Quatro cofres de pesca, uma teia com outros sete cofres, um cabo com 20 metros e outros objetos de pequena dimensão, num total de mais de 50 quilos de detritos. Este é o resultado da manhã de limpeza subaquática no Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado, promovida pela Câmara Municipal de Lagoa, este sábado, 21 de Setembro, Dia Internacional da Limpeza Costeira.
Fonte da organização revelou ao Sul Informação que detritos de «maiores dimensões», entre eles «redes, cabos e teias maiores» que a recolhida, «ficaram assinaladas para serem recolhidas mais tarde».
Esta ação de limpeza subaquática, que contou com 16 mergulhadores, bem como uma equipa de apoio de sete pessoas, e várias embarcações, uma das quais de pesca, incidiu sobre «uma área específica do Parque Natural Marinho, ao largo do concelho de Lagoa». O seu objetivo era, precisamente, «a remoção de artes de pesca perdidas».
Esta atividade foi uma parceria do Município de Lagoa, com o ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), o CCMAR (Centro de Ciências do Mar do Algarve), a Fundação Oceano Azul, a AMN (Autoridade Marítima Nacional), o ISN (Instituto de Socorros a Náufragos) e o PortiSub (Clube Subaquático de Portimão).
Antes do início, que teve lugar pelas 9h00, na zona ribeirinha de Ferragudo, junto ao abrigo do ISN, representantes da Câmara de Lagoa, do ICNF, CCMAR e Fundação começaram por fazer o enquadramento, partilhando com os participantes as suas visões para a importância da conservação deste valioso biótopo.
A mesma fonte da autarquia acrescentou que o objetivo é que esta limpeza subaquática do Parque Marinho venha a ter uma «periodicidade anual, de forma a contribuir para restaurar a beleza natural subaquática do recife, evitar a proliferação de plásticos, microplásticos e outros poluentes, bem como ajudar a impedir a pesca fantasma de redes e armadilhas abandonadas favorecendo a recuperação da biodiversidade do ecossistema».
O evento foi, antes de mais, um momento de partilha de experiências entre os participantes, investigadores e responsáveis pela gestão desta área marinha protegida, fortalecendo a colaboração entre as várias pessoas e entidades envolvidas na conservação da natureza e do oceano.
Mas esta não foi a única ação de limpeza dirigida à zona da Pedra do Valado, o maior recife natural da costa sul portuguesa, recentemente classificado como Parque Natural Marinho.
Assim, a Praia dos Pescadores, em Armação de Pêra, frente à Pedra do Valado, foi também alvo de uma ação de limpeza no sábado, dia 21.
A iniciativa foi organizada pelo Município de Silves, com apoio da representação da Comissão Europeia em Portugal, em conjunto com a Fundação Oceano Azul e o Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal.
No mesmo âmbito, o Centro Europe Direct Algarve promoveu dois workshops temáticos com parceiros do projeto Lixarte. A SOMAR – Associação de Conservação Marinha e Bioacústica vai animar o workshop AnimaLixo marinho. O projeto SOS Planeta oferecerá a versão portuguesa da canção do movimento Fridays for climate.
O Dia Internacional da Limpeza Costeira é uma iniciativa global que ocorre anualmente no terceiro sábado de setembro, mobilizando associações, movimentos de cidadãos, entidades, empresas e escolas numa vasta onda de limpezas costeiras.
O lixo marinho representa uma séria ameaça para a biodiversidade, para a saúde humana e para a economia. Cerca de 80% do lixo encontrado nos ecossistemas marinhos tem origem em atividades humanas em terra e apenas cerca de 20% provém de atividades diretamente ligadas ao mar.
As ações de limpeza e monitorização de lixo nas praias são fundamentais para sensibilizar a população quanto à dimensão deste problema.
Este ano, a Fundação Oceano Azul, com o apoio da Comissão Europeia no âmbito da iniciativa #EUBeachCleanUp, incentivou organizações nacionais a realizarem atividades de limpeza, motivando assim a participação da sociedade civil.
Em 2023, o evento contou com mais de 10.000 voluntários, 450 ONGs e entidades nacionais, resultando na recolha de 37 toneladas de lixo em mais de 250 ações de limpeza.
Ação em terra, na Ribeira do Cadoiço
Porque o mar começa bem longe, em terra, a Associação Almargem, em parceria com a Câmara Municipal de Loulé, organizou ontem, domingo, dia 22, entre as 8h30 e as 10h30, uma ação de voluntariado para limpeza das margens e leito (onde possível) da Ribeira do Cadoiço, em Loulé.
Esta iniciativa visou limpar os detritos que se encontravam neste local, protegendo este que é um habitat de várias espécies.
A Ribeira do Carcavai, com origem no Cerro da Cabeça Gorda (Barrocal), tem cerca de 19 quilómetros de extensão, desaguando no limite sudeste da recentemente criada Reserva Natural Local da Foz do Almargem e do Trafal.
Na zona de Loulé, cidade atravessada por um dos ramos da ribeira, ela é conhecida por Cadoiço, referindo-se estes termos a canais, pegos ou covas abertos por águas revoltas nas rochas do leito de uma ribeira.