A peça de teatro “Memórias de uma Falsificadora”, que evoca a vida de Margarida Tengarrinha ao longo do período em que viveu na clandestinidade (1954-1974), pode ser vista ainda este mês nos concelhos de Odemira e de Monchique.
O espetáculo, com adaptação e encenação de Joaquim Horta, vai ser apresentado no Cineteatro Camacho Costa, em Odemira, a 26 e 28 de Setembro, e na Casa do Povo de Alferce, em Monchique, a 27 de Setembro, anunciou em comunicado a cooperativa Lavrar o Mar.
Com interpretação de Catarina Requeijo, a peça de teatro é inspirada no livro com o mesmo nome, “Memórias de uma Falsificadora”, de Margarida Tengarrinha, que nasceu em Portimão, no distrito de Faro, a 7 de Maio de 1928.
Em 1955, três anos após aderir ao Partido Comunista Português (PCP), a jovem estudante de Belas Artes Margarida Tengarrinha passou à militância clandestina, ao lado do seu companheiro José Dias Coelho.
Ambos artistas, eles são incumbidos pelo PCP de falsificar documentos que garantissem a segurança de outros camaradas e resistentes à ditadura salazarista.
Segundo a apresentação do livro, “a dura experiência na clandestinidade vivida por Tengarrinha enquanto militante comunista, mulher, esposa e mãe de dois filhos, deu origem ao livro ‘Memórias de uma Falsificadora – A luta na clandestinidade pela liberdade em Portugal’”.
Para a cooperativa cultural Lavrar o Mar a apresentação desta peça de teatro “é uma oportunidade de recordar a História recente de Portugal e lembrar que nem sempre vivemos em democracia”.
Margarida Tengarrinha morreu em Outubro do ano passado, aos 95 anos. Participou nas lutas estudantis de 1949 e 1954 em Lisboa, tendo sido membro da direção Universitária do MUD Juvenil, antes de aderir ao PCP aos 24 anos.
Após o assassinato do seu companheiro José Dias Coelho por agentes da PIDE, em Lisboa, em 1962, Margarida Tengarrinha saiu do país, tendo estado em Moscovo e trabalhado na Rádio Portugal Livre, que emitia a partir de Bucareste, na Roménia. Em 1968, regressou a Portugal e à clandestinidade, tendo participado na redação do “Avante!” e do jornal “A Terra”.
Após o 25 de Abril, foi membro do Comité Central do PCP, de Maio de 1974 a 1988. Foi deputada à Assembleia da República, nas III e IV legislaturas. Em 1986, fixou-se na sua terra natal.
Ao longo dos anos, Margarida Tengarrinha publicou diversos livros sobre pintura, cultura popular e sobre a sua experiência e intervenção enquanto funcionária do PCP.
Em 2023, a realizadora Maria Mire estreou o documentário “Clandestina”, que tem como ponto de partida a obra “Memórias de Uma Falsificadora – A Luta na Clandestinidade pela Liberdade em Portugal”, e que foi premiado este ano no Porto Femme Festival.
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