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«É minha profunda convicção que a arte e a cultura são uma potente arma, que, ao contrário das armas que destroem o mundo e muitas vidas, consegue, neste breve tempo que temos para viver, salvar vidas e imaginar o melhor dos mundos possíveis». As palavras são do encenador e diretor artístico italiano Giacomo Scalisi, que criou, com a sua companheira de vida e de trabalho Madalena Victorino, a programação Lavrar o Mar (e o Mira), que tem levado a arte aos periféricos concelhos de Aljezur e Monchique, no Algarve, e de Odemira e Santiago do Cacém, no Alentejo, e, este ano, também a Portimão.

Por esse seu trabalho e pelo que fez, anteriormente, em Lisboa, Giacomo Scalisi foi, na sexta-feira passada, agraciado com a Ordem da Estrela de Itália (OSI), numa cerimónia que decorreu na Embaixada de Itália.

A Ordem da Estrela de Itália, que foi entregue pelo embaixador Claudio Miscia, é um alto reconhecimento concedido pelo Presidente da República italiano a cidadãos deste país residentes no estrangeiro que se tenham distinguido pelo seu empenho no reforço dos laços entre a Itália e os países em que operam.

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A cerimónia contou com a presença dos presidentes das Câmaras de Aljezur (José Gonçalves), Monchique (Paulo Alves) e Portimão (Álvaro Bila), do cônsul honorário de Itália no Algarve (Francesco Berrettini), bem como de altos responsáveis e técnicos do Município e do Museu de Portimão, de Madalena Victorino e de elementos da equipa da cooperativa Lavrar o Mar, entre outros.

Na mesma ocasião, foi ainda atribuída a Ordem de Mérito da República Italiana (OMRI a Leonídio Paulo Ferreira, jornalista e diretor-adjunto do Diário de Notícias, e a Alberto Laplaine de Guimarães, secretário-geral da Câmara Municipal de Lisboa.

 

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O embaixador Claudio Miscia a impôr a condecoração

 

Na sua intervenção, Giacomo Scalisi começou por recordar ter chegado a Portugal há 25 anos, salientando que este «reconhecimento» se destina a «um percurso que não fiz sozinho,mas com quem me acompanha, desde o início da minha vida portuguesa, Madalena Victorino, a minha companheira de vida e de trabalho».

«De Parma a Lisboa, do Teatro delle Briciole ao Centro Cultural de Belém do Festival Todos, ao Teatro das Compras, quando Lisboa tinha ainda lojas centenárias, passando por vários projetos em todo o país, fizemos sempre um percurso juntos», recordou.

Há 10 anos, «e este é um belo modo de festejar, criámos a Cooperativa Lavrar o Mar, em Aljezu,r para desenvolver um projeto cultural de fundo, no território do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, de Aljezur e Odemira até o alto da serra, Monchique».

«Foi um grande e fantástico desafio, o de reinventar tudo, construindo de cada vez, um espaço performativo onde não existia nada semelhante, até criar um teatro de palha efémero, pensado em conjunto com o arquiteto Pedro Quintela», acrescentou Giacomo.

Um teatro que «vive só cinco semanas no ano, aparece e desaparece como uma miragem, utilizando as camas e a comida das vacas que, no fim, a recebem de volta, mais saborosa, cheia de arte».

Um teatro efémero «construído por um agricultor, Armindo Moreno Branco, que nunca tinha imaginado, na sua vida, que a palha pudesse dar vida a um verdadeiro teatro e que agora se orgulha desta sua nova profissão».

O encenador italiano continuou a recordar o seu percurso: «Lavrámos o Mar e o Mira com a cumplicidade e o apoio dos municípios de Aljezur, Monchique, Odemira e Santiago do Cacém, das CCDR, do Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes, mas, sobretudo, com as pessoas que nos acompanham de forma próxima, formando um público fiel, participante, atento e curioso, pronto a descobrir os projetos que fazem parte das nossas programações».

«Sempre nos pautámos por um grande rigor na qualidade artística das nossas propostas e criações, criámos uma saga | espetáculo sobre o Medronho nas suas destilarias, em Monchique, e com textos originais do escritor Afonso Cruz, sobre as mulheres da serra, e do escritor Sandro William Junqueira, que inventou a grande epopeia de um Romeu e Julieta Monchiquense».

«Criamos espetáculos sobre o oceano nas piscinas, sobre a terra nas florestas, nos vários povoados, nas praias, caminhando nos trilhos com a arte, erigimos tendas de novo circo, sabendo que a arte e a cultura são fundamentais para o desenvolvimento e aprofundamento da identidade sempre em mutação, de um território ou de uma comunidade».

Na sua intervenção Giacomo Scalisi prosseguiu, lembrando: «cruzámos públicos diferentes, conseguimos que a arte chegasse a pessoas que desconheciam por completo a sua força telúrica. Um encontro de culturas, dos pescadores aos agricultores, dos imigrantes que lutam por vidas melhores, aos surfistas, dos turistas aos residentes estrangeiros que formam comunidades próprias. Um encontro com artistas provenientes da toda Europa que aceitaram o desafio de reinventar as suas próprias criações a partir destes espaços e destas culturas do sul».

 

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Giacomo Scalisi com a comitiva de Portimão e a sua equipa

 

Mas «neste ano que está a terminar», sublinhou ainda, «aventurámo-nos num outro grande desafio, o de pensar a cidade».

Por isso, recordou, «formámos uma pequena mas muito valente equipa, com Ana Rita Sousa, Paulo Quaresma e Joaquim Madail, meu anjo da guarda, e aceitámos o desafio da Câmara Municipal de Portimão de construir uma programação artística para a celebração do centenário da sua elevação a cidade, 1924 -2024».

Ora, sublinhou Giacomo, «uma cidade é feita das pessoas que nela vivem. Para isso, convocámos pensadores, artistas, companhias portuguesas e estrangeiras a confrontarem-se com a cidade e a sua existência centenária, para que, depois, pudessem partilhar com os diferentes públicos, as suas visões analíticas, poéticas e oníricas de temas, questões e relações que povoam as vidas e os dias de cada um, em Portimão».

Foi «um programa entre Teatro, Dança, Novo Circo, Música, Fotografia, Artes Plásticas, Instalações e Performance, e um grupo de pensadores. O antropólogo Pedro Prista, o filósofo Nélio Conceição, o escritor Sandro William Junqueira, a historiadora Maria João Raminhos Duarte e o artista Paulo Quaresma, todos ligados de diferentes formas à cidade, sentaram-se à mesma mesa para pensar sobre as cidades e, em particular, Portimão, nas suas diversas dimensões, analisando criticamente os seus segmentos temporais, a sua evolução histórica, económica e social».

E concluiu: «é minha profunda convicção que a arte e a cultura são uma potente arma, que ao contrário das armas que destroem o mundo e muitas vidas, consegue neste breve tempo que temos para viver, salvar vidas e imaginar o melhor dos mundos possíveis».

 

 

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