, e as cidades que irão integrar o projeto em 2025 (Serra D’Ossa, Alandroal, Borba, Estremoz, Redondo e Vila Viçosa) apresentaram a sua candidatura.
Foram ainda apresentadas três das quatro candidaturas portuguesas para 2026 – Algarve Golden Terroir, Baixo Alentejo e Açores.
Representantes internacionais, como as Cittá del Vino Acevin, In Rural Europe, Iter Vitis e Recevin, também estiveram presentes, partilhando experiências e desafios enfrentados pelos territórios vinhateiros a nível global.
No final do dia, foi assinado um importante protocolo entre a AMPV e a Câmara Municipal de Madalena do Pico (Açores), que irá acolher o Concurso Cidades do Vinho em 2025.
O evento terminou no dia 1 de fevereiro com uma visita ao passadiço costeiro do Algar Seco, na Praia do Carvoeiro, uma iniciativa que ofereceu aos participantes a oportunidade de explorar a beleza natural da região e fortalecer os laços entre os territórios vinhateiros.
Com este encontro, a AMPV reafirma o seu compromisso com a promoção e valorização dos vinhos e dos produtos endógenos de Portugal, consolidando os territórios vinhateiros como destinos de excelência para o enoturismo e impulsionando a economia local através da união e colaboração entre os diferentes municípios e entidades parceiras.
O presidente da Câmara Luís Encarnação destacou a importância de Lagoa ter sido escolhida para acolher esta convenção, sublinhando o papel fundamental da cidade na promoção do enoturismo e na valorização dos vinhos e produtos da região.
«Foi uma honra receber este evento que reforça a nossa posição enquanto território vinhateiro de referência, e estamos comprometidos em continuar a trabalhar para o desenvolvimento sustentável deste setor».






Fernando Romba

José Arruda

Sara Silva









Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação e CM Lagoa