O Tesouro de Nossa Senhora das Salas estará patente no Panteão Nacional, em Lisboa, a partir desta quinta-feira, 23 de Janeiro, numa parceria entre este monumento nacional e o Museu de Sines, integrada no 5.º Centenário da morte de Vasco da Gama. A inauguração está marcada para as 18h00.
Nesta exposição, que ficará patente até 27 de abril, reúnem-se oito dezenas de obras de arte provenientes, na sua maioria, da igreja que o Almirante dos Mares das Índias mandou erigir na sua terra natal, em ação de graças pelo bom sucesso da viagem com que inaugurou um novo capítulo da História mundial.
Segundo a Câmara Municipal de Sines, «a igreja irá ser alvo de uma profunda campanha de recuperação, ao longo de 2025, financiada pelo PRR da Cultura».
Devido à necessidade de retirar todas as obras de arte do interior do templo, «durante os trabalhos, foi possível encontrar no Panteão Nacional o lugar seguro para as conservar e, ao mesmo tempo, manter acessível ao público aquele que é um dos mais ricos tesouros sacros do Alentejo», acrescenta a autarquia.
Assinala-se assim condignamente os 500 anos da morte de uma das figuras históricas que mereceu honras de panteão, logo em 1880, no Mosteiro dos Jerónimos, e, a partir de 1966, em cenotáfio erigido na nave da então finalmente concluída obra de Santa Engrácia.
Vasco da Gama morreu a 24 de dezembro de 1524, em Cochim, bem longe da sua terra natal.
Era a terceira vez que pisava o subcontinente indiano, mas a primeira em que o fazia com título de vice-rei, passados que eram 26 anos sobre a viagem em que abrira o caminho marítimo de ligação da Europa ao Oriente.
Recebido triunfalmente quando regressou, logo se apressou a mandar reconstruir a igreja das Salas, em Sines, terra de que o pai fora alcaide-mor, e onde certamente terá nascido.
Na fachada da igreja, Vasco da Gama mandou colocar a sua pedra de armas, em posição de destaque, juntamente com uma lápide onde constam todos os seus títulos, o que desagradou profundamente à Ordem de Santiago, a quem pertencia o senhorio da terra, prometido, no entanto, ao Almirante como recompensa pelo bom sucesso da sua viagem.
A atribuição do senhorio de Sines a Vasco da Gama nunca se cumpriu e o navegador acabou mesmo por ser expulso da vila por D. Manuel I, que desta forma encerrou abruptamente a questão.
O templo, à data ainda em obras, só veio a ser sagrado passados cinco anos sobre a sua morte, tendo os pescadores e marítimos de Sines passado a assumir a conservação da igreja, graças à devoção que tinham à Senhora das Salas, bem patente no número e qualidade de ofertas votivas que lhe fizeram, e à admiração pelo mais ilustre filho da terra.
«É esse tesouro, construção anónima de uma comunidade, inesperado pela sua riqueza e qualidade artística numa povoação sempre vista como pobre e distante dos grandes centros culturais, que se traz agora ao Panteão Nacional», explica ainda a Câmara.