A ministra da Administração Interna explicou hoje que o inquérito ordenado à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) às viaturas dos bombeiros adquiridas no mesmo lote do carro acidentado em Odemira pretende apurar «todos os factos e circunstâncias».
«Mandei abrir um inquérito para o apuramento de todos os factos, a linha do tempo e todas as circunstâncias em que tudo aconteceu», afirmou Margarida Blasco em declarações aos jornalistas na Galiza, Espanha, à margem da inauguração das obras de requalificação do Centro de Cooperação Policial e Aduaneira de Tui.
A resposta foi repetida a várias perguntas, nomeadamente sobre se o ministério da Administração Interna (MAI) tinha conhecimento prévio ao acidente das anomalias detetadas nas viaturas ou sobre se a retirada de circulação dos veículos não podia ter acontecido antes.
«Estão a decorrer três inquéritos, um deles à IGAI, para apurar todo o circunstancialismo em que tudo aconteceu», insistiu a ministra.
O MAI anunciou na terça-feira ter ordenado à IGAI um inquérito urgente às viaturas dos bombeiros adquiridas no mesmo lote do carro acidentado em Odemira.
Em causa estão 81 viaturas, designadamente autotanques e viaturas florestais adquiridas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e entregues pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), entre as quais estava incluído o veículo de combate a incêndios dos Bombeiros de Odemira envolvido no acidente mortal de 01 de janeiro.
O MAI precisou que aquele contrato de 2023 integra o lote de veículos cedidos pela ANEPC, em regime de comodato, a várias associações de bombeiros, estando incluído o veículo acidentado.
Margarida Blasco determinou ainda a suspensão preventiva da utilização daquelas viaturas.
O presidente da Liga dos Bombeiros Portuguesas (LBP), António Nunes, anunciou também que aquele organismo criou uma comissão técnica constituída por cinco elementos para avaliar a segurança de todos os veículos adstritos aos corpos de bombeiros, sejam ambulâncias ou carros de combate a incêndios.
Um bombeiro morreu e quatro ficaram feridos, três dos quais em estado grave, na sequência do despiste do veículo de combate a incêndios da corporação de Odemira, no distrito de Beja, no dia 1 de Janeiro.
Os bombeiros integravam uma das equipas de intervenção permanente (EIP) de Odemira e regressavam ao quartel depois de terem sido chamados a intervir «numa queimada autorizada que se descontrolou» em Saboia, no interior do concelho de Odemira, quando o veículo de combate a incêndios se despistou.
O Ministério Público e a Inspeção dos Serviços de Emergência e Proteção Civil também abriram inquéritos ao acidente.