Sindicato critica novos horários de entrada na mina de Neves-Corvo

Propriedade da multinacional sueco-canadiana Lundin Mining, a Somincor é a concessionária da mina de Neves-Corvo, que produz, sobretudo, concentrados de cobre e de zinco, assim como prata e chumbo, e onde trabalham cerca de 2 mil pessoas

O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM) criticou esta quinta-feira, 3 de Outubro, os novos horários de entrada dos funcionários na mina de Neves-Corvo, em Castro Verde, mas a concessionária garantiu que não houve «qualquer reação negativa».

Em comunicado enviado à agência Lusa, o STIM acusou a administração da empresa Somincor, concessionária da mina situada no distrito de Beja, de não estar “preocupada com a vontade da maioria dos seus trabalhadores relativamente à alteração do horário de entrada”.

Em causa está o facto de a Somincor ter decidido alterar o arranque dos turnos da lavaria das 6h00 e 18h00 e dos turnos da mina das 8h30 e 20h30 para um início único, às 7h30 e às 19h30.

De acordo com o STIM, esta alteração dos horários mereceu a contestação dos trabalhadores, que reuniram em plenários realizados nos dias 27 e 28 de Setembro.

Após estas reuniões, «foi enviado ofício à administração [da Somincor] com o abaixo-assinado subscrito pela maioria dos trabalhadores, onde os mesmos reivindicam a manutenção do horário de entrada atual para os trabalhadores da área da mina».

Quanto aos trabalhadores da lavaria, o STIM reconheceu que nada tem a opor a que o horário de entrada «seja ajustado para a proposta da empresa».

«É pois incompreensível que a empresa não atenda a maioria dos trabalhadores, o que revela a sua total falta de vontade a que os trabalhadores possam ter uma melhor conciliação da sua vida profissional com a sua vida pessoal», pode ler-se no comunicado.

O STIM lembrou ainda «que o horário de entrada atual foi escolhido pela maioria dos trabalhadores em 2019, numa votação levada a cabo pela empresa, aquando da alteração do tempo de jornada de trabalho que passou para as 10 horas e 42 minutos no fundo da mina».

«É pois incompreensível que a empresa venha agora alterar os horários de entrada acordados, sem qualquer consulta aos trabalhadores da área da mina e, sobretudo, sem qualquer razão plausível», afirmou o STIM.

No comunicado, a estrutura sindical lamentou também o impacto que a alteração dos horários de entrada na mina «terá nas comunidades próximas e envolventes, com os disparos a serem efetuados às 6h30».

Tudo isto levou o STIM a exortar os trabalhadores de Neves-Corvo «a encetarem todas as formas de luta que levem a administração a alterar a sua decisão e repor a justiça».

Contactada pela Lusa, a administração da Somincor confirmou, em resposta por escrito, ter decidido alterar o início dos turnos da lavaria e da mina «para um início único, uniforme e coordenado».

«Esta alteração também foi comunicada às comunidades envolventes, em duas reuniões que tiveram lugar no dia 30 de setembro, não tendo estas manifestado qualquer reação negativa», acrescentou.

Propriedade da multinacional sueco-canadiana Lundin Mining, a Somincor é a concessionária da mina de Neves-Corvo, que produz, sobretudo, concentrados de cobre e de zinco, assim como prata e chumbo, e onde trabalham cerca de 2.000 pessoas.

No ano passado, foram produzidas em Neves-Corvo um total de 108.812 toneladas de zinco e 33.823 toneladas de cobre, segundo o relatório de produção de 2023 e perspetivas para o triénio 2024-2026 divulgado pela Lundin Mining.

Em Julho, a Somincor confirmou “a existência de contactos exploratórios” para a venda da sua operação em Portugal.

Comentários

pub