O “Ciclo de Arte e Comunidade” com o tema “Práticas para o Desaceleramento”, começa esta terça-feira, dia 22 e prolonga-se até 26 de Outubro, no Teatro das Figuras, em Faro.
O primeiro evento será a conferência “El don de la siesta” com Miguel Ángel Hernández, e acontece esta terça-feira, dia 22, às 21h00 no foyer do Teatro das Figuras.
Este ciclo convida as comunidades locais a participar numa residência com a respetiva apresentação pública, numa conferência e numa oficina, que contempla a
apresentação de um livro sublinhando a relevância da participação e da arte no aprofundamento de uma outra relação com o tempo e o espaço – uma relação desacelerada.
As atividades do ciclo têm todas participação gratuita.
O ciclo tem curadoria de Hugo Cruz, criador, programador cultural e investigador.
Programa:
Conferência “El don de la siesta” com Miguel Ángel Hernández
22 de Outubro, terça-feira, 21h00
Foyer do Teatro das Figuras
Associado à preguiça e ao ócio, o cochilo contraria um dos princípios fundamentais do mundo moderno: o impulso produtivo. Nos últimos anos, no entanto, esse hábito se tornou uma ferramenta central de produtividade, uma rotina saudável, um imperativo de bem-estar e até mesmo uma prática legal, vendável e consumível. Perante esta capitalização do sono, este livro, a meio caminho entre o ensaio e a memória, defende a sesta como arte da interrupção. Um acontecimento excessivo capaz de parar e transformar o ritmo descontrolado do presente.
Oficina “Para quê participar? Arte, Paticipação e política”
23 de outubro, quarta-feira, das 9h00 às 12h00
Esta Oficina, dinamizada por Hugo Cruz, propõe introduzir criticamente a temática das práticas artísticas participativas e comunitárias. Neste espaço serão convocadas experiências e investigações desenvolvidas nos últimos anos, discutindo-se os elementos fundamentais destas práticas, assim como as suas potencialidades/fragilidades e a ligação à participação cívica e política.
A Oficina contempla, ainda, uma breve abordagem: às noções de cultura e participação; ao desenvolvimento histórico das práticas artísticas participativas e comunitárias; e à qualidade da participação cultural e artística Após a oficina, terá lugar a apresentação e um momento de discussão em torno do Livro
“Práticas Artísticas, Participação e Política”, com Hugo Cruz e Ana Baião (Universidade do Algarve).
Residência “Temos nós também direito à preguiça?”
23 a 26 de outubro
Escola Superior de Educação e Comunicação, Universidade do Algarve
Partindo da ideia de que necessitamos de tempo para contemplar nas nossas vidas e da obra “O direito à preguiça” de Paul Lafargue esta residência propõe um mergulho no espaço e tempo da “paragem” nos nossos quotidianos.Apesar da ideia negativa generalizada sobre a preguiça, é inclusivamente considerado um dos pecados mortais, esta residência pretende explorar a necessidade urgente e preciosa de “preguiçar ” como uma respiração possível ao excesso produtivo a que, de uma forma ou de outra, estamos expostos.
Vivemos para trabalhar? Ou trabalhamos para viver? Como podemos construir um lugar e vivê-lo sem nos limitarmos à dimensão do trabalho nas nossas vidas? Os dias do presente precisam rever modos de fazer, estar e ser.
Para que tal possa acontecer é, também, necessário parar e contemplar e consequentemente imaginar um outro lugar. Que espaços existem nos lugares que habitamos para a vida para além do trabalho? Podem os territórios também, ter, direito à preguiça para que possam reinventar-se enquanto lugares?
Desta residência resultará um espetáculo que será apresentado ao público no dia 26 de outubro, a partir das 19h00, num roteiro itinerante pela cidade.
Conceção e direção artística: Hugo Cruz
Direção Musical: Artur Carvalho
Direção de Produção: Simone de Almeida
BiografiasHugo Cruz
Criador, programador cultural e investigador no CIIE – Universidade do Porto e CHAIA Universidade de Évora.
Desenvolve a sua ação no espaço da criação artística e participação cívica e política entre Portugal, Brasil e Espanha.
Enquanto criador tem trabalhado em escolas, prisões, bairros sociais, centros comunitários, fábricas, casas do povo entre outros. Diretor artístico do MEXE_Encontro Internacional de Arte e Comunidade.
Leciona com frequência em diversas instituições de ensino superior nacionais e internacionais. Coordenou os livros “Arte e Comunidade” (2015) e “Arte e Esperança”
(2019) editados pela Fundação Calouste Gulbenkian, entre outras obras.
Consultor em programas de “Arte e Participação” e “Criação em espaço público” no contexto de distintos municípios. Avaliador externo da Iniciativa PARTIS (Práticas Artísticas e Inclusão social) & Art for Change das Fundações Calouste Gulbenkian e La Caixa.
Autor do livro “Práticas Artísticas, Participação e Política” editado pelas Edições Colibri em Portugal e pela Hucitec no Brasil.
Miguel Ángel Hernández
Miguel Ángel Hernández (Múrcia, 1977) é professor de História da Arte na Universidade de Múrcia.
Foi diretor do CENDEAC (Centro de Documentação e Estudos Avançados de Arte Contemporânea) e Research Fellow do Clark Art Institute (Williamstown, Massachusetts).
É autor dos livros de contos Cuaderno […] duelo (2011) e Infraveve: o que resta no espelho quando você deixa de se olhar (2004). Seus microcontos, publicados na plaqueta Tarde demais para voltar (2008), aparecem em Por favor, seja breve 2 (2009) e Antologia do microconto espanhol (1906-2011) (2012).
Entre seus livros de ensaio e crítica de arte, destaca-se Materializar el pasado. The Artist as (Benjaminian) Historian (2012), Robert Morris (2010), The Shadow of the Real: Art as Vomitorio (2006) e a edição de Art and Visibility in Migratory Culture (2012, com Mieke Bal).
Colabora regularmente com diversas revistas nacionais e internacionais de arte e cultura visual e, desde 2006, mantém o blog No(ha)lugar (nohalugar.blogspot.com).
Sobre a sua narrativa escreveu-se: «Uma sensibilidade esplêndida e alguns ecos narrativos –Blanchot, Beckett, Bernhard–da mais alta ordem» (Ricardo Menéndez Salmón, Numerocero.es); “Há pensamento e humanidade, algumas páginas onde a ambição foi largamente recompensada pela realização” (Javier Moreno, Quimera); “Um texto do mais alto valor literário, sugestivo, vigoroso, cheio de lirismo” (José Belmonte, Ababol). «Uma sensibilidade esplêndida».